pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Editorial: Geraldo Vandré na Av. Paulista
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segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

Editorial: Geraldo Vandré na Av. Paulista

Crédito da Foto: Léo Caldas, revista Veja. 


A vida sempre nos reservando algumas boas ou más surpresas. Produzindo um texto ficcional sobre o escritor tcheco Franz Kakfa, passamos a ler uma série de ensaios, dissertações e teses de doutorado sobre a obra do escritor. Fazia algum tempo que não líamos nada sobre o saudoso Carlos Nelson Coutinho, considerado pelo liberal José Guilherme Merquior como o melhor ensaísta marxista do país. Foi assim que ele ficou conhecido e partiu para a eternidade, sem antes deixar de passar no auditório do Programa de Mestrado e Doutorado da UFPE, à época, coordenado pelo amigo professor Michel Zaidan Filho. 

Auditório lotado, com gente em pé para ouvir o grande pensador marxista brasileiro. O que não sabíamos é que Carlos Nelson Coutinha tinha alguns estudos sobre a obra do escritor tcheco, sendo tratado pelos analistas, também, como um crítico literário. Isso vem a propósito de uma música do compositor paraibano, Geraldo Vandré, cantada na Paulista durante a concentração que reuniu um grande número de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. A música é: "Para não dizer que não falei das flores". De fato, sim, essa música embalou os protestos contra a ditadura militar em década do século passado, foi censurada e seu autor precisou amargar um exílio forçado.  

A estranheza aqui, quando cantada pelos bolsonaristas radicais, se dá pelo fato de eles não serem, digamos assim, muito afeitos aos processos democráticos. É bom que se diga, no entanto, que o compositor, depois de um determinado período, negou qualquer intenção de ter composto a música com tal finalidade. Com a idade já avançada, ao regressar do exílio, passou a viver uma vida modesta com a sua irmão, em São Paulo. Neste período, inclusive, compôs uma música para a Aeronáutica, "Fabiana", muito festejada entre os integrantes da força. Neste caso, talvez possamos ensejar que os bolsonaristas erraram apenas a melodia. 

Há muitas especulações em torno do comportamento do compositor sobre sua relação com aquele período de obscurantismo que o país enfrentou nos anos 60. Assim como não sabíamos da vertente de crítico literário de Carlos Nelson Coutinho, igualmente também não há porque demonstrar grande estranheza quando observamos bolsonaristas radicais entoando as músicas do controverso compositor paraibano. Na imagem acima, cujos créditos pertencem ao pessoal da revista Veja, o compositor aparece nas imediações do Hotel Tambaú, no bairro de Tambaú, em João Pessoa, que se encontra em reforma.     

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