pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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segunda-feira, 25 de agosto de 2025

Editorial: Tropa de choque do Governo na CPMI do INSS.

 



A Oposição comemora até hoje a mudança na composição da CPMI do INSS, quando conseguiu reverter uma tendência favorável ao Governo. Os oposicionistas jogam todas as fichas nesta CPMI, numa expectativa que sugere ir além de um mero desgaste do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Lula recupera seus índices de popularidade em meio às tormentas internas e externas. Algumas dessas ondas, aliás, ajudaram o petista a recuperar seus índices de popularidade, como a guerra diplomática com o Governo Trump. Diferentemente da CPI do MST, que era algo mais específico e pontual, a CPMI do INSS é bem mais ampla e promete holofotes e investigações que podem causar um dano de imagem bem maior ao Governo. 

Os governistas já fizeram sua mea culpa em relação à derrota sofrida. Tivemos o oba oba de já ganhou, desatenção, desarticulação e até boicote, como o corpo mole de alguns parlamentares, como que desejando passar um recado ao Governo. Nos últimos dias, o Governo Lula tratou de lavar as roupas sujas e recompor a tropa, após reuniões tensas, onde a estratégia foi praticamente definida. O próprio Lula conversou a respeito com seus auxiliares. Quem comandará a tropa é o deputado federal pelo Rio Grande do Sul, Paulo Pimenta, ex-Ministro das Comunicações. Não consideramos que foi uma boa escolha, mas agora a ordem é conter os danos, evitando exposições de alguns atores, entre eles o Frei Chico, irmão de Lula. 

Os trabalhos da CPMI do INSS começam amanhã, 26, pela manhã. Nesses primeiros dias, o senador Carlos Viana, Presidente da Comissão, se encarregará de definir as diretrizes de trabalho e aprovar requerimentos de convocações. Pelo andar da carruagem política, será muito improvável a blindagem de Frei Chico, o irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Outro nome certo é aquele careca que não gosta de ser chamado de careca, um verdadeiro arquivo vivo sobre a engenharia de corrupção utilizada pelos gatunos do erário. 

domingo, 24 de agosto de 2025

Editorial: Lula atinge melhor índice de popularidade desde janeiro.



Nada sugere que o mar revolto fique mais calmo pelos próximos meses. Há um temor militar em relação às tropas americanas posicionadas no mar do Caribe; a CPMI do INSS que deve começar os trabalhos na próxima terça-feira; a reta final do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e a cúpula militar e civil que esteve envolvida na tessitura de mais uma tentativa de golpe de Estado fracassada no país. Tudo isso ainda não fosse suficiente, segundo uma pesquisa do Instituto Quaest, o eleitorado brasileiros esboça sinais de cansaço com esta polarização política entre lulistas e bolsonaristas. A expectativa boa é que este comportamento do eleitorado abre espaço para a viabilização de novas alternativas, o que seria bastante sadio, uma vez que a corda já está bastante esticada. 

A vitória de um nome distinto neste cenário poderia contribuir para atenuar essas tensões. A expectativa frustrante é que esta centrífuga polarizante já desmontou várias tentativas de rompê-la. E, por falar no Instituto Quaest, seus pesquisadores chagaram a alguns números sobre a popularidade de Lula com o potencial de fazer cócegas no Planalto. Lula nunca esteve tão bem em relação à popularidade desde janeiro. Pelo menos nos índices apurados pelo Instituto. Agora em agosto, 20, 46% aprovam e 51% desaprovam. Se analisarmos a série histórica da pesquisa a partir de janeiro, vamos concluir que a boca do jacaré está se fechando, ou seja, mantida a tendência, é possível que os índices de aprovação superem o de desaprovação. 

Vários fatores devem ter contribuído para essa melhora de índices de popularidade do Governo Lula 3, mas o próprio instituto comprova que a briga diplomática com o Governo americano deu a sua contribuição inestimável. Estávamos dando uma olhadinha nos jornais, mas desistimos. A tônica de hoje é um par de tênis que Lula acabou exibindo para fazer uma analogia com a tornozeleira usada por um ex-presidente. Pois bem. Foram investigar o valor do tênis usado e chegaram à conclusão de que ele custa no mercado a bagatela de mais de oito mil reais. 

Editorial: Os problemas de infraestrutura para a COP 30.



O Governo Lula 3 enfrenta sérias dificuldades com relação à realização da COP 30 em Belém, Pará, prevista para ocorrer em novembro. Várias delegações de países convidados já manifestaram até publicamente a insatisfação em relação aos preços praticados pelos hotéis e residências da capital, algo absurdamente impraticável, como vem sendo denunciado pelos internautas nas redes sociais. Os sites de hospedagem já teriam sidos advertidos sobre o problema e a própria ONU já teria sugerido ao Brasil bancar as despesas de hospedagem dos participantes, algo já recusado pelo Governo brasileiro. Soma-se a isso os problemas de infraestrutura básica, além das limitações da rede de restaurantes da cidade. 

Como se tudo isso ainda não fosse suficiente, há sérias dificuldades com a segurança pública, como limitações de efetivo e delegacias de polícia sucateadas. Há alguns ingredientes políticos evidentes nessas escolhas, mas, desta vez exageravam na dose, assim como ocorreu com a Copa do Mundo que o país sediou em 2014, que só produziu transtornos, obras paradas até hoje e vultosas quantias de dinheiro público desviados em licitações fraudulentas. Aliás, o desvio de recursos públicos é algo comum a esses megaprojetos. Não há nenhum deles onde, no final, não apareçam os desmandos com o erário. 

Nos escaninhos da política comenta-se sobre a possibilidade de uma eventual chapa à reeleição de Lula compondo com um representante da família Barbalho, em 2026, em caso do MDB apoiar o projeto de Lula, algo muito pouco provável, pelo andar da carruagem política. Hélder Barbalho, naturalmente, tenta aparar as arestas das dificuldades e reafirmar que a capital do estado reúne as  condições necessárias para sediar um evento desta magnitude. Está no seu papel.  

sábado, 23 de agosto de 2025

O xadrez político das eleições estaduais de 2026 em Pernambuco: Raquel precisa convencer o eleitorado que aprova o seu governo sobre a necessidade de renovação do contrato de locação do Campo das Princesas.


Possivelmente os passos do prefeito João Campos estão sendo orientados por pesquisas internas que indicam o caminho a seguir para conquistar o Palácio do Campo das Princesas em 2026. Em meados da década de 80, quando o PT foi fundado aqui em Pernambuco, os adversários dessa nova agremiação partidária argumentavam que os espaços de esquerda já estavam perfeitamente definidos no estado, o que desestimularia a criação de uma nova legenda. A despeito das opiniões em contrário, o PT foi fundado. Há pouco estávamos lendo uma matéria no Jornal do Commércio com o diretor do Instituto Quaest, Guilherme Russo. Primeiro é preciso reconhecer que Guilherme fala com bastante conhecimento de causa sobre a política pernambucana, recordando a histórica trajetória de Recife como uma cidade cruel, nas palavras do ex-governador Agamenon Magalhães. Cruel para a direita, registre-se.

Há uma tradição de voto de esquerda no Recife. Guilherme Russo faz alusão ao fato para inferir que o campo de esquerda no estado hoje se encontra sob a hegemonia absoluta ( ou quase?) do prefeito João Campos. João, além de manter controle deste espaço, ainda sinaliza para Lula sobre a conveniência de compor com o centro em relação às eleições para o Senado Federal, talvez em razão dos nomes que orbitam em seu staff político como eventuais candidatos ao cargo em sua chapa. Assim, apara as arestas com o Planalto, caso tenha que agregar forças do centro-direita em suas composições. João sabe, igualmente, que mesmo numa situação que poderá vir a ser adversa no plano nacional, Lula mantém o seu capital político no estado onde nasceu. É como se ele fechasse o circuito da esquerda, não permitindo espaço de negociações entre o Planalto e o Governo de Raquel Lyra. Este arranjo é um ponto positivo para a viabilização do nome de Humberto Costa como candidato ao Senado Federal na chapa de João Campos, uma vez o morubixaba petista poderia influir na escolha do seu principal escudeiro no estado. 

A direita, por outro lado, esboça a possibilidade de lançamento de um candidato ao Palácio do Campo das Princesas, embora, por razões conhecidas, a prioridade seja mesmo o Senado Federal. Com esta polarização consolidada, o nome da direita cumpriria apenas um papel olímpico, com escores hoje não superiores aos 6% das intenções de voto, de acordo com a última pesquisa do Instituto. Neste caso, tanto Raquel quanto João lutariam por amealhar este eleitorado conservador no estado, até de matriz bolsonarista, como já demonstraram nas últimas eleições que disputaram. Em linhas gerais, o Governo de Raquel Lyra é bem avaliado pelo população do estado, atingindo escores de 51% positivos. Áreas como educação são bem avaliadas, embora, sem nenhuma surpresa, a segurança pública, o grande tema de 2026, esteja produzindo estragos de imagens em todos os governantes pelo país. Somente Ronaldo Caiado, governador de Goiás, que endureceu o jogo, goza de grande popularidade junto à população. Ronaldo Caiado, inclusive é candidato à Presidência da República. Na área de segurança pública ela precisa ficar atenta a um cinturão perigoso de insegurança que está se formando na Região Metropolitana do Recife, área onde seu principal adversário tem grande penetração em função de uma bem sucedida estratégia de comunicação institucional. 

O problema é o hiato ou distância entre considerar que a gestão é boa, mas talvez haja dúvidas entre esses eleitores em credenciá-la a um segundo mandato. A questão aqui é decifrar este enigma, algo que poderia ser identificado através de pesquisas qualitativas. Não apenas decifrá-lo, aliás, mas conseguir credenciar-se junto a este eleitorado sobre a necessidade de renovação do seu contrato de locação com o Palácio do Campo das Princesas. Raquel traz no DNA a couraça política da família Lyra, deverá sobreviver às intempéries, tem muitas entregas pela frente e deve equilibrar este jogo até outubro de 2026.  

sexta-feira, 22 de agosto de 2025

Editorial: Estadão sugere em editorial que chegou o momento de abjurar o clã Bolsonaro.


Não seria de hoje que amplos segmentos do conservadorismo brasileiro já entenderam que é preciso uma certa cautela ao embarcar na canoa do bolsonarismo, principalmente em relação ao seu núcleo mais radical, com predisposição suficiente para romper as fronteiras da institucionalidade. Desde os seus primeiros movimentos que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, um ator político já devidamente "verificado" pela Faria Lima, mantém os laços afetivos com o seu tutor político, mas evita assumir uma postura política que possa se constituir numa potencial ameaça ao sistema. Sabe que seria vetado na largada. Radicalidade mesmo apenas no aspecto econômico, onde assume uma postura francamente privatista, bem ao gosto do mercado. 

Tarcísio aguarda uma sinalização definitiva do ex-chefe para assumir qualquer compromisso com uma pré-candidatura, prudência que não tiveram os governadores de Goiás, Ronaldo Caiado, e Romeu Zema, de Minas Gerais, que já estão com a pré-campanha nas ruas. Ratinho Junior ainda não oficializou, mas é apenas uma questão de tempo. Conta com o aval de Gilberto Kassab, Presidente Nacional do PSD, que deverá ditar o momento certo, se e somente se, Tarcísio abrir da parada e não entrar no páreo. O último indiciamento de membros do clã Bolsonaro, o ex-presidente e um dos filhos, contingenciou o STF a liberar os áudios das gravações de celulares obtidos pela perícia da Polícia Federal. 

Nada do que foi revelado, de uma certa forma, já não se sabia, pois cansamos de afirmar por aqui que alguns atores políticos que clamam por anistia aos que participaram da tentativa de golpe de Estado do 08 de janeiro não estavam nenhum pouco preocupados com o destino daqueles incautos arrolados ou induzidos ao badernaço do 08 de janeiro. Ocorreram algumas lavagens de roupa suja, como as explicações sobre os adjetivos usados nos áudios, mas, o importante mesmo é que o que está em jogo, ou seja, uma tessitura para livrar o ex-presidente das punições que deverão ser aplicadas em razão de sua eventual participação na tentativa de golpe de Estado. As manobras chegaram a um nível que podem ser enquadradas naquilo que se denomina de "obstrução", que também tem suas implicações legais. 

Os historiadores e cientistas políticos já firmaram uma posição de que o golpe de Estado de 1964 foi urdido pelo menos 10 anos antes, ou seja, na década de 50 as forças conservadoras já integravam esforços para evitar as reformas de base. Para este entendimento, são emblemáticos os embates travados entre o ex-superintendente da SUDENE - Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste - Celso Furtado, e o sociólogo pernambucano, Gilberto Freyre. O resto é História, mas fica sempre o alerta de que eles estão, a todo tempo, afinando a orquestra. O jornal paulista sugere que já chegou o momento das forças do campo conservador abjurar o clã Bolsonaro. 

Editorial: Novas fraudes no programa "Farmácia Popular".



Uma CPMI sob o controle absoluto da Oposição não podia dá noutra coisa: dores de cabeça para o Governo Lula 3. Segundo levantamento divulgado pela coluna Diário do Poder, já são mais de 300 requerimentos apresentados e os trabalhos, a rigor, só começam na próxima terça-feira, dia 26. A expectativa é grande em torno do assunto. José Ferreira da Silva, Frei Chico, irmão de Lula, já superou até mesmo aquele "careca" que não gosta de ser tratado como "careca". Acompanhamos de perto o trabalho dessas comissões, principalmente pelo aprendizagem que elas possibilitam. Na CPI sobre o MST, por exemplo, tivemos várias aulas sobre a reforma agrária no país, tema de preocupação até mesmo entre os militares que assumiram o poder a partir de 1964. Por ali deu para se ver que alguns problemas estruturais relativos às diversas iniciativas de políticas públicas nesta área não podem ser avaliados apenas pela lente da ideologia. 

O país tem algumas dívidas que nossas elites nunca permitiram que fossem saldadas. A reforma agrária é uma delas. Outro aspecto importante é observar como andam as tecnologias ilícitas usadas por essas quadrilhas no tocante aos desvios dos recursos de nossos impostos. Não faz muito tempo, a Polícia Federal empreendeu uma ação de busca e apreensão no estado da Paraíba, onde foram apontados indícios de fraudes com o Programa Farmácia Popular. Estimou-se à época um rombo superior aos R$ 40 milhões de reais. No caso da Paraíba, o mais curioso era a existência de endereços de farmácias localizadas até em terrenos baldios. Hoje tomamos conhecimento de novas fraudes, desta vez em Minas Gerais, onde, de acordo com as investigações da PF, da Controladoria Geral da União e até de uma auditoria interna do próprio Ministério da Saúde, os gatunos do erário estavam registrando medicamentes "entregues" que não chegavam às mãos dos beneficiários fictícios. 

Fraudes no Brasil nunca foram uma novidade. O país continua sendo um dos mais corruptos do mundo, com ligeiras variações aqui e ali. Neste momento, por exemplo, estamos em alta, com a ascendência desses índices. O que os investigadores devem ficar atentos é sobre o modus operandi dessas quadrilhas, quase sempre muito semelhantes, independentemente do objeto do desvio. As fraudes constatadas na região Norte em relação aos recursos do seguro defeso, por exemplo, é similar ao que ocorreu no INSS e a um programa que o Ministério do Desenvolvimento e Segurança Alimentar mantinha com ONG's que tinham como objetivo o fornecimento de refeições. Algumas dessas ONG's funcionavam em endereços inexistentes e inflacionavam o número de refeições "oferecidas". Uma delas foi descredenciada aqui em Pernambuco. 

quinta-feira, 21 de agosto de 2025

Editorial: Qual o destino de Ciro Gomes?

Crédito da Foto: Thiago Gadelha. 


Numa entrevista onde foi bastante sincero - característica marcante de sua personalidade - o ex-ministro Ciro Gomes argumentou que não mais aspirava disputar nenhuma eleição, sobretudo depois que perdeu em seu próprio estado quando candidato à Presidência da República. Ciro Gomes é um dos grandes quadros políticos que o país possui. Preparado, correto, corajoso e preocupado em ajudar o Brasil. Uma pena que o eleitorado tenha estabelecido uma birra com o cearense, que não o permite ultrapassar a barreira dos 12% do eleitorado,  mesmo com o esforço hercúleo da última campanha presidencial. Nos últimos meses, no entanto, dizem que por influência do dileto amigo Tasso Jereissati, seu nome voltou a ser sondado para retomar a batalha pelo voto, numa articulação, em princípio, para tentar conduzi-lo de volta ao Palácio da Abolição. 

O enredo, em princípio, passaria pelo ninho tucano, o Podemos, quem sabe até com o apoio de bolsonaristas locais. Estaria em jogo uma nova candidatura presidencial? ao Governo do Estado do Ceará? Todas as possibilidade passaram a ser especuladas, sobretudo depois de seu encontro com gente graúda do centrão, quando consolidou-se a Federação União Progressista. Até mesmo uma candidatura a vice numa chapa liderada por Tarcísio de Freitas. Hoje líamos na coluna Diário do Poder, que ele poderia simplesmente ser candidato a deputado federal. Não deixam de ser curiosas essas movimentações, que voltaram a reanimar o político cearense. 

Assim como Pernambuco e a Bahia, o Ceará passa por um momento bastante delicado, com o avanço do crime organizado em diversas microrregiões e até em paraísos ecológicos como Jericoacoara, conforme matéria bem documentada realizada pela BBC. Isso está se tornando um grandiosíssimo problema. Caucaia, onde se localiza a belíssima praia de Cumbuco, tornou-se uma das cidades mais violentas do país. 

Editorial: O rolo compressor da Oposição sobre o Governo


São muitas as emoções, conforme preconiza o cancioneiro popular. Tropas americanas posicionadas no mar do Caribe; novo indiciamento de membros do clã Bolsonaro; pastores evangélicos enfurecidos; Ciro Gomes conversando com Deus e com os Diabos da política; clima de tensão na política pernambucana, depois da instauração de uma CPI para apurar um suposto "Gabinete do Ódio", conforme fizemos referência no dia de ontem. Em meio a esta tormenta, não podemos deixar de registrar por aqui as repercussões da derrota acachapante do Governo Lula 3 na composição da CPMI do INSS. A Oposição, depois de uma situação que já se dava como consolidada a favor do Governo, fez barba, cabelo e bigode, indicando o presidente e o relator dos trabalhos. 

A comemoração foi efusiva, como reflexo das tessituras que foram montadas para reverter uma situação francamente desfavorável à Oposição num primeiro momento, depois que Hugo Motta já havia indicado um relator de sua confiança e, por outro lado, Davi Alcolumbre, Presidente do Senado Federal, já havia construído um acordo, indicando o nome de Omar Aziz para a Presidência da Comissão. O senador Ciro Nogueira(PP-PI) e o deputado federal Sóstenes Cavalcante, líder do PL, não dormiram na noite anterior, articulando o tempo todo, contando os votos um a um e convencendo parlamentares a mudarem de posição. O Governo, literalmente, como admitiu o senador Randolfe Rodrigues, dormiu no ponto ou foi traído, conforme prefere o próprio Omar Aziz. Isso nos fez lembrar de um político pernambucano, Marco Maciel, que, segundo amigos e auxiliares mais próximos, nunca dormia em serviço, principalmente quando estivesse em jogo uma articulação política dessa magnitude. 

O desespero tomou c0nta do governo, por razoes óbvias. O relator, o deputado federal alagoano, Alfredo Gaspar, inclusive, possui uma larga experiência de atuação no judiciário. O rumo dos trabalho será ditado exclusivamente pela Oposição, o que pode produzir grandes desgastes para o Governo Lula 3. Sabe-se que os problemas do INSS envolvem uma teia complexa de agentes públicos e entidades privadas, que agiram em conluio, algo que perpassa as ideologias do governo X ou Y. Trata-se de um problema de corrupção orgânica, estrutural, sendo inútil apontar unicamente este ou aquele governante de turno como o responsável pelas fraudes. Diferentemente da CPI do MST, esta CPMI do INSS tem um potencial de produzir estragos políticos bem mais danosos, conforme já enfatizamos. 

quarta-feira, 20 de agosto de 2025

Editorial: A licenciosidade dos gabinetes do ódio.



Aqui em Pernambuco está sendo instaurada uma CPI para a apuração de eventuais irregularidades existentes entre entes públicos e privados no que concerne à celebração de contratos de publicidade. Vamos deixar as investigações serem concluídas, antes de sairmos responsabilizando ou acusando A ou B sobre isto ou aquilo. O mais estarrecedor, no entanto, é que existe a possibilidade de estarmos lidando, mais uma vez, com os famosos "gabinetes do ódio", ou seja, estruturas montados dentro de órgãos públicos, mantidas com dinheiro público, com o propósito de disseminar mentiras sobre os desafetos deste ou daquele governante de turno. Essa prática abjeta se tornou comum depois que a mentira se tornou uma arma política utilizada para atingir os adversários, fragilizando-os nos embates, através de mecanismos técnicos sofisticados, a exemplo das big techs. 

Usar a mentira como arma política certamente é um expediente antigo, mas hoje ele se reveste de sofisticação, ancorado nas redes sociais, instalados em gabinetes luxuosos, mantidos com verbas poupudas. Quando não se tem nada, usa-se a "criatividade" para atingir os adversários. Em décadas atrás, numa eleição para o Palácio dos Leões, sede do Governo do Maranhão, "plantaram" que um dos candidatos ao Governo do Estado havia cometido um homicídio. Quando ele conseguiu se explicar, esclarecendo que tudo não passava de uma mentira, já havia perdido aquelas eleições. Até hoje existem atores políticos tentando esclarecer o público de que não se tratava de verdade as fake news que se espalharam sobre ele. Talvez seja inútil porque, por motivos até psicológicos, essas mentiras pegam mais do que fisgo de jaca. O ser humano parece se sentir "confortável" em ver o outro na desgraça. Já existe uma série de estudos tratando sobre este assunto, onde se explica porque as fake news são facilmente assimiladas, transformadas em verdades absolutas e incontestáveis. 

É curioso, mas as coisas funcionam mais ou menos assim: uma mentira dita sobre um desafeto, para mim torna-se verdade. Uma verdade, mesmo que desabonadora, dita sobre um amigo, possivelmente é concebida como mentira. Isso se espalhou no país como um rastilho de pólvora, a partir dos maus exemplos dos de cima, como que estimulando as práticas abomináveis dos guardas da esquina na outra ponta. No Brasil, infelizmente, embora essas práticas, em princípio, no início, possam ser  atribuídas à extrema direita, a verdade é que esses gabinetes do ódio se tornaram práticas comuns, independentemente da ideologia. Com esses procedimentos, no país passamos a sofrer de uma patologia institucional perigosa, capaz de produzir danos irreversíveis e irreparáveis aos atingidos. Se espalhou como câncer em estágio de metástase na burocracia pública, algo que não foi corrigido nem em gestões de corte republicano e, em tese, mais sensível aos direitos humanos. Não deve ser por acaso que 2024 foi o ano em que mais ocorreram afastamento de servidores de suas funções em razão de problemas de saúde. Disseminação de fake news e práticas assediadoras, nesses tempos bicudos, foram institucionalizadas. 

Editorial: Governo sofre derrota na composição da CPMI do INSS.


O Instituto Quaest\Genial divulgou no dia de ontem, 19, mais uma notícia boa para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Seus índices de popularidade continuam aumentando. Não faz muito tempo, realizando uma análise mais minuciosa sobre esses números, o cientista político pernambucano, Antônio Lavareda, concluiu que Lula ainda não atingiu os escores confortáveis para tentar uma reeleição. Lula cresce lentamente, como seria previsível num cenário como este, onde as adversidades se avolumam aqui e alhures. É preciso comer o mingua quente pelas beiradas, evitando se queimar. Lula, nordestino autêntico, conhece este adágio popular. 

No ringue interno, duas notícias negativas. A Oposição conseguiu reverter as indicações de Davi Alcolumbre e Hugo Motta para a presidência e relatoria da CPMI do INSS, o que significa, em última análise, uma derrota do Governo, uma vez que o senador Omar Aziz perdeu a presidência. Omar Aziz mantém uma certa independência, mas  sabe-se de sua identificação com o Planalto. O curioso neste caso - e que estava dando muito o que falar - é que tanto o presidente quanto o relator indicados anteriormente, não haviam assinado a petição. O governo, na realidade, sofreu uma dupla derrota. Assim que assumiu o cargo, o senador Carlos Viana, tratou de afastar o nome indicado anteriormente para a relatoria, nomeando o deputado federal Alfredo Gaspar para o cargo. Alfredo Gaspar é do União Brasil de Alagoas. Ambos são nomes de confiança da Oposição. 

Por falar no União Brasil, consolidou-se a Federação União Progressista, integrando este partido e o Progressistas. A tendência natural é oposição e desembarque, algo que produzirá consequências ainda mais preocupantes no tocante à governabilidade, uma vez que estamos falando da maior bancada de senadores e deputados federais. No plano internacional, as tropas do Tio Sam se movimentam perigosamente pela mar do Caribe, a pretexto de combater os carteis de drogas, algo que não convence o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, que já colocou de prontidão a sua Guarda Bolivariana. 

terça-feira, 19 de agosto de 2025

Editorial: Magnistky para mim. Magnistky para você.



A Lei Magnistky foi criada pelo Governo Barack Obama, em homenagem ao advogado dissidente russo Sergey Magnistky, supostamente morto sob tortura, nos porões da democracia iliberal russa. Diante dos últimos impasses políticos envolvendo o Governo Norte-Americano e o Governo Brasileiro, o Ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, foi certamente o primeiro brasileiro atingido pela medida. Diante do agravamento da situação, sugere-se que outros nomes possam integrar esta lista. Talvez a parte mais visível dos danos produzidos pelos atingidos por esta lei estejam relacionados a uma espécie de asfixia financeira, ou seja, recursos e bens bloqueados, impossibilidade de realizar transações financeiras com instituições bancárias que mantenham alguma relação com empresas dos Estados Unidos, coisas assim. 

No dia de ontem, 18, o Ministro Flávio Dino, determinou que uma lei americana para ter efeito no Brasil necessitaria de uma homologação no país, o que implicaria concluir que empresas brasileiras não podem aplicar tais restrições a cidadãos brasileiros. Trata-se, naturalmente, de uma questão juridicamente polêmica e politicamente com o potencial para ampliar as animosidades entre os dois países, como já se observou, no mesmo dia, através de uma postagem do Departamento de Estado Norte-Americano. A situação preocupa bastante, uma vez que a construção de um consenso mínimo entre os dois países está cada vez mais distante.  

No país vizinho, a Venezuela, o presidente Nikolas Maduro já mobilizou sua tropa de miliciano para defender o país frente a suposta ameaça de tropas americanas concentradas no mar do Caribe. Talvez ainda não haja motivação para tanto, mas trata-se de um bom momento para integrar a nação em torno de sua liderança. Ficamos impressionado mesmo foi com a quantidade de drogas que foram apreendidas por ocasião dessa operação americana no continente. É assustador o volume. 

Editorial: A estranha reaproximação de Lula com os Republicanos.



Uma velha raposa da política mineira dizia sempre que política é como as nuvens. Em determinado momento, elas sugerem algumas figuras agradáveis. Em outros, podem parecer monstros tentando nos devorar. Outra grande lição de política foi deixada pelo ex-governador de Pernambuco, Paulo Guerra, que assegurara que, neste jogo, não existem as palavras "nunca" nem "jamais". Depois das refregas na Câmara dos Deputados, os pronunciamentos do deputado Hugo Motta, presidente daquela Casa, têm demonstrado uma grande sintonia com o Executivo e com o Judiciário. Diante das circunstâncias, sugere-se que Lula tenha lido as sinalizações, traduzida na gratidão manifestada através de um jantar com os parlamentares da legenda. Como não existem refeições grátis, a comanda do jantar foi a PEC da Segurança, que o Governo Lula3 tem todo o interesse em ver aprovada, mas sabe das enormes dificuldades que enfrentará, principalmente junto à Bancada da Bala.  

O estranho neste caso é que estamos tratando aqui do partido do eventual principal oponente do candidato presidencial do Planalto nas eleições presidenciais de 2026, Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo. Entre os postulantes presidenciais da Oposição, embora "verificado" pela Faria Lima, Tarcísio tem sido um dos discretos, possivelmente preocupado em não arranhar sua gratidão e amizade com o ex-presidente Jair Bolsonaro, que, mesmo com enormes adversidades, ainda não autorizou um nome que possa substitui-lo na disputa. Nos bastidores, sugere-se até que Tarcísio de Freitas possa se desligar do Republicanos e filiar-se ao PL, credenciando-se melhor junto aos dirigentes da legenda e da família Bolsonaro. Está tudo muito confuso neste momento. O PL, por exemplo, estuda o que fazer com Eduardo Bolsonaro. 

Depois da tempestade produzida pelo motim protagonizado pelos bolsonaristas, que ocuparam a sua cadeira e impediram o andamento dos trabalhos na Câmara dos Deputados, Hugo Motta, sem alternativa, submergiu, mas agora anda voltando à superfície aos poucos, ainda sem o fôlego de antes, mas se ajustando à altitude política. Como se sabe, no apogeu da crise, o leme foi praticamente tocado pelo ex-presidente da Casa, o deputado federal alagoano, Arthur Lira. Um ônus político pesado para o jovem político paraibano. 

Charge! Thiago Lucas via Jornal do Commércio.

 


segunda-feira, 18 de agosto de 2025

Editorial: A candidatura de Zema.

Crédito da Foto: Hyndara Freitas. 


A notícia boa é que, durante evento corporativo, o vice-presidente, Geraldo Alckmin, apreciou bastante o café produzido na serra da Taquara, em Pernambuco, mais precisamente na cidade de Taquaritinga do Norte, que ainda hoje produz a variedade Typica, a primeira a ser introduzida no país. Segundo dizem, o café arábico produzido na cidade é um dos melhores do Brasil, servido nas melhores casas de degustação da região Sudeste. A notícia ruim é que a corda institucional continua bastante esticada, dividindo Governo e Oposição, de um lado, e até mesmo  Oposição e Oposição, um pouco aturdida em relação ao seu principal líder, Jair Bolsonaro, com poucas chances de viabilizar sua candidatura presidencial, mas ainda crente na capacidade do colega Donald Trump reverter tal situação. 

Até recentemente, um dos membros do clã Bolsonaro se manifestou de forma veemente em relação a essas movimentações de governadores de direita, que dão indicação de que seguem um caminho próprio, diante das adversidades que enfrenta Jair Bolsonaro. Na realidade, Jair Bolsonaro está sendo abandonado. Já temos duas candidaturas confirmadas e duas outras em processo de consolidação. Ontem foi a vez do governador de Minas Gerais, Romeu Zema, do Novo, confirmar sua pré-candidatura à Presidência da República. A plataforma é o antipetismo, aliada às vulnerabilidades do governo Lula 3, como a crescente onda de violência que assola o país, associada ao crime organizado. 

Ações policiais e crime organizado são duas questão que deixamos de tratar por aqui, mas é preciso apontar para a seriedade desta questão. Alguns estados da federação estão entrando numa fase de colapso, como é o caso da Bahia. Em Pernambuco está em gestação uma espécie de cinturão de insegurança pública na Região Metropolitana do Recife, em cidades como Cabo de Santo Agostinho e São Lourenço da Mata, em razão da presença ostensiva de facções do crime organizado. Segurança Pública é hoje o tema que mais preocupa os brasileiros e, certamente, dominará o debate público sobre as próximas eleições presidenciais. 

domingo, 17 de agosto de 2025

Editorial: De quem é a culpa pelo tarifaço?



O jornal Folha de São Paulo, em sua edição de hoje, 17, traz uma pesquisa bastante interessante acerca da culpa pela imposição do tarifaço do governo dos Estados Unidos sobre os produtos de exportação brasileiros. Em primeiro lugar, é prudente afirmar que, infelizmente, sugere-se que estamos diante de um impasse sem solução. Não se trata de um problema de diálogo, como alguns analistas sugerem. A questão é que o Governo Lula não irá ceder às exigências políticas implícitas nessas medidas, traduzidas na reabilitação política do ex-presidente Jair Bolsonaro. O julgamento do ex-presidente já está marcado para o início do próximo mês e, salvo melhor juízo, a possibilidade de condenação do núcleo crucial da tentativa de golpe de Estado será confirmada. 

Mesmo que o diálogo fosse aberto - sabe-se que o Governo Lula 3 até tentou inúmeras vezes - a proposta seria no campo econômico e não político. A narrativa de que Lula não se esforçou o suficiente é uma narrativa construída e plantada pela oposição. Como estamos vivendo na era das narrativas - da pós-verdade, portanto - uma mentira, quando maliciosamente concebida  e disseminada pelas big techs pode se constituir numa verdade absoluta, incontestável. É neste sentido que esta pesquisa da Folha de São Paulo deve trazer preocupações ao Palácio do Planalto. Afinal, para 35% das pessoas ouvidas, Lula é o culpado pela imposição do tarifaço. Juntos, Jair Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro somam 39%, um escore que, somados, supera o de Lula, mas, isoladamente, o ex-presidente é culpado para 22% dos entrevistados. 

As torcidas organizadas estão se digladiando pelas redes sociais, mas o assunto é muito sério. O Governo Lula 3 mostra uma preocupação crescente me relação a movimentação de tropas americanas no mar do Caribe, sob o argumento de combater os carteis de drogas na região. Como já havíamos previsto por aqui, as conversas entre Donald Trump e Vladimir Putin, com o propósito de encerrar a guerra na Ucrânia, acabaria por trazer uma solução ao conflito com prejuízo para Ucrânia. Tudo estaria ajustado no sentido de a Ucrânia ceder território para a Rússia. Resiliente, o presidente da Ucrânia já declarou que irá concordar com a "solução". 

sábado, 16 de agosto de 2025

Editorial: O julgamento de Jair Bolsonaro está marcado.



Na medida em que se aproxima o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, o governo dos Estados Unidos, através do presidente Donald Trump, parece dobrar a aposta na reabilitação política do ex-presidente. Ontem foi a vez do cancelamento do visto dos familiares do atual Ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Padilha não teria sido atingido porque o seu visto já estaria vencido. Hoje, dia 16, uma notícia da coluna do jornalista Cláudio Humberto, Diário do Poder, sugere que poderia estar em análise uma eventual aplicação da mesma medida em relação ao selecionado brasileiro, o que seria um desastre, uma vez que algumas partidas da Copa do Mundo de Futebol de 2026 serão realizadas nos Estados Unidos. Vivemos para ver os Estados Unidos preocupados com a exploração de trabalhadores pelo mundo, conforme eles alegam que foi esta a razão da punição aplicada à integrantes do Governo Brasileiro. O motivo, na realidade, é a relação do Brasil com um país desafeto, Cuba. A mesma linha de raciocínio se aplica às nossas relações com a China ou com a Rússia. É uma questão de geopolítica. 

Atendendo a um pedido do Ministro Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin já determinou que o julgamento do ex-presidente terá início no próximo dia 2 de setembro. Será uma prova de fogo para as nossas instituições democráticas, principalmente neste clima de ebulição política, onde elas sofrem assédios políticos de toda ordem. No dia de ontem, 15, uma declaração do Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, indica que ele não cederá às enormes pressões para pautar o PL da Anistia. O cabo de guerra continua, traduzido nas bravatas daquele pastor, que anda enfurecido pelos seus perfis nas redes sociais, cuspindo marimbondos pelas narinas. 

O clima nada um pouco tenso no STF. Alguém andou sugerindo que talvez um dos ministros da Suprema Corte possa pedir vistas do processo que julga esta primeira leva de envolvidos na tentativa de golpe de Estado, o que poderia adiar por mais três meses o julgamento do ex-presidente. A hipótese não é de todo improvável. Vamos aguardar o desfecho deste cabo de guerra, uma vez que os bastidores devem estar fervilhando de forças que trabalham contra a aplicação das penalidade legais contra aqueles que tramaram contra as nossas instituições democráticas.   

sexta-feira, 15 de agosto de 2025

Editorial: João Campos, o soldado de Lula.


Ocorreu dentro do previsto a passagem de Lula aqui em Pernambuco, exceto, talvez, pela ausência notada da governadora Raquel Lyra na comitiva, abrindo possibilidades para muitas especulações. Raquel alegou compromissos de agenda e escalou a sua vice, Priscila Krause, para a missão de representar o estado na recepção ao presidente. A julgar pelo estreitamente cada vez maior da relação entre o prefeito João Campos(PSB-PE) e o líder petista, sugere-se que a governadora já trabalhe com a hipótese de uma dificuldade de construção de um palanque duplo no estado. Lula, no entanto, manteve uma postura diplomática, de contemporização, emitindo elogios a governadora, assim como levantando a bola dos petistas que se afinam com a sua gestão, a exemplo do deputado estadual João Paulo, quando esteve em Brasília Teimosa. 

Um reconhecimento do trabalho do companheiro João Paulo, quando prefeito do Recife, onde aquele bairro se tornou um símbolo da ação da gestão petista do Recife, sobretudo no tocante à infraestrutura e habitação. João Paulo fez duas grandes gestões no Recife e o reconhecimento de Lula seria até natural. João Paulo integra uma ala do PT que tem bom trânsito com o Palácio do Campo das Princesas, apoiando os projetos da governadora na Assembleia Legislativa do Estado. A maioria dos grêmios partidários ou das federações que estão se formando encontram-se na mesma situação. O PT municipal já se integra  a gestão e está engajado no projeto de João Campos para 2026. 

Numa análise simples dos escores atingidos pelo atual prefeito do Recife nas primeiras sondagens para as eleições estaduais de 2026, deduz-se pela simpatia de um eleitorado conservador ao seu nome, algo que já se verifica desde o momento em que ele foi eleito para a Prefeitura da Cidade do Recife pela primeira vez. Esta condição poderia explicar suas ponderações no que concerne a externar um estreitamente tão orgânico com o PT. Nos últimos meses, no entanto, principalmente depois que assumiu a direção nacional do PSB, o prefeito resolveu externar total sintonia com o petismo. É preciso entender aqui qual o seu cálculo político. 

quinta-feira, 14 de agosto de 2025

Editorial: Lula cumpre agenda em Pernambuco.

Crédito da Foto: Ricardo Stuckert


O Governo Lula lançou uma espécie de resposta ao tarifaço imposto aos produtos de exportação brasileiros para os Estados Unidos. Infelizmente, o Governo Lula 3 continua com a prática de usar um dinheiro que não tem. São 30 bilhões destinados ao Plano Soberano, que reúne um pacote de ajuda aos setores atingidos pelo tarifaço de 50%. Sabe-se que o Governo dos Estados Unidos excluiu muitos produtos da lista, mas alguns permaneceram. O drama são esses que permaneceram. Não há qualquer diálogo do Governo dos Estados Unidos com o Governo Lula sobre este assunto. O Governo Lula tentou uma negociação comercial, mas sabe-se que o problema é político. Donald Trump deseja que o ex-presidente Jair Bolsonaro dispute as eleições presidenciais de 2026. 

Curioso que, nesta guerra de narrativas, quem faz oposição a Lula afirma a ausência de gestos do mandatário brasileiro, enquanto quem defende o petista, afirma que é Trump que não deseja dialogar. O impasse tende a perdurar, uma vez que o Governo Brasileiro não atenderá às expectativas do Governo Trump. Hoje, 14, o presidente Lula cumpre agenda em Pernambuco, onde faz anúncios e entrega obras pelo estado. Ontem, 13, sua esposa, Rosângela da Silva, esteve na cidade de Itapissuma, na Região Metropolitana do Recife, onde conheceu o trabalho das mulheres marisqueiras locais.  Coincidentemente, Lula hoje também entrega obras numa cidade praticamente vizinha, Goiana, onde a presença dessas mulheres marisqueiras é uma constante. Tratamos de uma dessas associações de mulheres marisqueiras no nosso novo romance: Nas Marés de Malunguinho, ambientado na Comunidade Quilombola de São Lourenço. 

Habilmente, numa entrevista concedida ao Jornal do Commércio, o presidente Lula afirmou ser um privilégio o estado contar com dois políticos do porte da governadora Raquel Lyra e o prefeito João Campos. Uma pesquisa do Instituto Paraná Pesquisas sobre a disputa de 2026 em Pernambuco, apontando uma folgada dianteira do prefeito sobre a governadora, está suscitando um clima de - imaginem! - eleições definidas. Não há nada definido, embora a governadora precise equilibrar o jogo da disputa no Recife e Região Metropolitana, sob pena de ter que repetir, assim como o fez Agamenon Magalhães em décadas passadas, que o Recife é uma cidade cruel.  

quarta-feira, 13 de agosto de 2025

Charge! Dálcio Machado via Facebook.

 


Editorial: O climão azedou de vez no Legislativo.


As previsões não são nada boas para o andamento dos trabalhos no Legislativo. O Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, delegou ao Corregedor da Casa o exame da aplicação de penalidades a 14 parlamentares que protagonizaram aquele motim por ocasião da decretação da prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro. Numa entrevista recente, o líder da oposição, o deputado federal Luciano Zucco, do PL do Rio Grande do Sul, já prepara suas armas para o enfrentamento, o que pode ser entendido como expedientes que poderão travar de vez os trabalhos. Hugo Motta parece resoluto em sua decisão de punir os infratores, mesmo sabendo dos custos políticos desta decisão. A gente fica aqui imaginando qual seria o seu cálculo político. Recuperar a autoridade perdida? 

A utilização do ex-Presidente da Casa Legislativa, Arthur Lyra, como bombeiro foi uma demonstração cabal de que o atual presidente perdeu as  condições mínimas para as negociações. A cena do líder do PL, o deputado Sóstenes Cavalcante, circulando nos corredores da Câmara em direção ao gabinete de Lyra é emblemática. De concreto mesmo, a condução dos trabalhos ficou sensivelmente prejudicada em função dos últimos acontecimentos. Na realidade, para sermos mais precisos, essas relações nunca foram boas. Pressa mesmo apenas na apreciação de uma legislação corporativa que favorece os próprios interesses dos parlamentares, a exemplo do foro privilegiado, que traz um adendo curioso. Além de remeter as eventuais falcatruas cometidas pelos parlamentares para juízes de primeira instância, não satisfeitos, eles ainda desejam que se, e somente se, a Câmara conceder o aval para as investigações.

Aliás, vamos muito mal de negociações. O impasse permanece entre o Governo Brasileiro e o Governo dos Estados Unidos em torno das tarifas impostas pelo presidente Donald Trump aos produtos de exportação brasileiros. Não haverá diálogo simplesmente porque o presidente Lula não dará o que Trump deseja. Quando o presidente Trump queixa-se da ausência de acenos do Governo Lula, entenda-se como não ceder às suas expectativas, de cunho eminentemente políticos. Só haveria diálogo com a reabilitação política do ex-presidente Jair Bolsonaro.  

Charge de Renato Aroeira, Brasil 247. 

terça-feira, 12 de agosto de 2025

Charge! Renato Aroeira via Brasil 247

 


Charge! Nando Motta via Brasil 247

 


Editorial: Lula desiste dos evangélicos.



No dia de ontem, 11, líamos uma matéria curiosa sobre a relação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com os evangélicos. Houve um tempo - põe tempo nisso - que o Partido dos Trabalhadores mantinha uma relação orgânica com os evangélicos, mantendo em sua estrutura núcleos concentrados na defesa dos interesses desse nicho eleitoral junto àquele partido. O PT foi perdendo essa capilaridade, depois de um processo de burocratização e oligarquização. O partido perdeu esta liga com diversos segmentos sociais, inclusive os evangélicos. Nas eleições de 2022, por exemplo, várias estratégias foram adotadas para promover uma reaproximação desse nicho eleitoral com Lula. Todas sem êxito ou de resultados duvidosos, enquanto o seu principal oponente transitava com desenvoltura entre este segmento. 

Num determinado momento, o próprio líder petista chegou a lamentar tal hiato. A matéria informava que Lula havia desistido dos evangélicos, a despeito dos apelos de alguns dos seus assessores diretos, que evidenciaram a temeridade de uma atitude desta natureza. Os evangélicos passaram a ser decisivos nas últimas eleições mais recentes. Há um estudo que assegura que, em muito breve, ninguém senta na cadeira do Palácio do Planalto sem o apoio deste nicho eleitoral. Ou seja, os evangélicos serão capazes de decidir um pleito presidencial. Aqui em Pernambuco, este eleitorado vem sendo disputado paulatinamente. Tanto pelo prefeito João Campos,  quanto pela governadora Raquel Lyra, que devem bater chapa na disputa pelo Palácio do Campo das Princesas. 

Estima-se que 30% do eleitorado do Recife, calculado por um político do ramo, seja evangélico. Enquanto Lula se afasta, na Venezuela, Nikolas Maduro estreita os laços com este nicho eleitoral, inclusive com igrejas que atuam no Brasil. Os assessores de Lula têm toda a razão em alertá-lo sobre as consequências de uma tomada de decisão deste porte. Principalmente quando se tem em mente um projeto de reeleição pela frente. 

segunda-feira, 11 de agosto de 2025

Editorial: Cícero e Cássio. Articulações para 2026?

 


Até recentemente, por ocasião do lançamento de um filme realizado a partir de um poema do seu pai, Ronaldo Cunha Lima, ocorreu um encontro entre o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena(PP-PB), e o ex-governador do estado, Cássio Cunha Lima. A família Cunha Lima sempre exerceu forte influência política no estado. Como Cássio Cunha Lima hoje se preocupa, sabiamente, muito mais com os ingredientes dos seus churrascos de final de semana - entregando as missões políticas aos herdeiros do clã - em princípio, não há muita coisa a se especular em torno do encontro. Ademais, o prefeito Cícero Lucena conversa com todo mundo. 

A sua base de apoio é eclética, abrindo espaço até mesmo para que ele seja o nome escolhido para representar as forças do campo progressista, que gravita em torno do governador João Azevedo. O problema tem sido exatamente este, ou seja, os arranjos em torno da composição dessa chapa, onde se presume alguns critérios, mas que não estão claros até agora, exceto o apoio ao projeto de reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva, uma vez que João Azevedo integra um núcleo mais ideológico ou autêntico do PSB. O apoio da família Cunha Lima é algo que pesa nos arranjos políticos do estado. O deputado federal Pedro Cunha Lima, recentemente filiado ao PSD, está no páreo para uma disputa majoritária. 

As conversas da família Cunha Lima estavam mais amadurecidas com o senador Efraim de Moraes, que não esperou muito pelos critérios. Arranjou-se com o PL do ex-presidente Jair Bolsonaro e já lançou o seu nome na disputa pela cadeira do Palácio Redenção. O ex-ministro da Saúde do Governo Bolsonaro, Marcelo Queiroga, compõe a chapa na condição de candidato ao Senado Federal pelo estado. Oposicionista ao governo de João Azevedo, talvez este seja um dado a ser considerado, ou seja, a saída dos Cunha Lima agora poderia passar por uma articulação com o prefeito Cícero Lucena. 

Editorial: Diálogos trumcados com os Estados Unidos.


Quem, de fato, está mantendo algum tipo de diálogo com as autoridades dos Estados Unidos é Eduardo Bolsonaro, que foi recebido recentemente pelo presidente Donald Trump. Infelizmente, não há interlocução do governo brasileiro com os Estados Unidos. Enquanto isso, a situação apenas se agrava, uma vez são divulgadas sistematicamente notícias envolvendo eventuais novas medidas dos americanos contra autoridades do nosso Judiciário, assim como permanece o impasse em torno das famigeradas tarifas, sobretudo na medida em que se amplia, aí sim, o diálogo do Governo Lula 3 com o Governo da Rússia, através do seu mandatário, Vladimir Putin, que ligou para Lula recentemente. 

Há uma expectativa em torno das medidas que poderão vir a serem adotadas pelo Governo Lula, algo que está na prancheta do Ministério da Fazenda. Em breve saberemos, pois este clima de beligerância não dá sinais de trégua ou conciliação. O Governo Lula também já anunciou que irá recorrer a OMC reclamando das medidas tomadas pelo Governo dos Estados Unidos. Os americanos hoje não dão a mínima para as resoluções dessas organismos internacionais. Os tempos são outros. A questão é simples: os Estados Unidos desejam duas coisas interligadas: a reabilitação política do ex-presidente Jair Bolsonaro e, numa eventualidade de uma vitória deste, acesso aos nossos minérios preciosos. Duas concessões que não serão feitas pelo Governo Lula 3, daí este diálogo "trumcado". com "M" de Trump. 

Diante desses impasses, as expectativas não são nada alvissareiras. Vamos neste diapasão por mais uma semana, aguardando as "novidades", que podem ser traduzidas como novas retaliações dos americanos, jogando Lula, cada vez mais, nas cordas de uma aproximação cada vez maior com os chefes de Estado desafetos dos Estados Unidos. Noticia-se para breve um encontro entre Vladimir Putin e Donald Trump, onde a situação da guerra na Ucrânia estará na agenda. A situação para o impasse, pelo andar da carruagem política, pode ser traduzido em algo que interesse aos dois países, independentemente do interesse da Ucrânia. É disso que se trata. É assim que as coisas estão sendo conduzidas no momento no tabuleiro das relações internacionais. 

Charge! Renato Aroeira via Brasil 247

 


domingo, 10 de agosto de 2025

Editorial: O estado de saúde da democracia brasileira.

 


No passado já foi mais simples definirmos os parâmetros ou os indicadores de um regime democrático. Hoje está tudo muito confuso. O último ranking do Varieties of Democracy (V-Dem), formado por cientistas políticos da Universidade Gotemburgo, na Suíça, por exemplo, enaltece o fato de termos salvo as nossas instituições democráticas em 2022, com mais uma eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Isso ocorreu logo após mais uma daquelas investidas autoritárias capitaneadas por forças bem conhecidas nossas, o que não deixa de ser algo alvissareiro. Evitamos o pior, é verdade, mas não saímos do lodaçal institucional que foi criado, que c0nta com apoio hoje até de forças internacionais. Ou seja, o fermento autocrático continua ativo no país, se manifestando ora através de parlamentares eleitos; ora através de governadores de direita; ora na saúde debilidade do aparelho de Estado; ora nas ruas, onde essas forças contam com uma massa de apoiadores, que pretendem mobilizar por ocasião da comemoração do 7 de setembro, conforme se já se especula. 

À medida em que se aproxima os dias de ajustes de contas dos obscurantistas com as forças legítimas de nossa democracia, os golpistas parecem mais firmes na convicção de acionarem os dispositivos que possam lhes assegurar a impunidade. PL da Anistia; mudanças de foro - porque golpistas e corruptos selaram uma aliança -; articulação internacional contra as nossas autoridades. É neste aspecto que se torna tão difícil, de fato, aferir a saúde de um regime democrático, tomando apenas como exemplo o nosso caso. Para variar, a nossa experiência democrática é sui generis, forjada numa indiferença entre o público e o privado, sob o signo do trabalho escravo,  onde 0 reconhecimento dos direitos do outro ainda se constitui numa luta contínua. 

Lá atrás, quando adentrávamos os bancos escolares para estudar Ciência Política, sempre nos chamou muita a atenção uma expressão do historiador da filosofia francês, Claude Lefort, onde ele afirmava que uma democracia que não se amplia tende a morrer de inanição. Por inúmeras razões, entre as quais o hiato entre democracia política e democracia substantiva, sempre tivemos sérios problemas em consolidar um regime inviolável, de plena democracia, capaz de sobreviver às placas tectônicas autoritárias. Nunca passamos de quatro mandatos presidenciais de quatro anos sem um novo solavanco. Há quem afirme que se chegarmos ao quinto mandato, as tentativas autoritárias serão suprimidas. Dada à nossa especificidade, temos aqui as nossas dúvidas.  

Editorial: Humberto e João Campos: o grande encontro.



O prefeito do Recife, João Campos(PSB-PE), já sinalizou que deseja abrir o diálogo com o senador Humberto Campos, de olho, muito provavelmente, na consolidação da chapa que deve concorrer ao Palácio do Campo das Princesas, em 2026. Ainda estamos na fase do sapatinho, dos confetes, dos elogios, dos melindres de lado a lado. É a fase da prospecção. Pernambuco enfrenta o problema da profusão de pré-candidatos ao Senado Federal e isso significa dizer que muitos desses candidatos não passarão da fase da pré-candidatura. Por uma série de fatores, inclusive com a ajuda inestimável de segmentos da imprensa, a centrífuga política local está moendo para a composição de apenas duas chapas competitivas ao Palácio do Campo das Princesas. De um lado João Campos(PSB-PE), do outro, Raquel Lyra(PSD-PE). 

Conforme assinalamos no dia de ontem, o PT, na realidade, tem dois palanques informais no estado. Há atores políticos do PT, a exemplo do deputado estadual João Paulo, francamente favorável à formação de dois palanques oficiais de apoio ao projeto de reeleição de Lula nas eleições de 2026. O pré-requisito do apoio ao projeto de reeleição de Lula, tanto Raquel Lyra quanto João Campos se encontram em condições de atender. A preservação do mandato de Humberto Costa é uma das prioridades para o PT. E tal premissa não se aplica apenas ao estado de Pernambuco, quando se sabe do capital político do pernambucano a nível nacional. 

Qualquer que seja a situação no plano nacional, as pesquisas sempre indicaram a preservação do espólio político de Lula no estado. Diante da nova conjuntura, a tendência é que o líder petista melhore seus escores em todo o país, ampliando-o quem sabe no estado, ampliando sua condição de barganha nas negociações. No caso da composição com o socialista, o líder petista tem dois trunfos: seu apoio declarado no estado e a composição a nível nacional, onde os socialistas desejam manter Geraldo Alckmin na condição de vice na chapa de reeleição.  

sábado, 9 de agosto de 2025

O xadrez político das eleições estaduais de 2026 em Pernambuco: União Progressista é quem escolhe o palanque.



Há uma movimentação intensa de pré-candidatos ao Senado Federal em Pernambuco. É preciso até que alguns deles tomem alguns cuidados, uma vez que a campanha, pelo menos oficialmente, ainda não começou. Hoje líamos algumas notícias sobre eventuais violações dessas regras em outros estados da Federação. Este fenômeno ocorre em praticamente todo o Brasil, uma vez que as eleições ao Senado Federal estão assumindo uma importância até mesmo maior do que a eleição presidencial. A estratégia da oposição, principalmente a bolsonarista mais radical, deseja transformar o Senado Federal numa trincheira de luta que viabilize seus projetos de anistiar golpistas e interferir no Poder Judiciário, com quem eles não se bicam. 

Todos os indicadores levantados até este momento indicam que eles levam vantagens competitivas na maioria dos estados, indicando uma tendência majoritária de voto conservador entre o eleitorado brasileiro, algo que já se repete desde algum tempo. Na realidade, a direita deu uma lapada na eleição de 2022 e 2024, o que significa uma tendência que poderá se repetir em 2026. É preciso que as forças do campo progressista considerem essa possibilidade, aprendam algo com as últimas refregas e melhorem o empenho daqui para a frente. O prefeito do Recife, João Campos, até recentemente alertou para a necessidade de não radicalização - vale dizer polarização - apostando em nomes identificados com este projeto, mas sem aquele perfil radical, o que poderia melhorar a competitividade. É possível que ele tenha razão. 

Dada a importância daquele pleito, consideramos que o PT poderia estar se movimentando de forma mais célere. A fala do prefeito João Campos foi entendida por alguns cronistas locais como uma sinalização da composição de sua chapa para disputar o Governo do Estado, em 2026. Pelos movimentações em seu entorno, sugere-se que a chapa hoje pode ser integrada pelo Ministro dos Portos e Aeroportos, Sílvio Costa Filho, do Republicanos, e o ex-prefeito de Petrolina, Miguel Coelho, que integra o União Brasil da federação União Progressista. É como se João, ao consolidar sua aliança com o projeto de reeleição de Lula, pedisse permissão para a formação de uma chapa sem um integrante do PT, que seria, naturalmente, Humberto Costa. 

Como já discutimos num texto anterior, o Planalto tem duas cartas na manga para pressionar uma mudança de posição do prefeito socialista. Poderá usá-las, uma vez que a reeleição de Humberto Costa está entre as prioridades da legenda. Em entrevista recente, o Presidente da União Progressista no Estado, o deputado federal Eduardo da Fonte, afirmou que a federação formada da união entre o União Brasil e o Progressistas possui musculatura política para escolher o palanque que desejar. O palanque polarizado entre o prefeito João Campos(PSB-PE) e a governadora Raquel Lyra(PSD-PE), que deve tentar a sua reeleição, ou até a formação de uma chapa própria. Quem sabe? 

A rigor, se houvesse algum consenso, a União Progressista já estaria contemporizada na chapa de João Campos. O problema é que esses consensos estão cada vez mais difícil de serem construídos no estado. Eduardo da Fonte trabalha como candidato ao Senado Federal, em 2026. Aliás, no estado, a Federação União Progressista caminha com um pé no Palácio Capibaribe e outro no Palácio do Campo das Princesas. Situação que não é apenas privilégio desta federação. O mesmo ocorre com o PT, com o MDB, com os tucanos. Vamos ver como essa equação será resolvida até aquelas eleições. O máximo divisor comum político deve sugerir alguma solução para este impasse. 

Editorial: Motta está disposto a punir os amotinados.


O Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, parece mesmo resoluto na decisão de aplicar uma punição aos deputados envolvidos no motim que paralisou os trabalhos daquela Casa Legislativa recentemente. Tudo tem um custo político que precisa ser muito bem avaliado. O presidente Lula, numa declaração recente em torno do comportamento desses parlamentares, chegou a sugerir até mesmo uma cassação de mandato. O precedente é complicado, depõe contra as boas práticas democráticas e republicanas e, como tal, precisa ser repelido e combatido, sob pena de tais práticas se tornarem rotineiras, principalmente se considerarmos o perfil desses parlamentares amotinados. 

Hugo Motta já teria acionado a procuradoria da Casa com este objetivo, onde cinco parlamentares, devidamente identificados, poderão serem punidos por seis meses, afastados das atividades parlamentares, sem receber seus salários. Hugo Motta saiu bastante desgastado deste embate com os parlamentares da oposição bolsonarista, que desejam pautar o PL da Anistia a todo custo. O danado é que, segundo dizem, o acordo teria sido fechado com Hugo Motta antes de sua eleição para a presidência da daquela Casa. Uma coisa são os acordos firmados antes das eleições e outra, bem diferente, é o cotidiano da gestão. Entre um intervalo e outro, muitas coisas se sucederam, como os alertas de que os outros Poderes da República não estão dispostos a perdoarem aqueles que atentaram contras as nossas instituições democráticas recentemente. Registre-se também que a população brasileira, em sua maioria, também não concorda com a anistia, segundo alguns levantamentos já realizados. 

Outro impasse diz respeito à ideia fixa da oposição bolsonarista em mover montanhas para tentar viabilizar o impeachment de membros da Suprema Corte. Talvez mais incisivo do que Hugo Motta, Davi Alcolumbre já antecipou que a proposta não anda nem com 81 assinaturas. No dia de ontem, o Executivo impôs 61 vetos ao PL da Devastação, uma proposta indecente, aprovada durante a madrugada, que vinha a calhar com a sanha das motosserras. Em declaração recente, a Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, declarou-se satisfeita com os vetos do presidente Lula, o que significa dizer que, pelo menos por enquanto, ainda podemos respirar.