A Polícia Federal sabe que alguns dos dispositivos golpistas continuam instalados. Quando da transição do governo Bolsonaro para o Governo Lula3, muitos deles foram revelados, mas as medidas tomadas foram surpreendentemente tímidas, indicando, quem sabe, que o governo recém-empossado não reunisse as condições políticas para a adoção de medidas mais perenes e eficazes. Uma das medidas que urge, depois de enredar legalmente todos os envolvidos na tentativa de golpe, seria a de proceder uma varredura anti-golpista. O ninho continua intacto, assim como os artefatos estão instalados em dispositivos bem conhecidos da sociedade civil, da PF e dos militares.
Caso não ocorra essa varredura, corremos o sério risco de novas explosões de caráter antidemocrático. É um assunto delicado tratarmos deste tema, uma vez que, ao que se supõe, o Governo Lula3 não dispõe das condições políticas necessárias para desativar por completo esses dispositivos. Lula assumiu este terceiro mandado em condições sensivelmente adversas, atuando em terreno já minado. O plano revelado pela Polícia Federal com o objetivo de assassiná-lo dá a dimensão do tamanho da encrenca.
A proposta de despolitizar completamente as Forças Armadas sugere-se que não foi seguida pelo morubixaba petista, que optou por um alinhamento com militares menos radicais, de perfil legalista, que ficariam conhecidos como os generais do Lula, o que pode não ter sido a melhor alternativa. As intervenções em órgãos como o GSI e ABIN foram tímidas e pontuais. Fica evidente que a estratégia implicou em intervenções negociadas. Não foi o melhor encaminhamento de uma questão tão nevrálgica, quando já se sabia que os órgãos de inteligência haviam sidos aparelhados para monitorar os adversários do projeto golpista em curso.
É preciso evitar que novos ovos da serpente eclodam, uma vez que eles estão sendo chocados há algum tempo. Por razões óbvias, não vamos por aqui entrar nos pormenores, mas antecipamos algumas analogias que podem ajudar o leitor a entender a gravidades do problema. Felizmente evitou-se um revés autoritário, mas a extrema-direita nunca esteve tão organizada e se consolida no país, ao passo em que as forças do campo progressista e democrático estão fragilizadas, enfrentando um momento difícil. É urgente a necessidade de desativar os dispositivos.
Até recentemente a Alemanha desativou uma de suas forças especiais, a KSK, sob o argumento de que parte dos grupo estava atuando de forma muito autônoma, independente do Exército, representando um real perigo. Na realidade, se diz que havia uma ligação forte desse grupo com a extrema-direita. Um dos nossos ninho de conspiradores estava instalado em Goiânia. Outro dia, no Paraná, os alunos de uma escola ainda sob a influência da filosofia das escolas cívico militares, estavam sendo doutrinados com palavras de ordem. É preciso tomar cuidados redobrados com o conteúdo programático presente na formação de oficiais das três forças, principalmente se as apostilas estão sendo encaminhadas, como cortesia e em caráter de parceria, pelo Tio Sam.
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