O PT realizou recentemente o seu encontro em Brasília, onde algumas diretrizes ficaram estabelecidas, entre as quais a necessidade que se impõe no sentido de melhorar seus padrões de comunicação com a sociedade. Nesses encontros, marcados por uma profunda disputa interna e ideologização dos problemas, a autocrítica passa bem distante. No dia de ontem, 08, tivemos a oportunidade de acompanharmos uma profunda discussão em torno dos precedentes do que ocorreu em 2016, quando a ex-presidente Dilma Rousseff foi afastada do poder por se recusar a cumprir o receituário impostos por aqueles que haviam perdido as eleições. Dilma tornou-se tão fragilizada politicamente que teve que engolir nomes indicados pelo mercado para gerir as políticas econômicas.
Mesmo diante de circunstâncias tão adversas, Dilma Rousseff cutucou o diabo com vara curta, como se diz popularmente. Este pacote de ajuste fiscal - que alguns consideram que de ajuste fiscal não tem nada - representou um ponto de inflexão importante para o PT. Informam algumas coisas, como a bílis permanente que o partido destila contra o mercado, onde não ocorreu nenhuma retração, assim como uma nova candidatura do morubixaba petista nas eleições presidenciais de 2026. As ebulições políticas que estavam ocorrendo em 2015, um ano antes do impeachment de Dilma Rousseff, sobretudo quando se toma como referência essa queda de braços do Governo com o mercado, assim como a conjuntura política sensivelmente delicada que o Governo Lula enfrenta, lembra muito o que ocorreu em 2016.
Desta vez com alguns agravantes, ou seja, a temperatura alta na caserna, seja em razão das mudanças propostas em relação à aposentadoria, seja em relação ao esfriamento da tentativa de golpe de 2022, quando será necessário que os civis punam exemplarmente os militares envolvidos. Em termos de arranjos políticos, se Lula perder o apoio de parte do Centrão, a situação entra numa espiral perigosa. Para assegurar tal alinhamento governamental, por outro lado, vai precisar abrir espaços estratégicos, talvez tendo que ceder o Ministério da Saúde, um dos mais cobiçados em razão das verbas que movimenta. Imaginem a encrenca com a base de sustentação histórica. Tirar Nísia Trindade para entregar a pasta a alguém indicado por Lira ou talvez o próprio Lira, como se especula.
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