pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO. : Editorial: O dinheiro do golpe.
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segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

Editorial: O dinheiro do golpe.



Não surpreende que alguns cientistas sociais tenham passado a usar a expressão golpe empresarial militar para se referir à intentona autoritária de 1964, dado o efetivo suporte de amplos setores empresariais ao projeto de poder encampado pelos militares. Naquela período, então, fazia algum sentido o medo da ameaça comunista, que poderia se contrapor aos interesses dos seus negócios. Hoje isso não existe mais, mas, mesmo assim os interesses em jogo permanecem. No texto do pesquisador Renné Armand Dreifuss, citado por aqui algumas vezes, onde ele analisa magistralmente as tessituras do golpe de 1964, há referências claríssimas sobre o suporte financeiro de amplos setores empresariais aos militares golpistas. 

Pelo andar da carruagem política, consoante esta última prisão de um general de quatro estrelas, motivada por interferir nas investigações e, supostamente, ter distribuído uma caixa de vinho com a quantia de cem mil reais para a execução da operação Punhal Verde Amarelo, fica claro a similaridade do processo de financiamento dessas operações pelo empresariado. Desta vez, segundo o tenente-coronel Mauro Cid, o dinheiro veio do pessoal do agro. Agora a Polícia Federal está empenhada nas investigações para se chegar aos reais patrocinadores desta nova aventura golpista que o país enfrentou recentemente. 

Aliás, para sermos mais sinceros, os militares golpistas foram tratados a pão de ló por aquele ator que pretendia uma ruptura institucional no país. Sistema de aposentadoria imexível, Salários e penduricalhos robustos, viagens, próteses penianas, azulzinhos para tratar do "coração", lagostas, camarão vila franca - o cinza é para os fracos - salmão, vinhos importados,  picanha e coisas do gênero. Ocorreu uma espécie de cooptação para o golpe. É neste sentido que se recomenda uma espécie de varredura nos dispositivos que foram montados para a materialização deste projeto autoritário. O grau de adesão sugere-se que era perigosamente expressivo, numa articulação que envolvia civis com ou sem representação parlamentar, empresários, militares, membros de órgãos de Inteligência e Segurança do Estado, integrantes das polícias militares. Não por acaso, o STF determinou a prisão de vários comandantes da Polícia Militar do Distrito Federal. 

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