O pacote de Fernando Haddad conseguiu a proeza de desagradar a Faria Lima e o Beco da Fome, conforme enfatizamos por aqui em alguns momentos. Em tais circunstâncias, aquele ator que parecia ser o ungido por Lula para sucedê-lo, tornou-se politicamente inviável. É visto pelo mercado com bastante desconfiança, assim como taxado de neoliberal pelas bases mais autênticas do partido. É curioso observar nos grupos de esquerda a indisposição com o Ministro da Fazenda do Governo Lula3. A proposta de atingir o BPC - Benefício de Prestação Continuada - neste seu pacote fiscal, por exemplo, foi a sua sentença de morte política junto aos segmentos mais radicais da legenda assim como junto às bases históricas, que sempre estiveram alinhadas com o campo progressista.
No dia de ontem, tivemos a curiosidade de ler uma matéria sobre a polêmica aposentadoria dos militares, sobretudo para entender em que consistia essas mudanças e, se, de fato, elas representavam medidas consistentes, capaz de evitar a sangria dos déficits recorrentes, o maior entre o déficit previdenciário, com o potencial de desiquilibrar qualquer orçamento. A intervenção, para a nossa surpresa, diz respeito tão somente à idade de aposentadoria dos militares e a transferência da pensão pós morte aos familiares que, em alguns casos, consoante a matéria, poderia ser transferida até para irmãos dos militares.
Em resumo, não estão previstas mudanças tão substantivas, algo que justificasse, por exemplo, tanto barulho em torno do assunto. Não sabemos se o objetivo era maior e foi contornado a partir das negociações com os militares ou se a proposta foi tímida desde o início. Em tal contexto, torna-se ainda mais complicada a investida contra o BPC, algo injusto e que depõe contra a plataforma política do PT. Faz todo o sentido a grita dos segmentos de base da legenda, assim como de amplos setores progressistas da sociedade brasileira.
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