Estávamos estudando o papel da grande mídia impressa do país por ocasião dos momentos que antecederam os golpes de Estado. Interessante observar a formação dos grandes conglomerados logo após o golpe de 1964, sobretudo em praças como São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. O acordo já estava firmado entre os conspiradores e esses conglomerados que, antes mesmo da materialização do intento golpista, passaram a atacar as forças do campo progressista e associá-las, no período, à ameaça comunista, ainda hoje, por algum motivo - talvez para disseminar o medo ao identificar um inimigo - invocada. Logo após o 31 de março, os revolucionários salvaram a a nossa democracia. Não entendo como um golpe de Estado pode ser associado à democracia, mas os grandes jornais da época assim ao golpe se referiam.
Mudanças significativas ocorreram desde então - movidas pela revolução produzida pela internet - mas esses jornais continuam ativos, com suas edições impressas, com seus terríveis editorialistas malhando o Governo Lula3 e, até mesmo, plantando discórdias para inflamar um ambiente político por demais instável. A pitada de maldade fica evidente numa matéria de um desses jornais, transformando um desentendimento numa crise, ao insinuar que os militares não aceitariam o afastamento do ministro da Defesa, José Múcio, em função de uma discordância do presidente Lula acerca da divulgação do vídeo da Marinha. Ora, José Múcio assumiu o cargo com uma missão que ele considera devidamente cumprida, a de pacificar a relação entre civis e militares.
Não seria a primeira vez que ele manifestaria o desejo de deixar o cargo espontaneamente, até mesmo por razões familiares. A matéria sugere, nas linhas e entrelinhas, um é isso ou aquilo. Não podemos falar aqui de uma crise, como se tenta sugerir, embora exista a informação sobre a possibilidade de o presidente Lula ter sugerido o afastamento do Comandante da Marinha. A relação de Lula com José Múcio não permitiria uma fissura dessas dimensões. Um desses jornais, muitos anos depois, admitiria o equívoco em apoiar o golpe de 1964 num editorial. Antes tarde do que nunca.
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