O PSOL está entrando com uma representação junto ao STF em razão do que eles entendem como intromissões indevidas da Câmara dos Deputados no pacote de ajustes fiscais proposto pelo Governo Lula. A Câmara corta aqui, acrescenta ali, tornou-se uma colcha de retalhos essa proposta de pacote fiscal. Na medida em que não gosta das intromissões indevidas da Câmara dos Deputados no projeto, o PSOL, por outro lado, também não encampa o que está sendo proposto pelo Governo Lula3. Lira adiou uma votação no dia de ontem, 18, argumentando que o governo seria derrotado sem o apoio do PSOL e de integrantes do próprio PT. Que pacote complicado, senhores.
Já acompanhamos discursos entusiasmados da oposição com críticas ao mesmo pacote; o mercado não ficou satisfeito; o Beco da Fome também não, uma vez que pode mexer no BPC, ponto em que o Lira promoveu alguns ajustes. Há alguma coisa de muito errado com algo que não consegue agradar ninguém. É melhor deixar essa novela para outro momento, para o momento em que a poeira abaixar. Se as novelas de lá estão em crise, as telenovelas brasileiras também entraram numa espiral de declínio nunca visto junto aos telespectadores. Algo inédito na teledramaturgia brasileira. Já fizeram de tudo e tudo não foi suficiente para reverter a situação, como se presume que possa acontecer com o pacote fiscal proposto pelo Governo. O exemplo mais emblemático é a telenovela Mania de Você, um fracasso retumbante na carreira de um autor muito bem sucedido, como é o caso de João Emanuel Carneiro.
Sugere-se que o problema estaria relacionado aos novos hábitos da sociedade - ninguém deixa a tela do celular pela telona; mudanças de comportamento da sociedade, que os autores não conseguiram captar; assim como a concorrência dos streamings. Há poucos concluímos um curso de escrita criativa ministrado pelo mestre Luiz Antonio Assis Brasil, professor da PUCRS. A crise das telenovelas brasileiro nos fez lembrar de uma de suas aulas, onde ele observa que a ali se encontra o verdadeiro roteiro ou enredo de um romance. Vários núcleos, mas tudo congregado por um conflito, que sempre gira em torno de um protagonista principal.
Uma pena que o professor, pioneiro no Brasil no ensino da matéria e depois de longos anos como professor, esteja se aposentando, conforme fomos informados. Acima, a provável capa de uma nova edição do romance Menino de Vila Operária, que antecipamos para os leitores e leitoras. A sinopse é o próprio personagem principal, o menino, entremeado pelo conflito latente entre os operários e a oligarquia industrial proprietária da indústria de tecidos, com várias cenas do argumento expandido, onde é abordada a sua vida social; as questões políticas e econômicas envolvendo os conflitos de interesses entre o núcleo de trabalhadores e os proprietários e seus serviçais; as vivências de infância da molecada que nascera e crescera numa vila operária; no final, a História do Monte Castelo Futebol Clube, nosso time de várzea que marcou época entre os clubes de futebol da cidade. A primeira edição está completamente esgotada. Há dois exemplares ainda disponível da primeira edição na Estante Virtual.
P.S.: Do Contexto Político: Cumpre esclarecer que, na concepção de Luiz Antonio Assis Brasil, sinopse significa a construção do perfil da personagem central do romance ou do enredo. É um entendimento bastante distinto do senso comum. Um outro elemento enfatizado pelo professor é a necessidade de formulação de um conflito envolvendo este personagem. Se não há conflito, não há romance. A primeira coisa que nos vem à mente quando pensamos sobre o assunto é o famoso Dom Casmurro, de Machado de Assis, diante das cisma que o atormenta e que o autor não a soluciona, integrando o leitor à trama. Nem sempre construir o mote desse conflito é tão simples, sobretudo quando estamos tratando de romances históricos, biográficos, por exemplo.
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