pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO. : O XADREZ POLÍTICO DAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2014. Dilma entra no jogo político: "Podemos fazer o diabo quando é hora de eleições".
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quarta-feira, 6 de março de 2013

O XADREZ POLÍTICO DAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2014. Dilma entra no jogo político: "Podemos fazer o diabo quando é hora de eleições".


 
 
O XADREZ POLÍTICO DAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2014. Dilma entra no jogo político: “Podemos fazer o diabo quando é hora de eleições”.

José Luiz Gomes escreve

A presidente Dilma Rousseff nunca demonstrou muita vocação para o embate do dia-a-dia da política, um jogo bruto, marcado por golpes baixos, traições, fisiologismo, clientelismo e outras práticas de natureza não necessariamente republicanas. Ainda na condição de ministra do Governo Lula, insurgia-se contra os malfeitos de seus colegas de ministério, advogando medidas austeras em alguns deles. O Ministério dos Transportes, por exemplo, onde reclamava sobre os constantes aditivos aplicados nas licitações de obras públicas. Seu perfil sempre foi mais técnico do que político.
                                    
A res publica agradece porque, de certo modo, essa sua falta de traquejo permitiu-lhes se contrapor aos malfeitos na gestão da máquina pública, minimizando, tanto quanto possível, embora ainda dentro dos parâmetros dessa tal "governabilidade, a ocorrência de desmandos. O Ministério dos Transportes, já mencionado, e o Ministério do Trabalho são dois exemplos emblemáticos, onde, adotando uma postura moralizadora, até hoje enfrenta sérios problemas políticos naquelas pastas. As raposas estão loucas para voltar ao galinheiro. Até delegado da Polícia Federal foi nomeado por Brizola Neto para comandar órgão estratégico no ministério a ele subordinado, com a finalidade de inibir o assédio.
                                    
Apesar de muito bem assessorada nesta área pelo ex-presidente Lula – uma espécie de articulador político do Planalto - Dilma nunca acertou o passo, uma vez que, além de não demonstrar vocação para esses canapés, também se recusa a aprender. Se ela tivesse algum interesse, Lula bem que poderia ensiná-la. Num momento mais radical, nem os telefones dos políticos eram atendidos no Planalto, o que gerava enormes queixas. Dilma também errou ao nomear alguns nomes para a pasta da Articulação Política que, em tese, poderia funcionar como um pára-choque do Planalto contra as investidas indesejáveis. Quanto às lideranças do Governo e chefes do Legislativo, todos sabem de suas indisposições com algumas delas. Até recentemente, tinha o deputado potiguar Henrique Eduardo Alves, Presidente da Câmara dos Deputados, atravessado na traquéia.

Enfim, o Governo Dilma enfrenta alguns percalços nesse terreno, sobretudo em razão da personalidade da presidente, arredia ao jogo miúdo do toma lá, da cá, ao fisiologismo visceral que engendra nossos costumes políticos.  Até recentemente, comenta-se que o presidente Lula a teria aconselhado a reatar o diálogo com as centrais sindicais, algo que estava cindido, gerando alguns ruídos, nada convenientes numa corrida presidencial.

No seminário realizado pelo PT para comemorar os 33 anos de existência e uma década de Governo, no entanto, Dilma fez um discurso que arrancou aplausos da platéia ali presente, lançando seu nome à reeleição em 2014, algo referendado pelo cacique da legenda, Luiz Inácio Lula da Silva. Se quiserem, foi Lula quem lançou Dilma, dirimindo as especulações em torno do seu próprio nome e, de quebra, obrigando o senador Aécio Neves a sair do ninho. Segundo o próprio Lula, o saldo foi bastante positivo, na medida em que ficou cravado que eles não teriam adversários competitivos para ameaçar a estadia petista no Planalto.

Sentimos a presidente muito desenvolta em seu discurso, pontuando, sem equívocos, os acertos do PT nesses 10 anos à frente do Palácio do Planalto. O “povo” que faltou na narrativa discursiva do senador Aécio Neves, no Senado Federal, esteve presente na fala da presidente, bem ao estilo dos escritos de “gilbertinho”. Apesar dos “acidentes de percurso” o saldo desses 10 anos é positivo e eles souberam explorá-los muito bem. Mas, voltamos a insistir, o que chama a atenção é a disposição de dona Dilma, solta na buraqueira política, distribuindo tapinhas nas costas e selinhos a petistas cristãos-novos ou velhos morubixabas da legenda, alguns deles até condenados por malfeitos contra a República.

Logo depois desse evento, em todos os compromissos políticos posteriores, Dilma tem se “soltado”, impulsionada por uma campanha política que já está nas ruas, mas dando sinais evidentes de uma mudança de “estilo”.  Na Convenção do PMDB, realizada em Brasília, deixou de lado as brigas internas da agremiação por um naco maior no seu Governo e elogiou a parceria, colocando o partido como um parceiro estratégico nas realizações do seu mandato. Também afirmou que a aliança é perene e duradoura - pelo menos até 2018 - praticamente ratificando o nome de Michel Temer como o seu vice no projeto de reeleição. Não se sabe como ela vai se arranjar para abrir mais espaço na Esplanada dos Ministérios para o partido, mas, certamente, sua irritação não chegará ao ponto de esmurrar a mesa. Pelo menos, aparentemente.   

Logo após as declarações dos irmãos Ferreira Gomes contra uma possível candidatura presidencial do PSB, recebeu Cid no Planalto, colocando mais lenha na fogueira da dissidência aberta na legenda. Comentou-se até, que o PT local já estaria de portas abertas para receber os irmãos, a despeito das hostilidades contra Cid durante o seminário que o partido realizou em Fortaleza. Lula, então, jogou em todas as posições. Embevecido pelo apoio, mas muito diplomático com o pleito do seu amigo Eduardo Campos, como quem deseja bradar: Venha quem quiser. Pelo menos publicamente, uma vez que a candidatura do “Moleque” dos jardins da Fundação Joaquim Nabuco possui alguns ingredientes que preocupam o Planalto, conforme insistimos aqui no blog, posição também compartilhada pelo jornalista Noblat. 

Depois disso especulou-se que estaria em curso nos corredores do Planalto um plano para matar no nascedouro as pretensões do pernambucano, apertando o torniquete político. Foi editada a medida provisória 595, que tira a autonomia do Estado de Pernambuco sobre o Porto de SUAPE, um dos mais bem-geridos do país, o que é um contra-senso. Há uma série de inconvenientes com essa medida, mas não compete discuti-los aqui. Esclareça-se, entretanto, que a medida foi interpretada como uma retaliação às movimentações do pernambucano de olho no Palácio do Planalto. O curioso nisso tudo – ou mera coincidência - é que os portos públicos são geridos por um apadrinhado dos irmãos Ferreira Gomes.

Caso se confirme a candidatura do pernambucano – que parece ter chegado a um ponto de não retorno – tanto Eduardo quando Dilma disputariam votos num reduto eleitoral específico, o Nordeste. O Nordeste é uma região estratégica para o PT. Fundamentalmente importante para os planos de reeleição de Dilma Rousseff, como ficou evidenciado nas últimas eleições presidenciais. Neste sentido, entende-se a preocupação do Planalto em manter o diálogo com os governadores socialistas da região, a despeito das indisposições com o governador Eduardo Campos.

Em visita ao Estado da Paraíba, havia algumas previsões de que, deliberadamente, Dilma iria prestigiar o prefeito da capital, Luciano Cartaxo (PT), e manter uma relação meramente ritualística com Ricardo Coutinho(PSB), governador do Estado. Não foi isso o que ocorreu. Dilma não deixou de prestigiar o único prefeito eleito nas capitais nordestinas pelo PT, mas cobriu de mimos o “Mago”, que teve recursos federais assegurados para o seu Centro de Convenções, adutoras e portos. Não se sabe muito bem o que eles comeram no almoço servido na chácara do pai de Aguinaldo, o Ministro das Cidades, em Campina Grande. Preciso consultar minhas fontes. Até estourar o escândalo da São Braz, o “Mago” gostava muito de um cuscuz ensopado com carne de bode guisada, desses que se come na beira das estradas, lá para as 6:30h, logo cedinho. Preferimos com carne de guiné. Uma delícia.  

Logo em seguida, sem combinar com o líder Eduardo Campos, o governador Ricardo Coutinho teceu alguns comentários positivos à medida 595, dos Portos, motivo de uma rinha aberta entre PSB e PT. As motivações de Ricardo ainda são indecifráveis. O “Mago” mantém um excelente relacionamento com o governador pernambucano. Atribuo o fato a algum ruído. Um dos sonhos de Ricardo Coutinho seria transformar o porto de Cabedelo num porto com a dinâmica de SUAPE. No momento, não se pode fazer nenhum outro tipo de conjectura, como, por exemplo, a possibilidade de cooptação do governador paraibano. Dilma ainda é cristã nova no pedaço.

Em todo caso, cuidadoso com as ovelhas e disposto a ampliar o rebanho, o governador de Pernambuco arregimenta as condições políticas fundamentais para um provável enfrentamento da MP 595. Recebeu recentemente em Pernambuco, algumas lideranças da Força Sindical, liderada por Paulinho da Força, que se opõe, também, à MP dos Portos. Neste caso em particular, conforme especulou-se, as discussões não se encerraram com a MP dos portos, mas se estenderam do varejo ao grosso da política, como uma possível vinculação da Força Sindical com o projeto do PSB em lançar o nome de Eduardo Campos para as eleições presidenciais de 2014. O partido tem pouca representatividade junto às centrais sindicais e, caso haja a confirmação de uma parceria, ela chegaria num bom momento.

Monitorando desde algum tempo todos os passos do pernambucano, o Planalto o convidou para uma conversa. Nesse diálogo, diplomaticamente, a presidente pretende aparar algumas inconveniências políticas – como a ausência da vaselina política necessária no anúncio da medida -  mas manterá a firma decisão de aprovar a MP 595 e para isso já acionou sua tropa de choque no parlamento. Dilma deverá ouvir de Eduardo os mesmos argumentos apresentados aos sindicalistas da Força Sindical, como a gestão eficiente de SUAPE, um contraponto ao grosso das  gestões dos portos públicos brasileiros. Tenho a ligeira impressão que, na ausência de um argumento consistente, Dilma deverá desconversar e tentar arrancar do pernambucano uma posição sobre 2014.

O presidente Lula também deverá manter um diálogo com o pernambucano, possivelmente nos mesmos moldes. Vai ouvir de Eduardo o que a imprensa está noticiando com certa freqüência, ou seja, ele não abdicará de seu projeto presidencial, sobretudo se os rumos da economia não mudarem até 2013, o que lhes facultaria apresentar para a sociedade uma plataforma política que já está em gestação a algum tempo, com os ingredientes que causam urticárias nos petistas: petista nos seus acertos e pós-petistas no tocante aos equívocos cometidos nesses 10 anos de Governo, alinhavada com a proposta de modernização da gestão pública, encabeçada por alguém a quem não se pode impingir a pecha de opositor dos “avanços sociais” da era Lula/Dilma. Talvez seja mesmo o momento de Dilma "fazer o diabo", em sua cruzada pela reeleição.

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