pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO. : Marina está muito mais para Jim Jones do que para Cristo.
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sábado, 30 de agosto de 2014

Marina está muito mais para Jim Jones do que para Cristo.


Por José Luiz Gomes

Adam Przeworski é um cientista político polonês muito respeitado na academia. Uma de suas preocupações de estudos foi o comportamento dos partidos socialistas europeus no contexto de um sistema político hegemonizado pela democracia representativa burguesa. Segundo seus estudos, essas partidos foram, gradativamente,  institucionalizando-se, entrando nessas regras do jogo, isolando os radicais e, obviamente abdicando de algumas teses e incorporando outras. Do ponto de vista estritamente eleitoral, contingenciado pela competição imposta, logo perceberiam que o voto "politicamente orientado" não seria suficiente para conduzi-los ao poder. Isso os obrigou a acenar para novos segmentos sociais, negociar com o grande capital etc. Aqui no Brasil, um pouco orientado pelos estudos de Przeworski, o também cientista político do IUPERJ, Wanderley Guilherme dos Santos, criou a expressão a "Lei de Ferro da Competição Eleitoral", que tenta explicar esse fenômeno, afirmando que manter-se numa postura política identificada tão somente com aqueles estratos sociais que lhes dão suporte, em médio prazo, inviabilizaria eleitoralmente essas agremiações. Por esse raciocínio partidos como o PSOL e o PSTU, em algum momento, irão se deparar com essa dilema, como já ocorreu com o PT num passado recente. Outro estudo muito interessante de Przeworski é sobre a definição do voto do eleitor, consoante a escolha racional. Ele levanta várias hipóteses. Uma delas em partilhar vem a calhar com o momento político pelo qual estamos passando, com a ascensão da candidata Marina Silva nas pesquisas de intenção de voto. Pelo Datafolha, Marina já se encontra em empate técnico com Dilma Rousseff, ambas com 34%. Como seria, por exemplo, o voto do evangélico pobre, beneficiário dos programas de distribuição de renda do Governo Federal? O que pesaria mais na definição do seu voto. Não conheço estatística informando qual o montante de evangélicos beneficiários desse programa, mas, em todos os levantamentos realizados até agora, há o indicativos de que eles tendem a votar com a fé e não com a boca. A candidata Marina consegue abrir uma vantagem expressiva sobre Dilma no segmento evangélico. Como diria Michel Zaidan, até as nuvens se movem. Imagina as tendências de intenções de voto. Ainda é um pouco cedo para dizer o que vai ocorrer daqui para frente, mas, no momento, a acriana desponta como um tsunami nessas eleições. Não há como minimizar esse fenômeno. Ela preocupa - o que seria natural - os inquilinos do Palácio do Planalto. Mesmo inconsistente, eivada de contradições, matreiramente, a acriana acena para inúmeros segmentos sociais. Associou-se ao grande capital nacional; aparou as arestas com o capital internacional; foi adotada pelo elite e pelos estratos sociais de classe média anti-petista; galvanizou a comoção com a morte do ex-governador Eduardo Campos; sai forte junto aos segmentos evangélicos, sobretudo os pentecostais e neo-pentecostais; com a consequente inviabilidade de Aécio Neves, o conservadorismo brasileiro parece ter encontrado seu candidato, colocando seu aparato midiático (de)formador de opinião ao seu serviço, independentemente das consequências que poderão vir pela frente. Tudo é válido para quebrar a hegemonia de poder da coalizão petista. Mesmo com essa cobra de não sei quantas cabeças, capaz de ressuscitar a Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, de Max Weber; mesmo evangélica, alardear que legalizará o casamento entre pessoas do mesmo sexo, acenando para um segmento com o qual ela poderia ter muitas arestas, o LGBT; incorporar uma espécie de "messianismo de corte ultra-liberal" etc. Que nos perdoem seus eleitores, mas essa aventura não nos levaria ao paraíso. Está mais próxima de um Jim Jones do que de Cristo.

Foto: O tsunami Marina está mais para Jim Jones do que para Cristo. 

Por José Luiz Gomes

Adam Przeworski é um cientista político polonês muito respeitado na academia. Uma de suas preocupações de estudos foi o comportamento dos partidos socialistas europeus no contexto de um sistema político hegemonizado pela democracia representativa burquesa. Segundo seus estudos, essas partidos foram, gradativamente, se institucionalizando, entrando nessas regras do jogo, isolando os radicais e, obviamente abdicando de algumas teses e incorporando outras. Do ponto de vista estritamente eleitoral, contingenciado pela competição imposta, logo perceberiam que o voto "politicamente orientado" não seria suficiente para conduzi-los ao poder. Isso os obrigou a acenar para novos segmentos sociais, negociar com o grande capital etc. Aqui no Brasil, um pouco orientado pelos estudos de Przeworski, o também cientista político do IUPERJ, Wanderley Guilherme dos Santos, criou a expressão a "Lei de Ferro da Competição Eleitoral", que tenta explicar esse fenômeno, afirmando que manter-se numa postura política identificada tão somente com aqueles estratos sociais que lhes dão suporte, em médio prazo, inviabilizaria eleitoralmente essas agremiações. Por esse raciocínio partidos como o PSOL e o PSTU, em algum momento, irão se deparar com essa dilema, como já ocorreu com o PT num passado recente. Outro estudo muito interessante de Przeworski é sobre a definição do voto do eleitor, consoante a escolha racional. Ele levanta várias hipóteses. Uma delas em partilhar vem a calhar com o momento político pelo qual estamos passando, com a ascensão da candidata Marina Silva nas pesquisas de intenção de voto. Pelo Datafolha, Marina já se encontra em empate técnico com Dilma Rousseff, ambas com 34%. Como seria, por exemplo, o voto do evangélico pobre, beneficiário dos programas de distribuição de renda do Governo Federal? O que pesaria mais na definição do seu voto. Não conheço estatística informando qual o montante de evangélicos beneficiários desse programa, mas, em todos os levantamentos realizados até agora, há o indicativos de que eles tendem a votar com a fé e não com a boca. A candidata Marina consegue abrir uma vantagem expressiva sobre Dilma no segmento evangélico. Como diria Zaidan, até as nuvens se movem. Imagina as tendências de intenções de voto. Ainda é um pouco cedo para dizer o que vai ocorrer daqui para frente, mas, no momento, a acriana desponta como um tsunami nessas eleições. Não há como minimizar esse fenômeno. Ela preocupa - o que seria natural - os inquilinos do Palácio do Planalto. Mesmo inconsistente, eivada de contradições, matreiramente, a acriana acena para inúmeros segmentos sociais. Associou-se ao grande capital nacional; aparou as arestas com o capital internacional; foi adotada pelo elite e pelos estratos sociais de classe média anti-petista; galvanizou a comoção com a morte do ex-governador Eduardo Campos; sai forte junto aos segmentos evangélicos, sobretudo os pentecostais e neo-pentecostais; com a consequente inviabilidade de Aécio Neves, o conservadorismo brasileiro parece ter encontrado seu candidato, colocando seu aparato midiático (de)formador de opinião ao seu serviço, independentemente das consequências que poderão vir pela frente. Tudo é válido para quebrar a hegemonia de poder da coalizão petista. Mesmo com essa cobra de não sei quantas cabeças, capaz de  ressuscitar a Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, de Max Weber; mesmo evangélica, alardear que legalizará o casamento entre pessoas do mesmo sexo, acenando para um segmento com o qual ela poderia ter muitas arestas, o LBGT; incorporar uma espécie de "messianismo de corte ultra-liberal" etc. Que nos perdoem seus eleitores, mas essa aventura não nos levaria ao paraíso. Está mais próxima de um Jim Jones do que de Cristo.

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