Faria bem ao candidato ao governo do Estado, apoiado pelo ex-governador e postulante à Presidência da República, assimilar as lições da derrota de Mendocinha (DEM) para o seu patrocinador, na disputa pela sucessão do senador Jarbas Vasconcelos. Mendoncinha era vice-governador, tinha o apoio do ex-governador do Estado, um longo tempo de Televisão e uma cara estrutura de campanha. Mesmo assim perdeu fragorosamente para Campos, no primeiro turno do pleito eleitoral. Muito se discutiu com o próprio Mendonça Filho as causas dessa derrota política, quando parecia que estava tudo pronto para ele ganhar - inclusive as pesquisas do empresário Antonio Lavareda, que davam como certa a sua vitória. O mesmo ocorreu com Roberto Magalhães, na disputa com João Paulo para a Prefeitura do Recife, incluindo-se naturalmente a arrogância e o sapato alto desse candidato. De nada adianta encher as ruas, as pontes, as calçadas e estradas, de cavaletes com foto e imagem, se ninguém conhece o passado do candidato, de suas capacidades e talentos administrativos. Só se a expectativa dos patrocinadores do candidato estejam ancoradas na presuntiva transferência de votos do ex-governador para o seu protegido, como ocorreu com o atual prefeito do Recife. Só que aí, existe uma grande diferença: o colégio eleitoral é outro, não é o Recife. As alianças, são outras. E o desempenho da campanha presidencial de Campos tem se mostrado pífio, até agora (não passando dos 10%). Longe do Poder Executivo e com um desempenho sofrível, a influência eleitoral do ex-governador promete ser pequena. E como o seu candidato local é desconhecido, não será a mera propaganda visual (ou o tempo de televisão) que vai ajudar eleger o ungido pelo PSB.
Do outro lado, a coligação que sustenta a candidatura do senador Armando Monteiro padece de uma inconsistência programática muito grande. Como é que um membro de uma tradicional família de usineiros e de industriais em concordata, que usou a estrutura da FIEP, CNI e sistema S para fazer carreira política, e que ainda como deputado federal apresentou projeto extinguindo direitos trabalhistas, em nome da competitividade da empresa nacional, pode se apresentar como representante dos trabalhadores de Pernambuco? - Acho que só o deputado João Paulo de Lima acredita (?) nessa falácia eleitoral. A sigla partidária PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) já há muito tempo tornou-se uma legenda de aluguel para políticos que nada têm de trabalhista ou trabalharam uma única vez na vida. Foi criada por Getúlio Vargas, durante o fim da ditadura do Estado Novo, para garantir a eleição de políticos de sua confiança. Os militares não devolveram a Leonel Brizola a legenda, que lhe era de direito como herdeiro do legado varguista. Deram-na a Ivete Vargas que repassou a políticos clientelistas e fisiológicos no Congresso. De lá para cá, tornou-se uma autêntica legenda de aluguel sem nenhuma significação semântica digna desse nome. A captura dessa legenda desfigurada pelos políticos de Pernambuco é o último capítulo dessa triste história partidária. Mais lamentável é a aliança com o PT. Afinal de contas, qual é o propósito de uma aliança como essa? - Os interesses da classe trabalhadora? - Duvido. É uma aliança eleitoral, como as outras. Sem nenhuma identidade programática ou ideológica. Pode até ganhar as eleições no estado, mas os trabalhadores não terão muito a ganhar com essa aliança do empresário (pouco eficiente) com o ex-metalúrgico da Ação Operária Católica. Que Deus abençoe a todos!
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