Quando me encontrava, ainda, na Coordenação do programa de Pós-graduação de Ciência Política, recebi uma demanda do professor Jocildo, do Depto. de Economia, da parte do então candidato a deputado federal Armando Monteiro Neto. Em resumo, tratava-se de armar um palanque na universidade para que o candidato apresentasse seu programa político. Argumentei ao meu interlocutor armandista que só faria o debate com um deputado ou político que representasse o contraditório. Pensei inicialmente no meu amigo, já falecido, Edson Mororó Moura, mas ele não aceitou. Então a professora Tânia Bacelar sugeriu o nome de Sérgio Guerra, vinculado nessa época ao PSB. O debate se realizou na Centro de Ciências Sociais Aplicadas. E foi interessante ouvir o contraponto da visão moderna, empresarial, de mercado do deputado pessebista vis-a-vis ao programa de defesa da caprinocultura e da cotonicultura pernambucanas, defendida por Armando Monteiro Neto. Frise-se, que antes dessa troca de opiniões sobre a economia do Estado, tive a oportunidade de ler, como mediador do debate, uma pesquisa realizada pelo nosso Programa sobre o perfil dos chamados "empresários modernos" da FIEP, que de modernos tinham muito pouco, porque também viviam de olho nos recursos do BNDES.
Passado esse evento, Armando Monteiro candidatou-se a Presidente da CNI. Foi quando a revista Carta Capital publicou um imenso dossiê sobre a vida empresarial do candidato, dizendo tratar-se de um membro de tradicional família de usineiros de PE e de empresários pouco eficientes e dizia que, costumeiramente, a CNI era alvo das oligarquias políticas do NE, ao contrário da FIESP que era onde se encontravam os empresários modernos, competitivos do Brasil. Armando Monteiro ganhou, como previsto, a eleição para a CNI. E na condição de presidente da entidade e deputado federal apresentou um projeto de lei reduzindo os direitos trabalhistas dos operários brasileiros, como condição do aumento da competitividade da indústria nacional!
Trocando o PMDB, pelo qual se elegeu deputado, pela legenda do PTB, passou a fazer parte da base política de ex-governador do Estado, sendo eleito senador na legenda do PSB. Agora se apresenta como candidato ao governo do Estado, ao lado de Paulo Rubem e João Paulo Lima, contra o candidato do ex-governador e seu partido. O que mais chama a atenção não é o troca-troca de legenda ou aliados de acordo com as conveniências políticas do momento, facilitada pela frouxidão da legislação partidária brasileira. O que surpreende a todos é como um representante do empresariado mais atrasado do Brasil fale em nome dos trabalhadores de Pernambuco! Desde quando usineiros, patrões, empresários ou homens de negócios defendem os interesses da classe trabalhadora? - Só num regime fascista ou corporativista que prevê a proibição da luta de classes e prega abertamente a colaboração das classes sociais, é possível entender o significado de uma tal candidatura.
Um coisa é certa: os trabalhadores terão muito pouco a ganhar com essa candidatura. Se com o "pau mandado" do ex-governador e sua agenda gerencial do Estado, definitivamente ninguém ganha nada; com essa mistificação eleitoral - reforçada com o apoio de João Paulo e Paulo Rubem, muito menos. Não há nesta candidatura nenhum programa coletivo, de interesse público. Muito menos, trabalhista. Trata-se unicamente de um projeto político-eleitoral de natureza pessoal. Apenas isso.
Este artigo só vem reforçar ainda mais o que tem defendido desde o inicio da campanha. " nem Armando nem Paulo".
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