publicado em 21 de março de 2015 às 09:23
por Antônio David, especial para o Viomundo
Em resposta ao artigo que publiquei no Viomundo intitulado Crítica e autocrítica sobre o PT na política brasileira, o cientista político Henrique Costa publicou um post no facebook, no qual ele pretende refutar meus argumentos.
Se as opiniões minha e de Henrique expressas em artigos têm pouco relevo na conjuntura nacional, que dirá de posts no facebook. De todo modo, tomei a liberdade de seguir adiante na polêmica com Henrique. Se o faço, é porque parto do pressuposto de que nossas posições, em si mesmas desimportantes e talvez pobres, expressam correntes de pensamento que, essas sim, têm importância na conjuntura política brasileira. Vista dessa ângulo, a polêmica talvez seja útil para que a esquerda consiga lidar com dilemas e impasses candentes.
Como em meu primeiro artigo, optei por dividir o raciocínio em tópicos, para facilitar a leitura – sob pena de ter repetido um mesmo assunto em vários tópicos. Em cada tópico, abro com os argumentos de Henrique para, em seguida, expor meu ponto de vista.
1) Alvo
Henrique: “O PT, penso, é o que existe de relevante na esquerda brasileira, por isso ele é, por excelência, o alvo prioritário de qualquer crítica”; “o PT não é apenas ‘uma parte’. Ele é, como já disse, o que há de relevante”; “O PSOL é ainda marginal no cenário político geral – apesar de ter algum destaque episódico no Congresso Nacional”.
Antes de comentar, deixo claro o pressuposto de que eu parto: penso que, se o PT tem sido capaz e apto a cumprir certas tarefas, que são da maior importância (ponto ignorado por Henrique), há outras tarefas que o PT tem sido incapaz de cumprir e que, na minha opinião só podem ser cumpridas por uma esquerda à esquerda do PT (dentro e/ou fora do PT), desde que não seja antipetista, ou seja, não encare o PT como inimigo nem como entrave. Portanto, parto do pressuposto de que é necessário existir uma esquerda forte, grande e influente à esquerda do PT - e, com isso, eu me afasto do fanatismo petista, para o qual o PT é suficiente.
Sendo assim, a questão central que na minha opinião deveríamos enfrentar é: por que não existe uma esquerda relevante à esquerda do PT? por que, afinal, a esquerda à esquerda do PT é tão fraca na sociedade brasileira?
Que o PT seja alvo da crítica, é desejável e necessário. Mas quando o PT se torna, nas palavras de Henrique, o “alvo prioritário” (na verdade, é nítido e notório que Henrique e a corrente de pensamento do qual ele faz parte tornaram o PT o alvo exclusivo), deixa-se de fazer a crítica da esquerda no seu conjunto, na sua totalidade (o que não equivale a uma soma de críticas particularizadas, ou a criticar PT + “oposição de esquerda” + movimentos sociais etc., mas a criticar o conjunto tomando-se os elementos em relação mútua).
Por exemplo: se, como diz Henrique, “o PSOL é ainda marginal”, deveríamos, mais do que constatar o fato, procurar entender as razões disso. Mas Henrique foge dessa questão. Ele se limita a constatar o fato – como se isso fosse suficiente -, matizado pela palavra “ainda”: “se o PSOL é ainda marginal /…/”. Ora, empregar a palavra “ainda” pode ser uma boa maneira de apaziguar a consciência, mas não contribui em nada para tocar na ferida que deve ser tocada. Ao contrário, só mascara aquele que é, insisto, o debate central que deve ser feito. Se a esquerda é marginal, não é porque ainda não teve tempo de tornar-se relevante. As verdadeiras razões devem ser investigadas. Henrique insiste em evitar esse debate.
A recusa de Henrique não surpreende. Ela segue o padrão na esquerda brasileira. Em meu artigo, escrevi:
De minha parte, eu faria as seguintes perguntas: Será que a política e a organização que o PT têm hoje não são exatamente fruto do esforço levado a cabo de fazer “política para os pobres”? Será que o PT poderia ter chegado onde chegou e ter feito o que fez sem exatamente a política e a organização que assumiu? Será que o PT poderia ter o “mérito” que Henrique parece reconhecer e, ao mesmo tempo, ter outros méritos, aqueles que Henrique reclama? Em suma, será que o PT poderia ser o PT da “política para os pobres” e, ao mesmo tempo, o PT tal como Henrique reivindica?
/…/
Se Henrique tivesse enfrentado o impasse que tais perguntas evocam, ele teria sido obrigado a fazer uma crítica totalizante da sociedade brasileira e da esquerda brasileira como um todo. Ele possivelmente seria obrigado a enfrentar questões como: Qual é a natureza e o real tamanho da pobreza no Brasil? Qual é o perfil e quais são as divisões no interior da classe trabalhadora no Brasil? Que tipo de política de massas a sociedade brasileira permite? Quais são as blindagens do Estado brasileiro? Teríamos de recorrer a toda uma tradição de pensamento crítico, infelizmente um tanto marginalizada, como Caio Prado Jr., Florestan Fernandes, Raymundo Faoro.
/…/
Se Henrique tivesse enfrentado o impasse que tais perguntas evocam, ele teria sido obrigado a fazer uma crítica totalizante da sociedade brasileira e da esquerda brasileira como um todo. Ele possivelmente seria obrigado a enfrentar questões como: Qual é a natureza e o real tamanho da pobreza no Brasil? Qual é o perfil e quais são as divisões no interior da classe trabalhadora no Brasil? Que tipo de política de massas a sociedade brasileira permite? Quais são as blindagens do Estado brasileiro? Teríamos de recorrer a toda uma tradição de pensamento crítico, infelizmente um tanto marginalizada, como Caio Prado Jr., Florestan Fernandes, Raymundo Faoro.
Essas são as questões de fundo que merecem ser discutidas. No “campo majoritário” do PT, na “esquerda” do PT, na “oposição de esquerda”, cada grupo responderá de uma maneira. (Sob o risco de desagradar gregos e troianos, penso pessoalmente que cada um terá alguma razão em sua resposta). O ponto a ser destacado, porém, é que essas respostas não são motivo de debate, nem entre os grupos, e desconfio que nem mesmo no interior de muitos grupos – nem as respostas, nem as perguntas. Não há reflexão em torno dessas questões. O que há é caricatura de debate, mera demarcação de espaço e reafirmação de posições com vistas a alimentar a coesão interna do grupo, sempre ameaçada pelo fantasma da reflexão.
2) Antipetismo
Henrique: “Quanto a desqualificações sobre um suposto antipetismo da minha parte, acho que Antônio escorrega dos bons argumentos em que vinha se focando para o lugar-comum do ‘nós contra eles’. Demonstra com isso que um certo espectro de seita continua a rondar o petismo, como um pesadelo sobre a cabeça dos vivos, como diria Marx”; “Antipetismo, como utilizado por ele, é apenas uma forma mais demagógica e ao mesmo tempo menos deselegante de associar alguém a posições extremistas, ou seja, ignorantes”.
Não ficou claro, lendo os comentários de Henrique, se ele nega a existência do antipetismo de esquerda (o qual, segundo entendi, não teria realidade, sendo apenas uma “forma demagógica”) ou se ele nega fazer parte dessa corrente de pensamento. Se ele nega a existência do antipetismo de esquerda, ele nega algo assumido pela própria “oposição de esquerda”. Em entrevista ao Roda Viva, Marcelo Freixo (que não é antipetista) declarou: “saí do PT, mas não sou antipetista”. Trata-se da exceção que confirma a regra: pois, que motivo teria Freixo de sentir-se obrigado a declarar não ser antipetista que não o fato de o antipetismo ser a regra na “oposição de esquerda”?
Se Henrique é ou não antipetista, isso tem pouca ou nenhuma importância, assim como tem pouca ou nenhuma importância o fato de eu me localizar no campo petista. O que tem importância é o lugar de onde Henrique fala. O ponto é que a negativa de Henrique em assumir que ele fala de um lugar onde o antipetismo é, no mínimo (e sendo generoso), um assunto mal resolvido, a ponto de o “alvo principal” (na verdade, o alvo exclusivo) da crítica ser o PT, é apenas um sintoma de sua dificuldade em fazer a autocrítica, que ele tanto reclamou em seu artigo.
3) Responsabilidade
Henrique: “Imputar responsabilidade pelo projeto em curso, em seus aspectos positivos e negativos, ao PSOL e outros grupos marginais na conjuntura, é apenas uma fixação de Antônio e uma maneira dele e de outros petistas de expiação de uma culpa cristã que não deveriam ter. Se tudo o que o PT fez foi correto, então não há do que se justificar”.
Na ânsia de buscar “a responsabilidade dos atores”, Henrique parece ter assumido um tipo de pensamento binário, do qual não conseguiu escapar ao responder meu artigo: pois, para ele, se eu não imputo a responsabilidade pelos impasses da atual conjuntura ao PT, logo eu a imputo ao PSOL. Mas Henrique leu apressadamente meu artigo e não entendeu o que eu escrevi. Na verdade, na exata contramão, o que eu disse é que, se há responsabilidade, ela é coletiva e histórica (ou seja, não faz sentido fulanizar a responsabilidade, como Henrique fez em seu artigo e, de maneira ainda mais profunda, na resposta ao meu artigo). Tal responsabilidade só pode ser encontrada olhando-se não para o PT isoladamente, nem para o PSOL isoladamente, nem para nenhum “ator” isoladamente, mas para o conjunto, caso contrário se produzirá não uma crítica, mas uma caricatura.
Para tanto, caso queira deixar de lado as caricaturas e exercer a crítica, Henrique terá de abrir mão da fixação de querer encontrar aqueles que, em sua opinião, devem “se justificar” – como se em processos históricos houvesse culpados. Aliás, não posso deixar de declarar meu estranhamento diante do fato de Henrique citar Marx, pois só quem raciocina à maneira dos teólogos (cristãos ou não) tem como centro de suas preocupações “a responsabilidade dos atores” ou aquilo do qual alguém deve “se justificar”.
4) Projeto petista
Henrique: “Antônio volta à pecha de antipetista várias vezes ao longo de seu texto. Com isso, ele faz exatamente aquilo que criticamos: culpa a ignorância alheia daqueles que ‘não entendem’ que o projeto petista de poder era necessário para, o que ele implicitamente aponta, a redução da pobreza”.
Depreende-se dessa frase que eu teria afirmado que o “projeto petista de poder” seria “necessário”. Eu não disse isso e não penso dessa maneira. Mas, se eu não disse isso e não penso dessa maneira, por que Henrique atribui essas ideias a mim? Aqui novamente, Henrique parece cair num pensamento binário: se você não sustenta que o “projeto petista” não era necessário, logo você sustenta que ele era necessário. Não há outra possibilidade. Não há espaço para reflexão. Ou era, ou não era. Ou é A, ou é B. Se você não está do lado A, então está do lado B.
Afinal, o “projeto petista” era necessário? O que eu disse e insisti em meu artigo (pois este é o ponto central para mim) é que isso é uma questão que deveria ser motivo de reflexão e debate. O que significa dizer que essa pergunta não pode ser respondida com um simples “sim” ou um simples “não”. Responder “sim” ou “não” é a morte do pensamento. Onde Henrique enxerga um “sim” implícito (“o que ele implicitamente aponta”) eu enxergo uma incapacidade de escapar de um esquema binário que reduz o pensamento a mero instrumento de narrativas maniqueistas.
Na contramão dessa atitude, eu penso que (e foi para defender essa tese que eu escrevi o artigo) a esquerda deveria refletir sobre essa questão, pois ela remete a impasses herdados de nosso passado colonial e que persistem no presente. Não são quaisquer impasses, mas impasses estruturais. No entanto, a reflexão em torno dessa questão é sistemática e deliberadamente evitada. Ao invés de debater, há na esquerda uma polarização entre duas respostas: “sim” (fanatismo petista) e “não” (fanatismo antipetista de esquerda).
O que significa “criticar”? Exercer a crítica, no assunto em questão, é exatamente ir buscar as condições nas quais esse “projeto” nasceu: se abordarmos essa questão de maneira crítica, ao invés de responder com um “sim” ou com um “não”, teremos obrigatoriamente de fazer a crítica da sociedade e da esquerda como um todo, o que é algo infinitamente mais complexo do que falar que Zé Dirceu e Genoíno sufocaram a democracia interna no PT (caricatura de crítica). Se eles fizeram o que fizeram (caracterizem como queiram), nada disso explica por que o “projeto petista” surgiu e se estabeleceu. Se explicações como “Zé Dirceu foi autoritário” fossem suficientes, poderíamos jogar o Caio Prado Jr. no lixo (aliás, a esquerda tem feito isso) e a palavra “crítica” não precisaria existir. Temos de buscar as respostas nos impasses históricos da sociedade brasileira. Henrique vai na contramão. Voltarei a isso no tópico seguinte.
Lamentável é que, enquanto eu escrevi um artigo para defender exatamente que devemos refletir sobre essa questão, Henrique atribui a mim uma resposta a essa questão (ou seja, o exato oposto do que eu disse!), e não qualquer resposta, mas um simples e medíocre “sim”, como se eu tivesse dito: “tudo o que o PT fez foi correto”. Mas há males que vêm para bem. Pois o fato de Henrique abordar meu artigo dessa maneira apenas reforça e atesta o que eu disse no próprio artigo: de que na esquerda as questões centrais são sistematicamente evitadas e de que, em seu lugar, há apenas demarcação de posição.
5) Indivíduo e história
Henrique: “Voltando ao tema do dirigismo: tanto Antônio quanto praticamente toda a militância do PT resolveu ‘esquecer’ como José Dirceu, José Genoíno, entre outros, tomaram as rédeas do partido ainda nos anos 90. Como então petista ‘de esquerda’, estava lá quando eles eram alvos privilegiados no debate interno – um dos argumentos é que eles teriam sufocado a democracia interna por um projeto de poder. Hoje, para todas as correntes internas, eles são ‘guerreiros do povo brasileiro’. Comigo não”.
Henrique tem razão: há quem diga que Zé Dirceu é um herói. Henrique parece se colocar entre aqueles que dizem o oposto: que Zé Dirceu é um vilão. (Não surpreende, afinal, Henrique está a procurar aqueles que devem “se justificar”). De minha parte, não penso de Zé Dirceu nem uma coisa, nem outra. Entre o fanatismo petista que atribui a Zé Dirceu a marca de herói, e o fanatismo antipetista que atribui a ele a pecha de vilão, eu prefiro perguntar pelas raízes sociais do PT, do chão histórico sobre o qual o PT nasceu e se tornou o que é.
Aqui talvez resida o núcleo da divergência entre mim e Henrique. Ao abordarmos processos históricos, em geral nós somos muito empiristas e imediatistas. Somos inclinados a explicar um fenômeno histórico da mesma maneira como explicamos um fenômeno prosaico do nosso cotidiano. Se eu jogar um copo no chão, o copo quebrará. Eu terei sido “o responsável”. Nesse caso, eu posso afirmar com certeza que, se eu não tivesse jogado o copo no chão, o copo não teria quebrado. A quem raciocine da mesma maneira diante de fenômenos históricos: se o PT é o que é, é culpa do Zé Dirceu. Ele optou. Ele quis. Ele fez. Se ele tivesse agido de outra maneira, teria sido diferente. Será que podemos raciocinar dessa maneira?
De minha parte, prefiro pensar que, se Zé Dirceu tem suas responsabilidades, elas não determinaram o rumo que o PT tomou – determinaram, sim, episódios, mas não o sentido geral; que o sentido geral é dado pelas condições histórico-estruturais nos quais o PT surgiu, e que os episódios (nos quais os homens têm responsabilidade) só podem ser compreendidos se enquadrados ou situados nos níveis conjuntural e estrutural; que o PT não é expressão da vontade (maldosa e vilã) dessa ou daquela pessoa, mas de uma parte da sociedade brasileira, que se expressaria de qualquer maneira com ou sem Zé Dirceu; de que se Zé Dirceu e seu grupo tornaram-se majoritários e hegemônicos, não foi porque “sufocaram a democracia interna”, mas porque havia base real na sociedade para tanto; que se o indivíduo Zé Dirceu não tivesse existido, outro teria cumprido o papel que ele cumpriu, porque o PT, tal como o conhecemos, é expressão de algo que existe na sociedade e tem força real na sociedade; que, enfim, se Ivan Valente, Luciana Genro e cia tivessem, por meios quaisquer, ganho a direção do PT, hoje o PT não seria o PT tal como o conhecemos, mas provavelmente algo muito próximo do PSOL, pois a política de ambos expressa algo que, na sociedade brasileira, corresponde ao que é o PSOL tal como o conhecemos.
Em suma, prefiro pensar que, a despeito de os homens (e mulheres) fazerem a história, eles e elas não fazem como querem, mas de acordo com as condições que lhe são dadas, e que, em se tratando da macro-história, da longa duração, as condições são tais que limitam o querer humano, de sorte que, enquanto o querer de alguns se realizaria mesmo se eles não tivessem existido (pois outros cumpririam o mesmo papel), o querer de outros não se realiza mesmo quando eles se engajam inteiramente no projeto que têm em vista.
6) Manifestações em curso (2015)
Henrique: “Fale-se sim em impeachment. Impeachment é a maneira como o brasileiro aprendeu a demonstrar insatisfação”; “Movimentação oposicionista sempre existiu”; “Tudo o que está aí sempre existiu”; “Há golpistas no Brasil? Sem dúvida. Desde quando? Desde sempre. Então, o que mudou?”.
“O brasileiro” é como “o cidadão”: uma pluralidade recortada e atravessada por conflitos, tensões e divisões. E não me consta que, no Brasil, haja passeatas pelo impeachment do presidente todos os meses. Nada mudou, exceto este pequeno ponto.
7) Fanatismo
Henrique: “A narrativa messiânica do petismo diz tudo o que precisamos saber, e há doze anos ela vai e volta com mais ou menos intensidade: a mídia, a burguesia, o capital internacional, manipulam a cabeça de nossos ignorantes compatriotas, que se deixam levar por campanhas sórdidas quando, na verdade, eles nada têm do que reclamar”.
É verdade. Concordo. E vou além: tenho dificuldade em saber o que é pior: se a narrativa messiânica do petismo, ou se a narrativa messiânica do antipetismo – que, assim como a primeira e assim como o ponto de vista de Henrique, também “diz tudo o que precisamos saber”. Duas formas de fanatismo que hegemonizam a esquerda brasileira. Ambas igualmente representam o asilo da ignorância.
8) Moral
Henrique: “A insatisfação se alastrou, fruto do agravamento das condições econômicas, de uma campanha eleitoral que mentiu para a população e do intoxicante ambiente político, que ‘a nossa moral e a deles’ não permite vislumbrar. Porque o governo Dilma cometeu erros de gestão, não cortou a corrupção da Petrobras na própria carne e teve que lidar com a gastança e com o ‘neodesenvolvimentismo’ do governo Lula com uma conjuntura muito mais desfavorável (nesse caso, ponto para ela)”.
Ótimo. Deveríamos então discutir: Por que não consegue cortar na carne? Por que o ambiente político é ‘intoxicante”? Por que não permite vislumbrar? É por causa da “moral”? O problema é de ordem “moral”?!
PS. O emprego do termo “gastança” mereceria resposta, mas me abstenho de fazê-la.
9) Autocrítica
“Antônio acredita que, para ter legitimidade, minha análise deveria eliminar qualquer suspeita sobre o passado. Não concordo, mas acho uma cobrança justa, desde que Antônio a aplicasse para todos os seus interlocutores e a si mesmo, e não apenas àqueles que discordam das suas posições. Antônio não apenas fez parte de uma corrente da esquerda do PT e depois do PSOL, como foi um dos seu principais dirigentes”.
Mas foi exatamente isso que eu fiz aberta e publicamente em meu artigo: uma autocrítica. O próprio Henrique reconhece: “estou de acordo com ele quando analisa a saída do PT dele, minha e do grupo ao qual fazíamos parte. Atabalhoada, voluntarista, resultando em um verdadeiro salto no escuro”. Qual é a dúvida? Aliás, me parece contraditório Henrique ter afirmado isso e, ao mesmo tempo, afirmar: “a minha autocrítica e a autocrítica do PSOL, no entanto, não são coisas que convergem”.
PS. Uma correção: nunca fui “um dos principais dirigentes” de corrente alguma.
(Publicado originalmente no site Viomundo)
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