Na década de 60, um pernambucano do país de Casa Amarela, ligado ao SESC, começava uma trajetória no campo da educação que o tornaria famoso no mundo todo. Como diretor do Departamento de Extensão da Universidade do Recife e através da experiência com o Movimento de Cultura Popular - criado na época em que o Dr. Arraes era prefeito do Recife - desenvolveu um método de alfabetização de adulto revolucionário. Posto em prática, experimentalmente, na cidade de Angicos, no Rio Grande do Norte, em 45 dias, foram alfabetizados 300 camponeses, o que levou o Governo do então presidente João Goulart a pensar em ampliar a experiência para todo o país, com um projeto de alfabetizar 2 milhões de pessoas.
Infelizmente, com a deposição de Jango, o projeto foi abortado e Paulo Freire foi exilado no Chile, onde continuou aperfeiçoando e aplicando o seu método no Governo socialista de Salvador Allende. Nunca mais parou de refletir e produzir sobre o tema educação. Paulo possui inúmeros livros publicados. É hoje o pensador brasileiro mais lido e aplicado na Europa e nos Estados Unidos. A Biblioteca de Stanford, segundo Marcelo Rubens Paiva, dedica um andar apenas para os seus livros. Ainda no segundo Governo Arraes, visitou a Usina Catende, onde centenas de camponeses também foram alfabetizados com o seu método. Paulo ministrou a aula inaugural e tivemos a oportunidade de questioná-lo sobre algo que nunca havia entendido muito bem. Ele não gostava do livro de Educação de Adultos, concebido por duas companheiras do MCP, que, no nosso entendimento, atendia a todas as etapas do seu método. Isso nos facultou uma farta ( e fértil) troca de impressões com Carlos Alberto Torres, um dos maiores especialistas no assunto.
O último cargo público que ocupou foi o de Secretário de Educação de São Paulo, no Governo de Luiza Erundina, até então filiada ao PT. Nas manifestações do dia de ontem, 15, numa demonstração do caráter reacionário da mesma, havia um cartaz que pedia pela sua exclusão do currículo de ensino da educação básica. Pelas redes sociais, o professor Fernando Magalhães, teve o cuidado de reproduzir um discurso de Jango sobre as reformas de base e o quanto a elite brasileira se opunha a essas reformas. 1964 e 2015 estão mais próximo do que se imagina.
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