O mundo político está em polvorosa e a nossa combalida democracia
representativa cada vez mais vulnerável. Praticamente abdicando dos
avanços progressistas conquistadas nas últimas décadas de governo da
coalizão petista - em nome de uma suposta governabilidade - a presidente
Dilma Rousseff estabeleceu um link com os setores mais conservadores do
espectro político brasileiro que, praticamente, aplicaram um torniquete
ao seu Governo - que vive sob a ameaça
até mesmo de um pedido de impeachment - com um "Fora Dilma" programado
para o próximo dia 15 de março. As centrais sindicais - inclusive a CUT -
também estão nas ruas protestando contra as recentes medidas
provisórias que atentam contra os interesses dos trabalhadores. Neste
arremedo de mundo político, ser republicano pode significar a morte. É o
que possivelmente está ocorrendo com a tal lista do Procurador-Geral da
República, Rodrigo Janot. Através da delação premiada, tanto o doleiro
Alberto Youssef quanto o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa,
citam nominalmente o nome de dois figurões do PMDB, ambos ocupando
espaços relevantes no poder Legislativo. Um deles, o Eduardo Cunha, é o
presidente da Câmara dos Deputados e o outro, o senador Renan Calheiros,
preside o Senado Federal. Estamos diante de uma possível combustão
política de efeitos imprevisíveis. Segundo se informa, o presidente do
PMDB, Michel Temer, em reuniões de "trabalho" com o próprio Janot e o
ministro da Justiça, Eduardo Cardozo, teria sido informado sobre os
nomes que constam da lista das 54 pessoas denunciadas, com ou sem
mandato parlamentar, envolvidas nas falcatruas da Operação Lava Jato.
Janot deve enviar 28 pedidos de abertura inquéritos ao STF. As
escaramuças já começaram. Renan deixou de participar de um jantar com a
presidente e devolveu a medida provisória que reduz a desoneração da
folha de pagamento, algo crucial para a área econômica. Janot cumpre o
seu papel de zelar pelo interesse público e o Governo Dilma, mais uma
vez, demonstra sua disposição de punir, com os rigores da lei, os maus
feitores da Viúva. Pena que, num contexto político como o nosso, isso
pode trazer inúmeros problemas para essa tal governabilidade. Posso
imaginar o que diriam os estudiosos de uma democracia cujas instituições
não sobrevivem à punição exemplar dos gatunos do Erário.
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