O filósofo Mário Sérgio Cortella foi seminarista antes de optar pela carreira acadêmica. Fez mestrado e doutorado em educação, tendo exercido o cargo de Secretário de Educação da Cidade de São Paulo, na gestão petista de Luiza Erundina. Seu mestrado foi orientado por Moacir Gadotti e o doutorado por Paulo Freire, na PUC-Rio. Com essas credenciais, certamente, ele seria um bom nome para ocupar o Ministério da Educação. Soma-se a isso suas fortes vinculações com os movimentos sociais que deram sustentação ao projeto de governo da coalizão petista. Como já afirmamos em momentos anteriores, a escolha do futuro ministro da pasta pode se constituir num momento de inflexão do Governo Dilma. Nos dois mandatos de Lula e no primeiro Governo Dilma, a pasta era estratégica para o PT.
Poderíamos passar esse post todo enumerando os grandes avanços conquistados na área, a despeito de intermitentes problemas que ainda precisam ser superados, como a ainda baixa qualidade social da educação básica nas escolas públicas - de onde o Governo Federal afastou-se, com a famigerada municipalização - ; o gargalo do ensino médio - onde os alunos das escolas privadas dão banho nos alunos das escolas públicas em termos de adequação idade/série; as expectativas em se atingir os índices da OCDE, média 6,0 do IDEB, até 2020.
Eis que no seu segundo mandato, não apenas pela indicação de Cid Gomes para o cargo - mas sobretudo em razão de algumas medidas - como o corte de verbas de custeio da máquina - o PT dava a infeliz sinalização de que aquela pasta já não teria uma função estratégica no seu Governo. Do ponto de vista do discurso, o Governo Dilma mantém sua posição sobre o órgão, respondendo aos adversários com o slogan: Brasil: Pátria Educadora. Pelo discurso oficial, educação não seria apenas uma pasta estratégica, seria a pasta que irá ancorar as ações do Governo Dilma no segundo mandato. Quem acompanha os noticiários, sabe que os problemas se avolumam naquela órgão, ao que o Governo responde que trata-se apenas da não aprovação do Orçamento Geral da União pelo Congresso. Um outro núcleo social que poderia se sentir contemporizado com a indicação de Cortella seria a academia. Ele goza de um bom trânsito entre a estudantada e professores.
A rigor, com a saída de Cid Gomes da pasta, Dilma aproveitou a deixa para seguir os conselhos de Lula e está realizando uma mini-reforma na Esplanada dos Ministérios. Aloízio Mercadante foi destituído da sua condição de superministro e homem forte das articulações; o ministro das comunicações, Thomas Traumann, pediu afastamento do cargo. Duas frentes em que o Governo Dilma estava perdendo feio a guerra contra seus adversários. Particularmente, até gostaríamos de ter um Cortella no Ministério da Educação. Há, porém, alguns arranjos políticos complicadíssimos com essa pasta o que, em última análise, diminuem bastante a possibilidade de uma indicação do seu nome para aquele órgão. O mais provável é que Dilma aplaque a ira dos seus achacadores - indicando um nome do agrado deles - e ganhe alguns minutos de paz nesse sono com os inimigos. Infelizmente. É a realpolitik, meu filho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário