Por Loulla-A-Eleftheriou Smith
Do The Independent
Traduzido por JNS
O garoto negro foi considerado inocente, 70 anos após a execução, aos 14 anos de idade, na cadeira elétrica na Carolina do Sul
Stinney Jr tornou-se a pessoa mais jovem a ser executada no século
20, nos EUA, quando foi enviado para a cadeira elétrica em 1944, após
ser condenado por uma sentença que foi anulada, mais de 70 anos depois
da sua morte.
A juíza Carmen Tevis Mullen disse que a velocidade com a qual o
Estado condenou o menino foi chocante e extremamente injusta e que o seu
caso foi uma "grande injustiça", decidindo pela inocência de Stinney
Jr.
O garoto negro de 14 anos de idade foi condenado à morte pelo
assassinato de duas meninas brancas em uma cidade segregada na Carolina
do Sul, em um julgamento que durou menos de três horas e, segundo
informações, sem nenhuma evidência e quaisquer depoimentos de
testemunhas.
Amie Ruffner recebeu apoio da família e amigos após prestar depoimento na audiência para reabrir o caso do irmão
Ele foi mantido afastado dos seus pais e de qualquer assistência
jurídica, quando foi interrogado pelas autoridades. Seus defensores
afirmam que o menino pequeno e fragilizado estava tão assustado que
teria dito tudo o que ele imaginava que poderia fazer os investigadores
felizes, apesar de não existir nenhuma evidência física ligando-o à
morte das meninas.
Stinney Jr e sua irmã Amie Ruffner foram as últimas pessoas a ver as
duas meninas, com idades entre 7 e 11 anos, vivas quando elas passeavam
em uma área rural perto da cidade de Alcolu. O pai de Stinney Jr fez
parte da equipe de buscas que encontrou os corpos das meninas, horas
mais tarde, em uma vala, espancadas com golpes que provocaram o
esmagamento dos seus crânios.
Apontado como o autor dos crimes, Stinney Jr foi preso e executado no
espaço de cerca de três meses. Os carrascos notaram que ele era muito
pequeno para a cadeira elétrica, porque as correias não se encaixavam
nele e o eletrodo era grande demais para a sua perna. Para encaixar
corretamente na cadeira, Stinney Jr teve que se sentar em uma bíblia.
O caso de Stinney Jr tornou-se um exemplo de como uma pessoa negra
era atropelado por um sistema de justiça durante a era das leis de
segregação Jim Crow, quando os investigadores, promotores e júris eram
todos brancos.
A família do garoto insistiu que ele era inocente, e, em janeiro,
pediram ao juiz local um novo julgamento para declarar inocente e limpar
o nome de Stinney Jr, alegando que não havia novas provas sobre o
crime.
Katherine Stinney-Robinson testemunha na defesa do irmão em janeiro de 2014
Desta vez, foi concedida uma audiência de dois dias para julgar o
caso de Stinney Jr, permitindo que os especialistas questionassem a sua
confissão e os resultados da autópsia, enquanto o juiz ouvia relatos dos
irmãos e irmãs do menino e de pessoas que tinha sido envolvidas nas
buscas das meninas desaparecidas. A maioria das evidências do julgamento
original tinha desaparecido e quase todas as testemunhas já tinham
morrido.
Comparado com o prazo da prisão e execução em 1944, a juíza Carmen
Mullen demorou quase quatro vezes mais tempo para publicar a sua decisão
sobre o caso de Stinney Jr. Ela disse em sua decisão que ela nunca
poderia "pensar em nenhuma injustiça maior" do que a condenação do
garoto indefeso.
Carmen Tevis Mullen ouve o defensor Ernest Finney no caso de George Stinney | Foto: REUTERS/Randall Hill
Mullen descobriu que a confissão de Stinney Jr foi, "altamente
provável", obtida sob coação das autoridades, porque nenhuma testemunha
foi encontrada para revelar como ocorreu o julgamento.
A juíza disse que ela estava derrubando a convicção sobre a culpa do
menino porque o tribunal Carolina do Sul não tinha conseguido conceder
um julgamento justo em 1944. [ Reportagem adicional de AP ]
Cenas chocantes da execução de Stinney Jr apresentadas em "Carolina Skeletons" de David Stout - 1988
A leitura da sentença determinando a absolvição de George Stinney Jr em 17 dezembro de 2014
Stinney Jr foi condenado, após um julgamento injusto, pelo assassinato de duas meninas brancas.
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