Durante esta semana que antecede a votação do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados, publicaremos editoriais diários sobre o assunto. Estamos aqui, dentro das nossas limitações conhecidas, ocupando os espaços possíveis nas redes sociais e na blogosfera com o propósito de se contrapor ao massacre midiático a que a presidente Dilma Rousseff está sendo submetida cotidianamente. Não fosse bastante a torpeza de um pedido de impeachment sem fundamentação jurídica - o que pode ser traduzido, com todas as letras e os pontos nos "is", como um golpe - ela vem sendo atacada na sua honra, publicamente traída por aqueles que deveriam estar ao seu lado nesses momentos difíceis, como um vice, que foi eleito junto com ela, na sua chapa. Há muitos adjetivos para classificar essa atitude abjeta do seu vice, Michel Temer, mas creio um dos adjetivos possíveis seria covardia.
Caso essa sandice seja aprovada, vamos fazer história da pior forma possível, olhando para o retrovisor, o que, em si, não seria um problema, desde que não estivéssemos flertando com o obscurantismo, com práticas nefastas e anti-democráticas, incapazes de respeitar as prerrogativas mínimas de um mandato obtido legitimamente nas urnas. Tem razão a presidente quando invoca essa questão. Tratar Cunha e Temer de conspiradores - sem identificar quem está liderando quem - constitui-se apenas numa grande tautologia, senhora presidente, pois trata-se de dois contumazes conspiradores. Não se espere desses dois senhores algo de caráter republicano ou de lealdade. Lealdade, sim, aos seus interesses pessoais mais comezinhos e dos párias que os acompanham.
Mas, uma outra questão que merece nossas considerações, são as capas das revistas semanais destas últimas semanas. Na semana passada a revista IstoÉ trouxe em sua edição a foto da presidente Dilma Rousseff e uma ilação sobre o seu suposto destempero. A panfletagem, alimentada por fontes não identificadas do Palácio do Planalto - fazia alusão aos possíveis destemperos da presidente com os seus auxiliares. Tratava-se de uma "matéria" típica do jornalismo marrom, o que levou as autoridades do Governo a mover todas as ações possíveis no sentido de obter alguma reparação pelo dano à honra da presidente.
Desta vez foi a revista Veja - sim, ela mesmo - que se superou nos ataques à presidente Dilma Rousseff, estampando na capa desta semana que o seu Governo está em liquidação. Já disse outras vezes aqui que alguns órgãos de imprensa do país hoje parecem destinados a assumirem a condição de porta-vozes de um determinado segmento de consumidores. No caso desses órgãos, consumidores "coxinhas". Deixaram de fazer jornalismo já faz algum tempo. A capa desta revista Veja circulou no gabinete daqueles deputados que votaram a favor da aprovação do parecer do deputado relator Arantes, ontem, na Câmara dos Deputados.
O que vai ocorrer no próximo dia 17 ainda é incerto. Há uma oposição que aposta todas as suas fichas na aprovação do pedido de impeachment na Câmara dos Deputados. As defecções do PRB e do PP, da base aliada, foram comemoradas quase como uma certeza de vitória no próximo domingo. Aqui no Recife, um dos principais operadores dessa conspiração publicou uma mensagem num blog local informando sobre as catastróficas ocorrências caso Dilma Rousseff não seja afastada da presidência. Uma irresponsabilidade. Jogo sujo. Atitude fascista, com o propósito de disseminar mentiras, plantar discórdias, sempre com objetivos escusos: desgastar a presidente antes da votação do domingo, desencorajando uma recomposição da base governista.
Se este fisiológico e oportunista de plantão tivesse um mínimo de dignidade, de caráter, deveria se debruçar sobre o que seria um futuro Governo Temer, tutelado pelo PSDB e outras forças políticas, como PPS, que funcionam como seus satélites.
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