José Luiz Gomes
A repercussão sobre a votação do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff continua esquentando as discussões nas redes sociais. Já existe uma iniciativa popular no sentido de pedir a cassação do mandato do deputado federal Jair Bolsonaro que, ao anunciar o seu voto no último domingo, o dedicou a um conhecido torturador dos dias de trevas vividos durante a vigência do regime militar no país, o coronel Brilhante Ustra, falecido recentemente. De alguma forma era preciso encontrar um instrumento que enquadrasse este indivíduo, que assume posições anti-democráticas, misóginas, fascistas e obscurantistas.
O mais grave é que ele conta com apoiadores. Quando esteve aqui em Pernambuco fez o maior sucessor junto a determinados segmentos sociais conhecidos. Foi recebido com festa no Aeroporto dos Guararapes e as galerias da Assembleia Legislativa de Pernambuco ficaram lotadas para ouvi-lo. O deputado estadual do PSOL, Edilson Silva, quase apanha ao tentar proferir um discurso contra a sua presença naquela Casa. Afinal um dos grandes problemas da democracia representativa brasileira reside, justamente, no nosso eleitorado, capaz de eleger uma bancada de representantes com a capacidade de protagonizarem cenas como aquelas observadas no último domingo.
Dizem que as traições são comuns na política, mas o eleitorado não perdoa os traidores. Numa atitude até certo ponto surpreendente, o PDT expulsou dos seus quadros os 06 parlamentares do partido que votaram favorável ao afastamento da presidente Dilma Rousseff. Quando desembarcou no Aeroporto dos Guararapes, voltando de Brasília, o deputado federal dos Democratas, Mendonça Filho, foi vaiado por uma trupe que o aguardava, sob os gritos de traidor e golpista. Logo alguém informou que se tratava de gente do PT. Tenho aqui as minhas dúvidas.
Aterrissando aqui na província, depois da votação do último domingo, os atores políticos parecem dispostos a retomarem as articulações em torno das próximas eleições municipais de 2016. Até recentemente, um jornal local fez uma espécie de enquete - envolvendo questões relativas à cidade do Recife - com um conjunto de atores políticos que poderão se habilitar a concorrer àquelas eleições. Há até um número expressivo de candidatos que, creio, não são conhecidos pelo eleitorado e também nunca disputaram uma eleição majoritária. Vamos ver se essas candidaturas vingam para fazermos as nossas considerações.
Entre aqueles nomes, os conhecidos Edilson Silva(PSOL), Sílvio Costa Filho(PTB), Priscila Krause(DEM) e Daniel Coelho(PSDB). Já falei aqui para vocês - mas não custa repetir - Daniel Coelho é uma espécie de "cuco" chocado no ninho tucano. Por não se apresentar ao eleitorado com aquele bico indefectível dos tucanos tradicionais, ele vem obtendo uma penetração bastante razoável junto ao eleitorado recifense nas últimas eleições que disputou. A vereadora Aline Mariano pediu desfiliação do PSDB por entender que a sua situação ficaria complicada na agremiação, uma vez que apoia o projeto de reeleição do prefeito Geraldo Júlio, do PSB.
Com o seu desligamento do grêmio partidário tucano, ficava ali configurado que o PSDB parecia mesmo disposto a bancar uma candidatura à Prefeitura da Cidade do Recife. Não deu outra. No dia de hoje, ali na sua sede localizada no Bairro do Derby, com a presença de novos grãos-tucanos, como o ex-governador João Lyra, o partido anunciou uma aliança com o PSL e apresentou a chapa que deverá disputar as eleições municipais de 2016, no Recife: Daniel Coelho na cabeça de chapa e Sérgio Bivar, do PSL, na vice. Sérgio Bivar é filho de Luciano Bivar. O PSL tem dois representantes na Câmara Federal e votou fechado a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff. Apesar de ser um partido pequeno, percebo que há um forte interesse do mundo político pernambucano em prestigiar essa agremiação. Até recentemente, se especulou que o empresário Luciano Bivar poderia assumir uma cadeira de deputado, depois de arranjos junto ao governador Paulo Câmara, que deveria convidar para o seu Governo parlamentares, permitindo que ele, como suplente, assumisse.
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