pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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sexta-feira, 15 de agosto de 2025

Editorial: João Campos, o soldado de Lula.


Ocorreu dentro do previsto a passagem de Lula aqui em Pernambuco, exceto, talvez, pela ausência notada da governadora Raquel Lyra na comitiva, abrindo possibilidades para muitas especulações. Raquel alegou compromissos de agenda e escalou a sua vice, Priscila Krause, para a missão de representar o estado na recepção ao presidente. A julgar pelo estreitamente cada vez maior da relação entre o prefeito João Campos(PSB-PE) e o líder petista, sugere-se que a governadora já trabalhe com a hipótese de uma dificuldade de construção de um palanque duplo no estado. Lula, no entanto, manteve uma postura diplomática, de contemporização, emitindo elogios a governadora, assim como levantando a bola dos petistas que se afinam com a sua gestão, a exemplo do deputado estadual João Paulo, quando esteve em Brasília Teimosa. 

Um reconhecimento do trabalho do companheiro João Paulo, quando prefeito do Recife, onde aquele bairro se tornou um símbolo da ação da gestão petista do Recife, sobretudo no tocante à infraestrutura e habitação. João Paulo fez duas grandes gestões no Recife e o reconhecimento de Lula seria até natural. João Paulo integra uma ala do PT que tem bom trânsito com o Palácio do Campo das Princesas, apoiando os projetos da governadora na Assembleia Legislativa do Estado. A maioria dos grêmios partidários ou das federações que estão se formando encontram-se na mesma situação. O PT municipal já se integra  a gestão e está engajado no projeto de João Campos para 2026. 

Numa análise simples dos escores atingidos pelo atual prefeito do Recife nas primeiras sondagens para as eleições estaduais de 2026, deduz-se pela simpatia de um eleitorado conservador ao seu nome, algo que já se verifica desde o momento em que ele foi eleito para a Prefeitura da Cidade do Recife pela primeira vez. Esta condição poderia explicar suas ponderações no que concerne a externar um estreitamente tão orgânico com o PT. Nos últimos meses, no entanto, principalmente depois que assumiu a direção nacional do PSB, o prefeito resolveu externar total sintonia com o petismo. É preciso entender aqui qual o seu cálculo político. 

quinta-feira, 14 de agosto de 2025

Editorial: Lula cumpre agenda em Pernambuco.

Crédito da Foto: Ricardo Stuckert


O Governo Lula lançou uma espécie de resposta ao tarifaço imposto aos produtos de exportação brasileiros para os Estados Unidos. Infelizmente, o Governo Lula 3 continua com a prática de usar um dinheiro que não tem. São 30 bilhões destinados ao Plano Soberano, que reúne um pacote de ajuda aos setores atingidos pelo tarifaço de 50%. Sabe-se que o Governo dos Estados Unidos excluiu muitos produtos da lista, mas alguns permaneceram. O drama são esses que permaneceram. Não há qualquer diálogo do Governo dos Estados Unidos com o Governo Lula sobre este assunto. O Governo Lula tentou uma negociação comercial, mas sabe-se que o problema é político. Donald Trump deseja que o ex-presidente Jair Bolsonaro dispute as eleições presidenciais de 2026. 

Curioso que, nesta guerra de narrativas, quem faz oposição a Lula afirma a ausência de gestos do mandatário brasileiro, enquanto quem defende o petista, afirma que é Trump que não deseja dialogar. O impasse tende a perdurar, uma vez que o Governo Brasileiro não atenderá às expectativas do Governo Trump. Hoje, 14, o presidente Lula cumpre agenda em Pernambuco, onde faz anúncios e entrega obras pelo estado. Ontem, 13, sua esposa, Rosângela da Silva, esteve na cidade de Itapissuma, na Região Metropolitana do Recife, onde conheceu o trabalho das mulheres marisqueiras locais.  Coincidentemente, Lula hoje também entrega obras numa cidade praticamente vizinha, Goiana, onde a presença dessas mulheres marisqueiras é uma constante. Tratamos de uma dessas associações de mulheres marisqueiras no nosso novo romance: Nas Marés de Malunguinho, ambientado na Comunidade Quilombola de São Lourenço. 

Habilmente, numa entrevista concedida ao Jornal do Commércio, o presidente Lula afirmou ser um privilégio o estado contar com dois políticos do porte da governadora Raquel Lyra e o prefeito João Campos. Uma pesquisa do Instituto Paraná Pesquisas sobre a disputa de 2026 em Pernambuco, apontando uma folgada dianteira do prefeito sobre a governadora, está suscitando um clima de - imaginem! - eleições definidas. Não há nada definido, embora a governadora precise equilibrar o jogo da disputa no Recife e Região Metropolitana, sob pena de ter que repetir, assim como o fez Agamenon Magalhães em décadas passadas, que o Recife é uma cidade cruel.  

quarta-feira, 13 de agosto de 2025

Charge! Dálcio Machado via Facebook.

 


Editorial: O climão azedou de vez no Legislativo.


As previsões não são nada boas para o andamento dos trabalhos no Legislativo. O Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, delegou ao Corregedor da Casa o exame da aplicação de penalidades a 14 parlamentares que protagonizaram aquele motim por ocasião da decretação da prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro. Numa entrevista recente, o líder da oposição, o deputado federal Luciano Zucco, do PL do Rio Grande do Sul, já prepara suas armas para o enfrentamento, o que pode ser entendido como expedientes que poderão travar de vez os trabalhos. Hugo Motta parece resoluto em sua decisão de punir os infratores, mesmo sabendo dos custos políticos desta decisão. A gente fica aqui imaginando qual seria o seu cálculo político. Recuperar a autoridade perdida? 

A utilização do ex-Presidente da Casa Legislativa, Arthur Lyra, como bombeiro foi uma demonstração cabal de que o atual presidente perdeu as  condições mínimas para as negociações. A cena do líder do PL, o deputado Sóstenes Cavalcante, circulando nos corredores da Câmara em direção ao gabinete de Lyra é emblemática. De concreto mesmo, a condução dos trabalhos ficou sensivelmente prejudicada em função dos últimos acontecimentos. Na realidade, para sermos mais precisos, essas relações nunca foram boas. Pressa mesmo apenas na apreciação de uma legislação corporativa que favorece os próprios interesses dos parlamentares, a exemplo do foro privilegiado, que traz um adendo curioso. Além de remeter as eventuais falcatruas cometidas pelos parlamentares para juízes de primeira instância, não satisfeitos, eles ainda desejam que se, e somente se, a Câmara conceder o aval para as investigações.

Aliás, vamos muito mal de negociações. O impasse permanece entre o Governo Brasileiro e o Governo dos Estados Unidos em torno das tarifas impostas pelo presidente Donald Trump aos produtos de exportação brasileiros. Não haverá diálogo simplesmente porque o presidente Lula não dará o que Trump deseja. Quando o presidente Trump queixa-se da ausência de acenos do Governo Lula, entenda-se como não ceder às suas expectativas, de cunho eminentemente políticos. Só haveria diálogo com a reabilitação política do ex-presidente Jair Bolsonaro.  

Charge de Renato Aroeira, Brasil 247. 

terça-feira, 12 de agosto de 2025

Charge! Renato Aroeira via Brasil 247

 


Charge! Nando Motta via Brasil 247

 


Editorial: Lula desiste dos evangélicos.



No dia de ontem, 11, líamos uma matéria curiosa sobre a relação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com os evangélicos. Houve um tempo - põe tempo nisso - que o Partido dos Trabalhadores mantinha uma relação orgânica com os evangélicos, mantendo em sua estrutura núcleos concentrados na defesa dos interesses desse nicho eleitoral junto àquele partido. O PT foi perdendo essa capilaridade, depois de um processo de burocratização e oligarquização. O partido perdeu esta liga com diversos segmentos sociais, inclusive os evangélicos. Nas eleições de 2022, por exemplo, várias estratégias foram adotadas para promover uma reaproximação desse nicho eleitoral com Lula. Todas sem êxito ou de resultados duvidosos, enquanto o seu principal oponente transitava com desenvoltura entre este segmento. 

Num determinado momento, o próprio líder petista chegou a lamentar tal hiato. A matéria informava que Lula havia desistido dos evangélicos, a despeito dos apelos de alguns dos seus assessores diretos, que evidenciaram a temeridade de uma atitude desta natureza. Os evangélicos passaram a ser decisivos nas últimas eleições mais recentes. Há um estudo que assegura que, em muito breve, ninguém senta na cadeira do Palácio do Planalto sem o apoio deste nicho eleitoral. Ou seja, os evangélicos serão capazes de decidir um pleito presidencial. Aqui em Pernambuco, este eleitorado vem sendo disputado paulatinamente. Tanto pelo prefeito João Campos,  quanto pela governadora Raquel Lyra, que devem bater chapa na disputa pelo Palácio do Campo das Princesas. 

Estima-se que 30% do eleitorado do Recife, calculado por um político do ramo, seja evangélico. Enquanto Lula se afasta, na Venezuela, Nikolas Maduro estreita os laços com este nicho eleitoral, inclusive com igrejas que atuam no Brasil. Os assessores de Lula têm toda a razão em alertá-lo sobre as consequências de uma tomada de decisão deste porte. Principalmente quando se tem em mente um projeto de reeleição pela frente. 

segunda-feira, 11 de agosto de 2025

Editorial: Cícero e Cássio. Articulações para 2026?

 


Até recentemente, por ocasião do lançamento de um filme realizado a partir de um poema do seu pai, Ronaldo Cunha Lima, ocorreu um encontro entre o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena(PP-PB), e o ex-governador do estado, Cássio Cunha Lima. A família Cunha Lima sempre exerceu forte influência política no estado. Como Cássio Cunha Lima hoje se preocupa, sabiamente, muito mais com os ingredientes dos seus churrascos de final de semana - entregando as missões políticas aos herdeiros do clã - em princípio, não há muita coisa a se especular em torno do encontro. Ademais, o prefeito Cícero Lucena conversa com todo mundo. 

A sua base de apoio é eclética, abrindo espaço até mesmo para que ele seja o nome escolhido para representar as forças do campo progressista, que gravita em torno do governador João Azevedo. O problema tem sido exatamente este, ou seja, os arranjos em torno da composição dessa chapa, onde se presume alguns critérios, mas que não estão claros até agora, exceto o apoio ao projeto de reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva, uma vez que João Azevedo integra um núcleo mais ideológico ou autêntico do PSB. O apoio da família Cunha Lima é algo que pesa nos arranjos políticos do estado. O deputado federal Pedro Cunha Lima, recentemente filiado ao PSD, está no páreo para uma disputa majoritária. 

As conversas da família Cunha Lima estavam mais amadurecidas com o senador Efraim de Moraes, que não esperou muito pelos critérios. Arranjou-se com o PL do ex-presidente Jair Bolsonaro e já lançou o seu nome na disputa pela cadeira do Palácio Redenção. O ex-ministro da Saúde do Governo Bolsonaro, Marcelo Queiroga, compõe a chapa na condição de candidato ao Senado Federal pelo estado. Oposicionista ao governo de João Azevedo, talvez este seja um dado a ser considerado, ou seja, a saída dos Cunha Lima agora poderia passar por uma articulação com o prefeito Cícero Lucena. 

Editorial: Diálogos trumcados com os Estados Unidos.


Quem, de fato, está mantendo algum tipo de diálogo com as autoridades dos Estados Unidos é Eduardo Bolsonaro, que foi recebido recentemente pelo presidente Donald Trump. Infelizmente, não há interlocução do governo brasileiro com os Estados Unidos. Enquanto isso, a situação apenas se agrava, uma vez são divulgadas sistematicamente notícias envolvendo eventuais novas medidas dos americanos contra autoridades do nosso Judiciário, assim como permanece o impasse em torno das famigeradas tarifas, sobretudo na medida em que se amplia, aí sim, o diálogo do Governo Lula 3 com o Governo da Rússia, através do seu mandatário, Vladimir Putin, que ligou para Lula recentemente. 

Há uma expectativa em torno das medidas que poderão vir a serem adotadas pelo Governo Lula, algo que está na prancheta do Ministério da Fazenda. Em breve saberemos, pois este clima de beligerância não dá sinais de trégua ou conciliação. O Governo Lula também já anunciou que irá recorrer a OMC reclamando das medidas tomadas pelo Governo dos Estados Unidos. Os americanos hoje não dão a mínima para as resoluções dessas organismos internacionais. Os tempos são outros. A questão é simples: os Estados Unidos desejam duas coisas interligadas: a reabilitação política do ex-presidente Jair Bolsonaro e, numa eventualidade de uma vitória deste, acesso aos nossos minérios preciosos. Duas concessões que não serão feitas pelo Governo Lula 3, daí este diálogo "trumcado". com "M" de Trump. 

Diante desses impasses, as expectativas não são nada alvissareiras. Vamos neste diapasão por mais uma semana, aguardando as "novidades", que podem ser traduzidas como novas retaliações dos americanos, jogando Lula, cada vez mais, nas cordas de uma aproximação cada vez maior com os chefes de Estado desafetos dos Estados Unidos. Noticia-se para breve um encontro entre Vladimir Putin e Donald Trump, onde a situação da guerra na Ucrânia estará na agenda. A situação para o impasse, pelo andar da carruagem política, pode ser traduzido em algo que interesse aos dois países, independentemente do interesse da Ucrânia. É disso que se trata. É assim que as coisas estão sendo conduzidas no momento no tabuleiro das relações internacionais. 

Charge! Renato Aroeira via Brasil 247

 


domingo, 10 de agosto de 2025

Editorial: O estado de saúde da democracia brasileira.

 


No passado já foi mais simples definirmos os parâmetros ou os indicadores de um regime democrático. Hoje está tudo muito confuso. O último ranking do Varieties of Democracy (V-Dem), formado por cientistas políticos da Universidade Gotemburgo, na Suíça, por exemplo, enaltece o fato de termos salvo as nossas instituições democráticas em 2022, com mais uma eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Isso ocorreu logo após mais uma daquelas investidas autoritárias capitaneadas por forças bem conhecidas nossas, o que não deixa de ser algo alvissareiro. Evitamos o pior, é verdade, mas não saímos do lodaçal institucional que foi criado, que c0nta com apoio hoje até de forças internacionais. Ou seja, o fermento autocrático continua ativo no país, se manifestando ora através de parlamentares eleitos; ora através de governadores de direita; ora na saúde debilidade do aparelho de Estado; ora nas ruas, onde essas forças contam com uma massa de apoiadores, que pretendem mobilizar por ocasião da comemoração do 7 de setembro, conforme se já se especula. 

À medida em que se aproxima os dias de ajustes de contas dos obscurantistas com as forças legítimas de nossa democracia, os golpistas parecem mais firmes na convicção de acionarem os dispositivos que possam lhes assegurar a impunidade. PL da Anistia; mudanças de foro - porque golpistas e corruptos selaram uma aliança -; articulação internacional contra as nossas autoridades. É neste aspecto que se torna tão difícil, de fato, aferir a saúde de um regime democrático, tomando apenas como exemplo o nosso caso. Para variar, a nossa experiência democrática é sui generis, forjada numa indiferença entre o público e o privado, sob o signo do trabalho escravo,  onde 0 reconhecimento dos direitos do outro ainda se constitui numa luta contínua. 

Lá atrás, quando adentrávamos os bancos escolares para estudar Ciência Política, sempre nos chamou muita a atenção uma expressão do historiador da filosofia francês, Claude Lefort, onde ele afirmava que uma democracia que não se amplia tende a morrer de inanição. Por inúmeras razões, entre as quais o hiato entre democracia política e democracia substantiva, sempre tivemos sérios problemas em consolidar um regime inviolável, de plena democracia, capaz de sobreviver às placas tectônicas autoritárias. Nunca passamos de quatro mandatos presidenciais de quatro anos sem um novo solavanco. Há quem afirme que se chegarmos ao quinto mandato, as tentativas autoritárias serão suprimidas. Dada à nossa especificidade, temos aqui as nossas dúvidas.  

Editorial: Humberto e João Campos: o grande encontro.



O prefeito do Recife, João Campos(PSB-PE), já sinalizou que deseja abrir o diálogo com o senador Humberto Campos, de olho, muito provavelmente, na consolidação da chapa que deve concorrer ao Palácio do Campo das Princesas, em 2026. Ainda estamos na fase do sapatinho, dos confetes, dos elogios, dos melindres de lado a lado. É a fase da prospecção. Pernambuco enfrenta o problema da profusão de pré-candidatos ao Senado Federal e isso significa dizer que muitos desses candidatos não passarão da fase da pré-candidatura. Por uma série de fatores, inclusive com a ajuda inestimável de segmentos da imprensa, a centrífuga política local está moendo para a composição de apenas duas chapas competitivas ao Palácio do Campo das Princesas. De um lado João Campos(PSB-PE), do outro, Raquel Lyra(PSD-PE). 

Conforme assinalamos no dia de ontem, o PT, na realidade, tem dois palanques informais no estado. Há atores políticos do PT, a exemplo do deputado estadual João Paulo, francamente favorável à formação de dois palanques oficiais de apoio ao projeto de reeleição de Lula nas eleições de 2026. O pré-requisito do apoio ao projeto de reeleição de Lula, tanto Raquel Lyra quanto João Campos se encontram em condições de atender. A preservação do mandato de Humberto Costa é uma das prioridades para o PT. E tal premissa não se aplica apenas ao estado de Pernambuco, quando se sabe do capital político do pernambucano a nível nacional. 

Qualquer que seja a situação no plano nacional, as pesquisas sempre indicaram a preservação do espólio político de Lula no estado. Diante da nova conjuntura, a tendência é que o líder petista melhore seus escores em todo o país, ampliando-o quem sabe no estado, ampliando sua condição de barganha nas negociações. No caso da composição com o socialista, o líder petista tem dois trunfos: seu apoio declarado no estado e a composição a nível nacional, onde os socialistas desejam manter Geraldo Alckmin na condição de vice na chapa de reeleição.  

sábado, 9 de agosto de 2025

O xadrez político das eleições estaduais de 2026 em Pernambuco: União Progressista é quem escolhe o palanque.



Há uma movimentação intensa de pré-candidatos ao Senado Federal em Pernambuco. É preciso até que alguns deles tomem alguns cuidados, uma vez que a campanha, pelo menos oficialmente, ainda não começou. Hoje líamos algumas notícias sobre eventuais violações dessas regras em outros estados da Federação. Este fenômeno ocorre em praticamente todo o Brasil, uma vez que as eleições ao Senado Federal estão assumindo uma importância até mesmo maior do que a eleição presidencial. A estratégia da oposição, principalmente a bolsonarista mais radical, deseja transformar o Senado Federal numa trincheira de luta que viabilize seus projetos de anistiar golpistas e interferir no Poder Judiciário, com quem eles não se bicam. 

Todos os indicadores levantados até este momento indicam que eles levam vantagens competitivas na maioria dos estados, indicando uma tendência majoritária de voto conservador entre o eleitorado brasileiro, algo que já se repete desde algum tempo. Na realidade, a direita deu uma lapada na eleição de 2022 e 2024, o que significa uma tendência que poderá se repetir em 2026. É preciso que as forças do campo progressista considerem essa possibilidade, aprendam algo com as últimas refregas e melhorem o empenho daqui para a frente. O prefeito do Recife, João Campos, até recentemente alertou para a necessidade de não radicalização - vale dizer polarização - apostando em nomes identificados com este projeto, mas sem aquele perfil radical, o que poderia melhorar a competitividade. É possível que ele tenha razão. 

Dada a importância daquele pleito, consideramos que o PT poderia estar se movimentando de forma mais célere. A fala do prefeito João Campos foi entendida por alguns cronistas locais como uma sinalização da composição de sua chapa para disputar o Governo do Estado, em 2026. Pelos movimentações em seu entorno, sugere-se que a chapa hoje pode ser integrada pelo Ministro dos Portos e Aeroportos, Sílvio Costa Filho, do Republicanos, e o ex-prefeito de Petrolina, Miguel Coelho, que integra o União Brasil da federação União Progressista. É como se João, ao consolidar sua aliança com o projeto de reeleição de Lula, pedisse permissão para a formação de uma chapa sem um integrante do PT, que seria, naturalmente, Humberto Costa. 

Como já discutimos num texto anterior, o Planalto tem duas cartas na manga para pressionar uma mudança de posição do prefeito socialista. Poderá usá-las, uma vez que a reeleição de Humberto Costa está entre as prioridades da legenda. Em entrevista recente, o Presidente da União Progressista no Estado, o deputado federal Eduardo da Fonte, afirmou que a federação formada da união entre o União Brasil e o Progressistas possui musculatura política para escolher o palanque que desejar. O palanque polarizado entre o prefeito João Campos(PSB-PE) e a governadora Raquel Lyra(PSD-PE), que deve tentar a sua reeleição, ou até a formação de uma chapa própria. Quem sabe? 

A rigor, se houvesse algum consenso, a União Progressista já estaria contemporizada na chapa de João Campos. O problema é que esses consensos estão cada vez mais difícil de serem construídos no estado. Eduardo da Fonte trabalha como candidato ao Senado Federal, em 2026. Aliás, no estado, a Federação União Progressista caminha com um pé no Palácio Capibaribe e outro no Palácio do Campo das Princesas. Situação que não é apenas privilégio desta federação. O mesmo ocorre com o PT, com o MDB, com os tucanos. Vamos ver como essa equação será resolvida até aquelas eleições. O máximo divisor comum político deve sugerir alguma solução para este impasse. 

Editorial: Motta está disposto a punir os amotinados.


O Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, parece mesmo resoluto na decisão de aplicar uma punição aos deputados envolvidos no motim que paralisou os trabalhos daquela Casa Legislativa recentemente. Tudo tem um custo político que precisa ser muito bem avaliado. O presidente Lula, numa declaração recente em torno do comportamento desses parlamentares, chegou a sugerir até mesmo uma cassação de mandato. O precedente é complicado, depõe contra as boas práticas democráticas e republicanas e, como tal, precisa ser repelido e combatido, sob pena de tais práticas se tornarem rotineiras, principalmente se considerarmos o perfil desses parlamentares amotinados. 

Hugo Motta já teria acionado a procuradoria da Casa com este objetivo, onde cinco parlamentares, devidamente identificados, poderão serem punidos por seis meses, afastados das atividades parlamentares, sem receber seus salários. Hugo Motta saiu bastante desgastado deste embate com os parlamentares da oposição bolsonarista, que desejam pautar o PL da Anistia a todo custo. O danado é que, segundo dizem, o acordo teria sido fechado com Hugo Motta antes de sua eleição para a presidência da daquela Casa. Uma coisa são os acordos firmados antes das eleições e outra, bem diferente, é o cotidiano da gestão. Entre um intervalo e outro, muitas coisas se sucederam, como os alertas de que os outros Poderes da República não estão dispostos a perdoarem aqueles que atentaram contras as nossas instituições democráticas recentemente. Registre-se também que a população brasileira, em sua maioria, também não concorda com a anistia, segundo alguns levantamentos já realizados. 

Outro impasse diz respeito à ideia fixa da oposição bolsonarista em mover montanhas para tentar viabilizar o impeachment de membros da Suprema Corte. Talvez mais incisivo do que Hugo Motta, Davi Alcolumbre já antecipou que a proposta não anda nem com 81 assinaturas. No dia de ontem, o Executivo impôs 61 vetos ao PL da Devastação, uma proposta indecente, aprovada durante a madrugada, que vinha a calhar com a sanha das motosserras. Em declaração recente, a Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, declarou-se satisfeita com os vetos do presidente Lula, o que significa dizer que, pelo menos por enquanto, ainda podemos respirar. 


sexta-feira, 8 de agosto de 2025

Editorial: Lula veta dispositivos do "PL da Devastação".


Se alguém deseja um indicador preciso sobre as dificuldades de relacionamentos - vale dizer governabilidade - entre o Executivo e o Legislativo, basta dá uma olhada nos projetos que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está sendo obrigado a vetar, mesmo depois de aprovados na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. O Legislativo não está jogando PL's na mesa de Lula, mas verdadeiras bombas ou armadilhas, onde o líder petista precisa se posicionar, ora em favor de sua base histórica de sustentação, ora procurando minimizar os atritos junto ao Legislativo. Em situações limites, precisa recorrer ao STF para governar, conforme ele mesmo admitiu noutro momento. 

Este PL da devastação, aprovado durante a madrugada, com a tropa do governo vencida, sem condições de esboçar qualquer reação, em razão do rolo compressor montado pela oposição, é um verdadeiro estouro da boiada, uma licenciosidade sensivelmente perigosa para a proteção ambiental, inclusive comprometendo a atuação ou prerrogativas de órgãos tradicionalmente vinculados a defesa do meio ambiente, caso do IBAMA, ICMbio.  A Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, quando de suas audiências na Câmara Federal tem sido hostilizada e ofendida até em sua honra, por parlamentares oposicionistas, emprestando à sua pasta aquela condição onde o diálogo se tornou impossível entre Governo e Oposição, a exemplo da segurança pública, onde a Bancada da Bala defende posições radicais, enquanto o Governo se orienta pelo respeito aos direitos humanos. 

Este era um bom teste para o líder petista. Não chegamos a ler todos os vetos ao PL, mas sabe-se que o presidente contou com a assessoria do seu núcleo duro para auxiliá-lo na tomada de decisão. Estiveram com ele a Ministra da Articulação, Gleisi Hoffmann, o Ministro da Casa Civil, Rui Costa, a Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e o Ministro da AGU, Jorge Messias. Pelo menos desta vez, a boiada não passou. Ainda bem. O meio ambiente agradece. 

Editorial: Democratas de todo o país, uni-vos.

 


O Ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, tem razão quando afirmou recentemente, durante uma entrevista, que o país esteve na iminência de mergulhar num pântano institucional. Com muito esforço, expondo-se diuturnamente, alguns atores foram fundamentais para evitar tal desastre, onde todos pagaríamos um preço muito alto, submetendo as gerações seguintes às agruras do autoritarismo, do medo, da insegurança jurídica, da perseguição, da incerteza, do tolhimento das liberdades individuais e coletivas. Com essas coisas não se brinca. Ainda hoje o país enfrenta os reflexos perversos de um longo, tenebroso e indesejável inverno ocorrido a partir de 1964. 

Nos últimos anos, aparelharam a burocracia pública com militares suscetíveis às aventuras golpistas; corromperam as instituições de segurança e inteligência de Estado; ameaçaram a sublevação da ordem do Estado Democrático de Direito; suspeita-se que espionaram e perseguiram desafetos; prepararam todo o terreno para o pântano institucional ao qual o ministro Gilmar Mendes se refere. Chamados à responsabilização dos seus atos, hoje eles procuram artifícios para continuarem impunes, desafiando as instituições democráticas e, muito provavelmente, se articulando para tramaram, mais uma vez, contra os interesses de nossa democracia. 

O julgamento público e transparente - talvez algo inédito no mundo, como se referiu recentemente o Ministro Alexandre de Moraes - serviu para expor as vísceras da armação dantesca que estava em curso.  Um general de Exército admitiu ter sido ele o autor do plano Punhal Verde e Amarelo, que previa o assassinato de ministros e autoridades da República. Se um general faz esta confissão, vocês bem pode imaginar como as peças estavam se movendo nos estertores ou sobre o que se passava na cabeça dos "guardas da esquina". Pode-se imaginar filas de candidatos a se tornarem os Ustras de 1964. Os democratas deste país precisam se unir, cerrar fileiras em torno desses atores que estão atuando na linha de frente, em defesa de nossas instituições democráticas, lutando ferozmente contra seus usurpadores. Democratas de todo o país, uni-vos! 

Editorial: O acordo.



Numa conversa reservada com o Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, o líder do PL, Sóstenes Cavalcante, apresentou suas reivindicações para encerrar o motim no plenário e, assim, permitir a normalidade dos trabalhos. Hugo Motta tratou o caso como uma chantagem e afirmou que não cederia ao pleito, o que levou Sóstenes Cavalcante a procurar o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lyra, espécie de eminência parda, com ascendência sobre Hugo Motta. Esses acordos geralmente não são divulgados, por razões óbvias, mas hoje alguns jornais estão trazendo o resultado de uma costura política articulada entre o centrão, o PL e Arthur Lyra. Curioso foi ver o deputado federal pelo Rio de Janeiro, Sóstenes Cavalcante, nos corredores da Câmara, às pressas, procurando chegar ao gabinete de Lyra, flagrado por um jornalista. 

Pode-se fazer várias leituras dessa atitude. A primeira delas, e mais preocupante, é o esvaziamento do poder do paraibano, pouco tempo depois de assumir o cargo. Pelo andar da carruagem política, foi firmado um acordo entre o centrão, o PL e Arthur Lyra, onde está previsto uma revisão do foro privilegiado e a pauta do PL da Anistia aos envolvidos ou implicados na tentativa de golpe de Estado de 08 de janeiro. Na realidade, estamos tratando aqui de duas excrescências. O que se procura, na verdade, conforme enfatizamos no dia de ontem, é livrar a cara daqueles que estiveram no epicentro das tessituras de mais uma tentativa de golpe de Estado no país, assim como remeter à primeira instância uma penca de deputados enredados juridicamente na Suprema Corte, em razão das maracutaias com as emendas parlamentares. A lista é enorme.

Sugere-se, ainda no calor do momento - isso tende a se dissipar ao longo do tempo - que o deputado federal Hugo Motta ainda mantém a convicção sobre a necessidade de identificar e punir os amotinados. Os analistas políticos costumam sempre avaliar o nosso Poder Legislativo de tempos em tempos. Com raríssimas exceções, as avaliações não são boas, por uma série de motivos, a começar pelas escolhas que são feitas pelos eleitores, quase sempre movidas por critérios pouco substantivos. Não é preciso muito para chegarmos à conclusão de que estamos diante de uma representação parlamentar que deixa a desejar.  As cenas ridículas protagonizadas nos últimos dias é um bom exemplo do que estamos afirmando.  

Charge! Renato Aroeira via Brasil 247

 


Charge! Dálcio Machado via Facebook

 


quinta-feira, 7 de agosto de 2025

Editorial: Americano Baptista, o colégio de Gilberto Freyre.

 

Crédito da Foto: Rafael Dantas, Revista Algo Mais. 


Tratou-se de uma iniciativa das mais importantes da governadora Raquel Lyra(PSD-PE) ao adquirir o imóvel onde  funcionou o Colégio Americano Baptista, com o objetivo de transformá-lo num complexo educacional vinculado à Secretaria de Educação do Estado. Como o processo já se arrasta há algum tempo, uma entidade ligada aos Sem Teto resolveu promover uma ocupação daquele prédio público. Nos últimos meses, inclusive, Pernambuco entrou numa disputa saudável, onde a Prefeitura do Recife, assim como o Governo do Estado, passaram a assumir a responsabilidade de transformar prédios abandonados em equipamentos públicos de serviços à população. Assim, estão previstas reformas no Liceu de Artes e Oficio e também no antigo prédio da Fábrica Tacaruna.  

Como existem vários projetos habitacionais em andamento, logo teremos provavelmente uma solução negociada com a entidade que hoje ocupa o prédio do Americano Baptista e o Governo do Estado. Por outro lado, o estado se vê na contingência de apressar as obras de recuperação física do imóvel, dando a ele uma destinação mais apropriada, consoante o projeto inicial, fazendo jus à história e tradição do colégio, aqui tratado carinhosamente como o colégio de Gilberto Freyre. De fato, sim. Não há nenhum exagero aqui. Gilberto foi o aluno mais brilhante que ocupou aqueles bancos escolares. A família Freyre, aliás, tem uma longa história com aquele estabelecimento de ensino. O pai de Gilberto, Alfredo Freyre, foi professor do colégio durante anos. Erudito, ensinou quase todas as matérias naquela instituição de ensino, à exceção de matemática. 

O colégio tinha uma tradição de oferecer bolsas aos seus alunos para estudarem nos Estados Unidos. Este foi o caso de Gilberto Freyre e Ulisses Freyre, irmão do sociólogo. A experiência de Gilberto Freyre no colégio foi uma das mais significativas. Ali ele começou a sua carreira de jornalista e escritor, onde dirigia um jornalzinho O Lábaro, ensinou aos colegas com dificuldades e se tornou o orador da sua turma ao concluir o ensino médio, antes de embarcar para a temporada de estudos nos Estados Unidos. Como se sabe, Gilberto tinha uma inteligência fora da curva. Os seus biógrafos se debruçam sobre a sua formação e influências teóricas, à procura de pistas para a concepção do clássico Casa Grande & Senzala. É curioso, mas o seu biógrafo oficial, Edson Nery da Fonseca, observa em seu discurso, ao se despedir da turma do colégio, na condição de orador, alguns pressupostos que já guiariam a escrita daquele texto alguns anos depois.

Interessante observar, igualmente, que Gilberto Freyre esteve envolvido diretamente nas primeiras iniciativas de preservação do patrimônio histórico do país, cabendo ao sociólogo a prerrogativa de realizar um levantamento do patrimônio histórico que deveria ser preservado na região Nordeste. Há algumas críticas aos eventuais vieses que nortearam os critérios utilizados pelo sociólogo, dando prioridade ao casario relacionado à hegemonia do patriarcado rural associado ao colonialismo português, mas, em todo caso, o trabalho foi importante. Ressalte-se também a sua contraposição à Liga Social Contra o Mocambo, um projeto de intervenção urbana de caráter higienista proposto pela ditadura do Estado Novo,  no Recife. Por todos esses motivos é importante que a iniciativa da governadora se materialize, como uma forma de preservar o prédio por onde passou não apenas o ilustre aluno, mas  também reconhecer o trabalho de um pensador que esteve sempre preocupado com as questões relacionadas às intervenções urbanas do Recife.  

Editorial: Motim bolsonarista impede andamento dos trabalhos no Legislativo.



A confusão armada pela oposição bolsonarista no Legislativo permanece, levando os presidentes das duas Casas a adotarem medidas mais substantivas para assegurar o andamento dos trabalhos. A Folha de São Paulo, em sua edição de hoje, 07, trata o caso como um motim. Eles desejam impor uma pauta na marra, passando por cima do ordenamento ou dos trâmites normais, onde as discussões passariam, necessariamente, pela clivagem e liderança de Hugo Motta, Presidente da Câmara dos Deputados, e do senador Davi Alcolumbre, Presidente do Senado Federal. No dia de ontem, durante uma entrevista, o Ministro do Supremo Tribunal, Gilmar Mendes, assinalou que não apenas a Suprema Corte, mas os brasileiros e brasileiras, de uma maneira geral, devem ser gratos ao Ministro Alexandre de Moraes. Não fosse por ele, o país poderia ter mergulhado num pântano institucional. 

É exatamente isso o que os bolsonaristas tentam provocar, ora convocando manifestações de ruas, ora articulando contra os interesses do país e de nossas autoridades da Suprema Corte no exterior, ora travando a pauta do nosso Legislativo. Ações articuladas que tentam impor sua vontade, atropelando os ordenamentos de praxe. Ao que se sabe, votações importantes, como a que asseguraria os créditos suplementares para honrar a devolução dos recursos subtraídos indevidamente dos aposentados, assim como a isenção de impostos de renda para quem ganha até dois salários mínimos deixaram de ser apreciadas. Eles tomaram de assalto o assento dos presidentes das duas Casas Legislativas. 

Salvo melhor juízo, Davi Alcolumbre, Presidente do Senado Federal, já antecipou que não irá pautar nenhum pedido de impeachment de ministro do STF. A questão da proposta de anistia aos envolvidos na tentativa de golpe de Estado, mesmo que aprovada, esbarra numa sinalização já antecipada da Suprema Corte no sentido de que se trata de uma proposta inconstitucional. As nossas instituições democráticas estão dispostas a punirem com o rigor da lei aqueles que tramaram contra a nossa democracia. Que assim seja.  

Charge! Dálcio Machado via Facebook.

 


Editorial: Lula não liga para Trump.

 



Até bem pouco tempo, os dois presidentes, Lula e Donald Trump, mostraram disposição para manter um diálogo em torno das tarifas impostas pelo governo americano aos produtos de exportação brasileiros. Ontem, porém, o presidente Lula afirmou que não iria ligar, uma vez que considerava uma humilhação um chefe de Estado se submeter a uma situação do gênero, considerando, sobretudo, que o presidente Donald Trump não estava nenhum pouco interessado em conversar. Talvez Lula tenha razão, mas não custava tentar, se considerarmos a gravidade da situação. Há uma lista enorme de presidentes que abriram um diálogo com os Estados Unidos em torno dessas famigeradas tarifas. Chefes de Estado precisam engolir alguns sapos no exercício de suas funções. As bravatas ficam para o palanque, no momento das eleições. 

Os Estados Unidos, ao apagar das luzes dos prazos finais estipulados, aboliu uma enormidades de produtos da lista macabra dos 50%, mas, por outro lado, manteve alguns outros produtos, o que seria suficiente para produzir danos consideráveis às exportações brasileiras, aos nossos produtores e, principalmente, aos trabalhadores daquela setor, como é o caso dos empregados na produção, colheita e processamento das frutas produzidas no Vale do São Francisco, no Sertão pernambucano. A governadora Raquel Lyra tem mantido gestões junto ao Governo Federal para encontrar uma solução para o problema. Fala-se muito numa solução interna, para o escoamento da produção. Não sei se o consumo interno daria conta de produção. 

Ficamos aqui a imaginar se a decisão de não ligar para Trump foi uma decisão pessoal de Lula ou teve o dedo de algum assessor enviesado por questões ideológicas, que devem ser minimizadas neste momento. Na realidade, os dois presidentes estão de birra, submetidos às escaramuças de lado a lado. Desde o momento em que foram iniciadas essas contendas, a situação apenas se agravou do ponto de vista político. O presidente Donald Trump deseja a reabilitação política do ex-presidente Jair Bolsonaro para disputar as eleições presidenciais de 2026, algo que o país não pode assegurar. 

quarta-feira, 6 de agosto de 2025

Editorial: Ministro Alexandre de Moraes flexibiliza prisão domiciliar de Jair Bolsonaro.


O Ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, determinou uma flexibilização nas regras da prisão domiciliar aplicada ao ex-presidente Jair Bolsonaro, ao permitir que ele possa receber a visita dos seus filhos. Desde a decretação da prisão que o país mergulhou numa situação de esgarçamento institucional jamais visto, protagonizando-se cenas indesejáveis nas Casas Legislativas. Aliás, faz algum tempo que o nosso Poder Legislativo encontra-se numa espécie de ebulição permanente. Vamos partir para um desfecho talvez indesejável, uma vez que ninguém está disposto a depor as armas. Vale sempre lembrar aqui a advertência do sociólogo jamaicano\britânico sobre uma situação demasiadamente polarizada, que só termina quando um dos polos destrói o outro. 

O que a oposição deseja, ou seja, a anistia aos conspiradores golpistas do 08 de janeiro, não poderá ser concedido por nossas instituições democráticas do Poder Judiciário, guardião de nossa Constituição. Há um limite de tolerância com os intolerantes. Desde a decretação da prisão domiciliar do ex-presidente Bolsonaro que se especula sobre tudo, até mesmo sobre a eventualidade de divergências dentro da Suprema Corte em relação ao assunto. Qual o problema de este ou aquele Ministro da Corte não concordar com a decisão de um dos pares? Nenhum. Ademais, até recentemente, durante um evento, quando indagado sobre o assunto, o Ministro Gilmar Mendes reafirmou que o órgão está solidário com a decisão tomada pelo Ministro Alexandre de Moraes.

A construção de consensos mínimos é sempre o melhor caminho para o enfrentamento de situações de conflitos. Quando os dois lados, naturalmente, estão abertos ao diálogo. Quando um dos lados aposta no quanto pior melhor, aí sim torna-se quase impossível a construção de tal consenso.  Cada analista que diga o que deve estar faltando para construirmos essa liga. O problema, na realidade, trata-se de um mal de origem, mas não vamos entrar nos pormenores para não "melindrar" uma situação cada vez mais complicada. É hora de conciliação, de colocarmos água na fervura e não gasolina. 

Editorial: Oposição pretende obstruir pauta no Legislativo.


Na realidade, esta obstrução de pauta já está configurada. Os presidentes da Câmara Federal, Hugo Motta, assim como David Alcolumbre, que preside o Senado Federal, já convocaram uma reunião de lideranças partidárias com o propósito de tentar esfriar os ânimos entre os membros da oposição, uma vez que a leitura é que os mesmos estão extrapolando limites em suas atitudes de protesto. Não sabemos se uma reunião de lideranças partidárias será suficiente para esfriar os ânimos, uma vez que a corda está muito esticada neste cabo de guerra, conforme assinalamos no dia de ontem. Nossa democracia, que resistiu a uma tentativa de golpe, hoje encontra enormes dificuldades de concretizar a punição aos envolvidos. É disso que se trata. 

Anistiar os envolvidos na tentativa de golpe de Estado de 08 de janeiro de 2023 significa que na próxima esquina estaremos de novo submetidos ou expostos a novas manobras autoritárias, algo recorrente no país, sobretudo em razão do "tapinha nas costas" do passado. Quem defende anistia a golpistas não pode se arvorar de democrata. Quadra difícil que o país enfrenta neste momento. O vice-presidente da Câmara dos Deputados, Altineu Côrtes, do PL do Rio de Janeiro, depois da pressão exercida pela oposição, já afirmou que, na primeira oportunidade em que vir a substituir Hugo Motta na Presidência da Câmara dos Deputados, pautará o projeto de anistia, conforme desejo antigo dos bolsonaristas. 

Como já informamos em outros momentos, eles não estão preocupados com os condenados pelo badernaço promovido na Praça dos Três Poderes. Eles desejam, na realidade, como se diz popularmente, livrar a cara dos golpistas graúdos. Sobre os envolvidos naquelas manifestações que depredaram patrimônio da União, até o Judiciário já sinalizou que poderia rever a dosimetria das penas aplicadas, mesmo em se sabendo que o combustível que moveu aquelas mobilizações populares era um combustível golpista. O pipoqueiro não estava vendendo pipoca, tampouco o vendedor de sorvete. Se depender da Suprema Corte, não haverá anistia aos mentores e articuladores do golpe de Estado. É assim que tem que ser numa democracia. 

terça-feira, 5 de agosto de 2025

Editorial: O pós-Lula no discurso do novo presidente do PT.


Bom senso é algo bastante raro nesses dias bicudos e nebulosos que o país atravessa. Por isso mesmo, quando surge algum ator com o equilíbrio necessário para conduzir as coisas neste diapasão, sempre chama a nossa atenção. Já mencionamos por aqui o vice-presidente Geraldo Alckmin, que tem tratado de forma ordeira, republicana, no campo da negociação diplomática, a crise que se instaurou entre o Brasil e os Estados Unidos em torno das tarifas impostas aos produtos de exportação brasileiros para aqueles país. Hoje o jornal Folha de São Paulo traz uma matéria onde aponta que o vice credenciou-se para continuar como vice numa eventual nova disputa do presidente Lula à Presidência da República. Lula deve disputar a reeleição, uma vez que a saúde está em ordem e ele vem sendo chamado para a briga. 

Prudente não é, mas somente a raposa política maranhense, José Sarney, sugere-se que teve coragem e a liberdade de dizer isso para ele, do alto de seus 95 anos de idade. Como diria a saudosa atriz Dercy Gonçalves, a partir desta idade, tudo está liberado. Segundo comenta-se nos escaninhos da política, são raríssimos os companheiros que exercem alguma ascendência sobre o líder petista, capaz de lhes dizer algumas verdade ou lhes dá conselhos. Em seu discurso como novo Presidente Nacional do PT, Edinho Silva teria alertado os companheiros sobre a necessidade de se pensar no pós-Lula. É verdade. Se continuarmos assim, tão dependente de Lula, o PT, após a sua saída de cena, pode entrar em luto profundo. 

A despeito da oposição interna, quando precisou concorrer com outras três chapas, o ex-prefeito de Araraquara, Edinho Silva, contou com o apoio de Lula e da ala hegemônica da legenda, a Construindo um Novo Brasil. Aliás, para sermos mais precisos, nem a ala hegemônica esteve fechada em torno do nome de Edinho Silva. Antes das eleições, o timoneiro José Dirceu já havia alertado para um racha gigantesco na legenda caso Lula não intervisse. Isso significa dizer que o partido hoje teria fissuras que podem levar ao rompimento da barragem com uma eventual morte do seu líder maior. Daqui há 40 anos, conforme prevê o próprio Lula, que acredita que viverá até os 120 anos. 

Editorial: Cabo de guerra institucional.



Até bem pouco tempo, a democracia brasileira poderia comemorar a sua saúde, depois de um check-up minucioso realizado pela V-Dem (Variedades da Democracia), onde vários exames e procedimentos foram aplicados, atestando que as nossas taxas e indicadores vitais estavam todos sob controle. Como esses levantamentos são realizados periodicamente, muito provavelmente esses dados dizem respeito às movimentações temerárias ocorridas a partir de 2016, chegando ao limite alguns anos depois, quando houve uma tentativa de golpe de Estado. Felizmente essa tentativa de golpe de Estado foi abortada, mas produziu um legado dos mais danosos para as nossas instituições, cujas consequências não foram completamente avaliadas ou superadas até então. 

O ambiente institucional continuou permisso à sanha golpista, como as manobras para impedir que os responsável por aquela tentativa de golpe seja punidos na forma da lei, o que envolve tessituras até mesmo de caráter internacional. A capacidade de punir golpistas dentro do devido processo legal é uma variável importante dos regimes democráticos. O presidente Lula, inclusive, é apresentado neste levantamento, como aquele ator político responsável pela proeza de ter salvo a nossa democracia de uma investida autoritária. Os Três Poderes da República hoje vivem engalfinhados, trocando escaramuças cotidianamente.  Não acreditamos que a aferição dos nossos índices de democracia, neste momento, pudesse produzir os mesmos resultados. Infelizmente. O quadro institucional está preocupantemente nublado. O mais grave disso é que há um conjunto de atores políticos, mancomunados com interesses internacionais, que não esboçam nenhum compromisso com a nossa democracia. Torcem pelo caos, pelo quanto pior melhor. É preciso deixar claro que esse pessoal não tem nenhum compromisso com as nossas instituições democráticas. 

O V-Dem (Variedades da Democracia)  é vinculado ao Departamento de Ciência Política da Universidade de Gotemburgo, na Suíça. Não é o único que realiza tais levantamentos, mas goza de credibilidade dentro e fora do circuito acadêmico. Os novos dados a serem divulgados, depois da leitura dos sinais vitais, devem indicar uma situação, onde a nossa frágil democracia está sendo conduzida a uma sala de UTI, inspirando cuidados permanentemente. Este cabo de guerra de polarização política esticado como está não pode conduzir a uma situação razoável, administrável dentro de parâmetros civilizados e republicanos. 

segunda-feira, 4 de agosto de 2025

Drops Político: Dispositivo de Racialidade.



Acabamos de concluir uma formação ministrada pela filósofa e ativista negra Sueli Carneiro. O curso foi sobre o dispositivo de racialidade, onde a autora faz um percurso acerca de sua tese de doutorado, quando se apropriou do conceito do filósofo francês, Michel Foucault, sobre "dispositivo". A formação foi bastante interessante, uma vez que, assim como Foucault, Sueli Carneiro procede uma verdadeira arqueologia do racismo no país, subsidiando-se, em alguns momentos, de outros autores para dá conta de sua empreitada acadêmica. Curioso foi quando realizamos uma interlocução do texto de Sueli Carneiro aos estudos do antropólogo argentino, Néstor García Canclini, onde ele aborda a representação dos indígenas nos museus mexicanos. Outra sacada de Sueli é a utilização da literatura para as suas análises acadêmicas, uma janela aberta para o nosso romance Nas Marés de Malunguinho, onde escrevemos a partir de uma experiência desenvolvida na Comunidade Quilombola de São Lourenço, em Goiana, Pernambuco. No romance, na realidade, invertemos a lógica de Sueli, ou seja, é a linguagem literária que vai buscar inspiração na academia. A academia, na realidade, de acordo com a filósofa, oferece a técnica para a sistematização dos conhecimentos da ancestralidade. A academia também "legitima", mas esta já é uma outra discussão. Inclusive quando estamos tratando de representação de comunidades negras ou indígenas em instituições museológicas, as narrativas emanam sempre do aparelho de Estado ou da academia, fator de críticas entre essas comunidades. 

Editorial: O novo "normal" das manifestações bolsonaristas.


Houve um tempo em que os bolsonaristas estavam mais cuidadosos, modulando a efervescência dessas manifestações públicas, ora proibindo algumas mensagens nos cartazes e faixas; ora definindo quem teria acesso ao microfone, assim como sobre o que eles poderiam dizer em praça pública. A julgar pelas mobilizações que ocorreram no dia de ontem, 03, essas modulações foram temporariamente esquecidas, abrindo espaço aos excessos inerentes às grandes mobilizações de massa. Não vamos aqui entrar na disputa de narrativas sobre se flopou ou não flopou, uma vez que elas não são conduzidas por critérios que possam ser levados a sério. Sobretudo em razão do calor institucional do momento, o fato é que os bolsonaristas tiveram um novo alento para voltarem às ruas. 

Oradores e militantes, no entanto, extrapolaram em suas falas ou na exibição de cartazes. Um deles, parlamentar, puxou um coro na Paulista com ofensas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ministro da Suprema Corte foi ofendido, o que pode produzir acionamentos legais. Lá atrás, o historiador Sérgio Buarque de Holanda já nos advertia sobre o problema dos brasileiros em não distinguir as esferas pública e privada. Os recursos do fundo partidário, que são poupudos, devem ser aplicados com finalidades específicas. Suspeita-se, no entanto, que uma determinada legenda possa ter usado tais recursos para financiar conspirações contra os interesses nacionais. 

No passado recente, a acusação dizia respeito ao suposto financiamento da tentativa de golpe de Estado, o que se constitui num aberrante contra senso, sobretudo se entendermos a tal agremiação partidária do nosso sistema partidário como integrante do escopo da democracia representativa. Ao retornar de sua viagem aos Estados Unidos,  o senador Marcos do Val foi recebido pela Polícia Federal quando desembarcava no Brasil. Vai passar a utilizar tornozeleira eletrônica. Se alguém já questionava a tornozeleira do ex-presidente Jair Bolsonaro, agora temos mais um: um senador da República. Ambos descumpriram medidas cautelares, segundo a avalição do STF.  

domingo, 3 de agosto de 2025

Editorial: Desembarque do União Brasil do Governo Lula.



Até recentemente, o jornal Folha de São Paulo publicou uma matéria tratando da infidelidade da base aliada do Governo Lula 3. O União Brasil, segundo o levantamento do jornal, lidera a lista como partido mais infiel, não apenas não seguindo o Governo em votações importantes, como encetando apoios a projetos claramente contra o Governo e apoiado pela oposição. Sobre os projetos para as eleições presidenciais de 2026, o partido tem assumido uma posição clara de que não apoiará o projeto de reeleição do presidente Lula. A ideia é a construção de uma candidatura que se contraponha ao Planalto. Aliás, o partido já trabalha com o nome do governador de Goiás, Ronaldo Caiado(UP-GO). Antônio Rueda, que preside a União Progressista, foi, durante muito tempo, elogiado pelo Planalto em razão de sua postura coerente de governista. 

Hoje, no entanto, já se pronuncia claramente contra o projeto de reeleição de Lula, como o fez recentemente, quando num encontro promovido por financistas. Nem sempre confiamos plenamente nos escaninhos da política da capital federal. Para checarmos como essas diretrizes estão chegando as bases, convém observar o comportamento dos atores políticos nas quadras estaduais. Considerando tais indicadores, as sinalizações são claríssimas. Lula não pode contar com este grupo para o seu projeto de reeleição. Na Paraíba, por exemplo, o senador Efraim de Moraes selou sua candidatura ao Governo do Estado em aliança com Marcelo Queiroga, ex-Ministro da Saúde do Governo Jair Bolsonaro, tudo sob a chancela de Michelle Bolsonaro. 

Sugere-se que alguns cargos devem ser entregues, restando apenas alguns ajustes, uma vez que o Presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre(UP-AP), tem algumas dificuldades neste sentido. São apenas esses ajustes internos que estão sendo aparados, uma vez que a decisão do desembarque já está tomada. Durante votações importantes de interesse do Governo, onde a traição ficou evidenciada, Lula ainda teria mantido uma conversa com Antonio Rueda, talvez no sentido de ajustar os ponteiros. As negociações não avançaram.