Numa conversa reservada com o Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, o líder do PL, Sóstenes Cavalcante, apresentou suas reivindicações para encerrar o motim no plenário e, assim, permitir a normalidade dos trabalhos. Hugo Motta tratou o caso como uma chantagem e afirmou que não cederia ao pleito, o que levou Sóstenes Cavalcante a procurar o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lyra, espécie de eminência parda, com ascendência sobre Hugo Motta. Esses acordos geralmente não são divulgados, por razões óbvias, mas hoje alguns jornais estão trazendo o resultado de uma costura política articulada entre o centrão, o PL e Arthur Lyra. Curioso foi ver o deputado federal pelo Rio de Janeiro, Sóstenes Cavalcante, nos corredores da Câmara, às pressas, procurando chegar ao gabinete de Lyra, flagrado por um jornalista.
Pode-se fazer várias leituras dessa atitude. A primeira delas, e mais preocupante, é o esvaziamento do poder do paraibano, pouco tempo depois de assumir o cargo. Pelo andar da carruagem política, foi firmado um acordo entre o centrão, o PL e Arthur Lyra, onde está previsto uma revisão do foro privilegiado e a pauta do PL da Anistia aos envolvidos ou implicados na tentativa de golpe de Estado de 08 de janeiro. Na realidade, estamos tratando aqui de duas excrescências. O que se procura, na verdade, conforme enfatizamos no dia de ontem, é livrar a cara daqueles que estiveram no epicentro das tessituras de mais uma tentativa de golpe de Estado no país, assim como remeter à primeira instância uma penca de deputados enredados juridicamente na Suprema Corte, em razão das maracutaias com as emendas parlamentares. A lista é enorme.
Sugere-se, ainda no calor do momento - isso tende a se dissipar ao longo do tempo - que o deputado federal Hugo Motta ainda mantém a convicção sobre a necessidade de identificar e punir os amotinados. Os analistas políticos costumam sempre avaliar o nosso Poder Legislativo de tempos em tempos. Com raríssimas exceções, as avaliações não são boas, por uma série de motivos, a começar pelas escolhas que são feitas pelos eleitores, quase sempre movidas por critérios pouco substantivos. Não é preciso muito para chegarmos à conclusão de que estamos diante de uma representação parlamentar que deixa a desejar. As cenas ridículas protagonizadas nos últimos dias é um bom exemplo do que estamos afirmando.

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