Houve um tempo em que os bolsonaristas estavam mais cuidadosos, modulando a efervescência dessas manifestações públicas, ora proibindo algumas mensagens nos cartazes e faixas; ora definindo quem teria acesso ao microfone, assim como sobre o que eles poderiam dizer em praça pública. A julgar pelas mobilizações que ocorreram no dia de ontem, 03, essas modulações foram temporariamente esquecidas, abrindo espaço aos excessos inerentes às grandes mobilizações de massa. Não vamos aqui entrar na disputa de narrativas sobre se flopou ou não flopou, uma vez que elas não são conduzidas por critérios que possam ser levados a sério. Sobretudo em razão do calor institucional do momento, o fato é que os bolsonaristas tiveram um novo alento para voltarem às ruas.
Oradores e militantes, no entanto, extrapolaram em suas falas ou na exibição de cartazes. Um deles, parlamentar, puxou um coro na Paulista com ofensas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ministro da Suprema Corte foi ofendido, o que pode produzir acionamentos legais. Lá atrás, o historiador Sérgio Buarque de Holanda já nos advertia sobre o problema dos brasileiros em não distinguir as esferas pública e privada. Os recursos do fundo partidário, que são poupudos, devem ser aplicados com finalidades específicas. Suspeita-se, no entanto, que uma determinada legenda possa ter usado tais recursos para financiar conspirações contra os interesses nacionais.
No passado recente, a acusação dizia respeito ao suposto financiamento da tentativa de golpe de Estado, o que se constitui num aberrante contra senso, sobretudo se entendermos a tal agremiação partidária do nosso sistema partidário como integrante do escopo da democracia representativa. Ao retornar de sua viagem aos Estados Unidos, o senador Marcos do Val foi recebido pela Polícia Federal quando desembarcava no Brasil. Vai passar a utilizar tornozeleira eletrônica. Se alguém já questionava a tornozeleira do ex-presidente Jair Bolsonaro, agora temos mais um: um senador da República. Ambos descumpriram medidas cautelares, segundo a avalição do STF.

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