O coronel Paulo Malhães é uma figura. Uma figura execrável. Após um mês de suas declarações reveladoras sobre os requintes dos métodos de torturas de presos políticos durante a Ditadura Militar, foi assassinado em sua residência, num crime que ainda está sendo investigado pela polícia. Paulo abriu o bico para a Comissão da Verdade do Estado do Rio de Janeiro. Confessou o que se passava nos estertores das casas de tortura, como a de Petrópolis. Paulo é o que se poderia chamar de um militar da linha dura. Mesmo aposentado, no sítio onde morava, mantinha a postura arbitrária que sempre o caracterizou. Em entrevista à Revista IstoÉ, confessou que atirava nos viciados que se atrevessem a fumarem seus baseados nas imediações do seu sítio. Segundo os vizinhos, ouvidos pela revista, o coronel, quando mais jovem, teria comandado grupos de extermínio na região. Muito estranha a morte do coronel, mas, para quem defende que ele poderia ter sido vítima de um crime de "queima de arquivo", como se vê, havia outras pessoas interessadas em sua morte. No caso do Delegado Sérgio Fleury Paranhos, essa possibilidade é mais concreta, uma vez que ele estava dando um "passeio" com os militares quando morreu. O assunto "tortura" continua sendo um grande tabu para os militares brasileiros. Pior que isso somente a postura de alguns civis ligados aos estamentos militares, endossando essas posturas de que se deve passar "uma borracha" no passado. Países do continente, que também tiveram experiências ditatoriais, conseguiram avançar bastante na questão dos direitos humanos dos que foram vítimas desse período. Alguém já teria feito até uma análise psicológica dos militares brasileiros, mas preferimos não entrar nessa seara. Eles ainda mantiveram diversos enclaves autoritários no texto constitucional de 1988 e até mesmo a distribuição das tropas, como afirmava Jorge Zaverucha, continua num alinhamento de quem se preocupa mais com o que ocorre em Brasília do que quem deseja defender a soberania nacional. Se, de fato, há como dar credibilidade à teoria conspiratória, uma coisa que nos intriga é o Cabo Anselmo. Nos idos dos anos de chumbo, foi resgatado pelos militares, aqui em Olinda, quando seria justiçado pelos "companheiros" da Var-Palmares. Nunca foi molestado e permanece vivinho da silva.
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