pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Ainda a polêmica em torno da Fábrica Tacaruna.
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sábado, 19 de abril de 2014

Ainda a polêmica em torno da Fábrica Tacaruna.




Não é fácil encontrar uma solução para essas massas falidas do período do apogeu do setor têxtil. Uma série de referências históricas desse período já se encontram irremediavelmente perdidas. Isso ocorre em todo o Brasil e Pernambuco não seria uma exceção. Aqui no Estado os exemplos saltam aos olhos. Fábrica de Camaragibe - onde possivelmente foi construída a primeira vila operária da América Latina - A Fábrica da Macaxeira, A Fábrica da Torre, A Fábrica de Tecidos de Goiana - cujo acervo é mantido há muito custo pelos familiares - as companhias da família Lundgren, em Paulista (PE) e Rio Tinto (PB). Em Paulista há um grupo imobiliário com projeto aprovado para a construção de um shopping center no terreno da antiga Companhia de Tecidos Paulista. O curioso é que a cidade ressente-se da quase absoluta ausência de equipamentos de lazer para a população. A pracinha central fica praticamente espremida entre edificações. As chaminés da antiga fábrica, em razão do tombamento, serão mantidas. Terão que conviver – assim como ocorre com os edifícios modernos do Recife – com casarões preservados, quase sempre transformados em salão de festas. Uma solução estética horrível. Quando questionamos sobre o Plano Diretor do Município, fomos informados que uma das gestões do município o havia modificado consoante os interesses do grupo investidor. Assim como ocorre com o Recife – como diria aquele grafiteiro do Hospital da Tamarineira – o urbanista é o capital.
                                               De fato, sabemos que a questão não é tão simples. Envolve espólios familiares em litígio, além de inúmeros embaraços jurídicos. A isso, se somam os altos custos de recuperação e manutenção desses colossos. Certamente, o Estado teria instrumentos para intervir no sentido de dar a esses espólios uma destinação mais adequada. Em Pilar, na Paraíba, o antigo Engenho Corredor - onde o escritor José Lins do Rego passou sua infância e escreveu os famosos romances do ciclo da cana-de-açúcar - quase vinha abaixo, em razão de uma pendenga familiar. As ações do poder público contribuíram para a sua preservação. O engenho Corredor está sendo totalmente recuperado. Na última vez que passamos por lá, sentimos a falta de água que provocava as enchentes do Rio Paraíba, mas estavam lá as cajaranas em flor, exalando aquele cheiro característico, tão bem descritos pelo escritor.
                                               Em relação à Fábrica Tacaruna, resultado de uma polêmica recente, o que nos parece ter indignado a população é o enredo nebuloso de uma negociação profundamente lesiva os interesses do Estado. Se não, vejamos: a) O Estado de Pernambuco pagou, em 2006, a quantia de 14 milhões pelo espólio. Como é que agora faz uma doação sem ônus a uma multinacional? b) Há um projeto concebido de destinação àquele logradouro. Embora nunca materializado, não significa dizer que não seria de melhor proveito para a população; c) Conforme já comentamos, também existem estudos no sentido de integrar todos aqueles equipamentos do entorno - Espaço Ciência, Centro de Convenções, Shopping Tacaruna - com a requalificação da Praia Del Chifre.

                                               Em última análise, diferentemente dos elogios da imprensa tupiniquim à medida, havia outras possibilidades em curso e a medida fere frontalmente os interesses públicos. Alguém estava questionando aqui pelas redes, ainda hoje, a omissão dos órgãos de fiscalização das ações do poder público. Cadê o TCE, TCU - já que, segundo consta, o Estado também teria recebido recursos federais para investir no prédio - o Ministério Público, o IPHAN? Acreditamos que a mobilização da sociedade civil provocará um pronunciamento desses órgãos. Não é possível esse silêncio sepulcral. 

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