Não é fácil encontrar uma solução para essas massas falidas do período do apogeu do setor têxtil. Uma série de referências históricas do período já se encontram irremediavelmente perdidas. Isso ocorre em todo o Brasil e Pernambuco não seria uma exceção. Os exemplos saltam aos olhos. Fábrica de Camaragibe - onde possivelmente foi construída a primeira vila operária da América Latina - A Fábrica da Macaxeira, A Fábrica da Torre, A Fábrica de Tecidos de Goiana - cujo acervo é mantido há muito custo pelos familiares - as companhias da família Lundgren, em Paulista(PE) e Rio Tinto(PB), em cujos terrenos vislumbra-se a construção de um shopping center. A questão não é tão simples, uma vez que envolve espólios familiares em litígio, além de inúmeros embaraços jurídicos. Soma-se a isso, os altos custos de manutenção desses colossos. Certamente o Estado teria instrumentos para intervir no sentido de dar a esses espólios uma destinação mais adequada. Em Pilar, na Paraíba, o antigo Engenho Corredor - onde o escritor José Lins do Rego passou sua infância e escreveu todos os romances do ciclo da cana-de-açúcar - quase vinha abaixo, em razão de uma pendenga familiar. Em relação à Fábrica Tacaruna, fruto de uma polêmica recente, o que nos parece ter indignado a população é o enredo nebuloso de uma negociação profundamente lesiva os interesses do Estado. Se não, vejamos: a) O Estado de Pernambuco pagou, em 2006, a quantia de 14 milhões pelo espólio. Como é que agora faz uma doação sem ônus a uma multinacional? b) Há um projeto concebido de destinação àquele logradouro. Embora nunca materializado, não significa dizer que não seria de melhor proveito para a população; c) Conforme já comentamos, também existem estudos no sentido de integrar todos aqueles equipamentos do entorno - Espaço Ciência, Centro de Convenções, Shopping Tacaruna - com a requalificação da Praia Del Chifre. Em última análise, diferentemente dos elogios da imprensa tupiniquin à medida, havia outras possibilidades em curso e a medida fere frontalmente os interesses públicos. Alguém estava questionando aqui pelas redes, ainda hoje, a omissão dos órgãos de fiscalização das ações do poder público. Cadê o TCE, TCU - já que, segundo consta, o Estado também teria recebido recursos federais para investir no prédio - o Ministério Público, o IPHAN?
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