Há alguns dias escrevemos um artigo sobre o significado da indicação do filósofo Renato Janine Ribeiro para o Ministério da Educação e o que isso significava, igualmente, nos rumos do Governo Dilma Rousseff. Ontem, por ocasião de sua posse naquele ministério, se ainda havia algumas dúvidas, estas foram dissipadas. Há um colega nosso - velho amigo da militância virtual - que possui informações privilegiadas sobre os bastidores do Palácio do Planalto. Essas fontes - que o digam os jornalistas do Washington Post, quando estourou o Escândalo Watergate - são muito importantes. Outro dia, graças a uma fonte no Estado do Maranhão, noticiamos, em primeira mão, os estragos que a agenda de Décio Sá estavam produzindo nos meios políticos daquela Estado.
Se há alguma inquietação nossa, ele sempre nos informa a respeito, com precisão cirúrgica. É capaz de antecipar "frituras" de ministros quando os jornalistas que cobrem o Planalto ainda estão procurando o óleo nas prateleiras dos supermercados. O discurso da presidente Dilma Rousseff não deixa dúvidas de que ela retoma o caráter estruturante da pasta da educação nos governos de coalizão petista. Ouso afirmar que foi por ali onde passaram as políticas públicas mais estruturantes dos governos Lula/Dilma. Afinal, o que há de mais estruturante do que a educação? Procure saber porque alguns beneficiários do Bolsa Família estão deixando o programa espontaneamente.
Daí as nossas ponderações sobre o possível "relaxamento" dessa prioridade, assim que foram anunciados o corte de verbas de custeio para a pasta. Contingenciado por dificuldades econômicas e políticas nesse início de Governo, também achávamos improvável que ainda houvesse margem de manobra da presidente para uma escolha desse porte, a rigor, com menos ingerência de sua base de sustentação política. Havia grandes interesses em jogo para a escolha da pasta da educação. Até setores do PMDB estavam de olho nela, mas Dilma despartidarizou a escolha, embora tenha negociado outro ministério para o partido. Dilma jogou muito bem nesse xadrez político. Afinal, como já informamos, por ali escoa as políticas públicas de caráter mais estruturantes do Governo.
Nenhuma "governabilidade" compensava se ela tivesse que renunciar a isso. O custo seria muito alto, principalmente entre a base de apoio social mais identificada com o petismo. Essa base está com ela em qualquer circunstância - apesar das críticas - e ela sabe disso. A todo custo, setores conhecidos da imprensa tentaram jogar o futuro ministro contra a presidente, principalmente a partir de algumas críticas do então professor ao Governo. Em entrevista, Janine teria reconhecido os avanços sociais dos governos petistas, mas lamentava sua fragilidade ética, que seria um outro legado que eles pretendiam imprimir na esfera pública. Dilma não quis nem saber mais nada sobre este assunto. Não pediu nenhuma explicação a ele.
E Renato, por sua vez, elogiou a postura da presidente: sem revanchismo, demonstrando grandeza. Papo encerrado. Agora vamos trabalhar. Em sua fala, Renato enfatiza alguns aspectos gerais da educação; informa que sua gestão será balizada pelo Plano Nacional de Educação e já convoca as universidades a se engajarem no processo de formação dos professores. Quando você isola as variáveis que estão envolvidas nas causas do nosso desempenho escolar, ainda sofrível, a formação dos professores ganha uma relevância nada desprezível. Penso que vem daí a sua preocupação com o tema.Outro aspecto que possivelmente também será revisto em sua gestão diz respeito à desfederalização do ensino básico. Também é certo que os reformadores empresariais da educação estarão com o prestígio mais baixo do que poleiro de pato. E isso é muito bom. Muito bom trabalho, professor.
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