Em 48 horas, perdemos duas das maiores lideranças políticas do Estado. Morreram os deputados Manoel Santos e Pedro Eugênio. Conheci Manoel Santos ainda na época de nossos estudos sobre o Partido dos Trabalhadores. Salvo algum equívoco, a FETAPE - Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Pernambuco - mantinha um escritório de representação ali pela Rua do Príncipe. Foi uma das entrevistas mais emblemáticas que realizei, sobretudo em razão de suas conhecidas ligações políticas com o Dr. Miguel Arraes de Alencar. A FETAPE sempre apoiou Arraes em seus embates políticos, sobretudo porque Arraes foi um ator que sempre demonstrou profunda sensibilidades com os problemas dos trabalhadores rurais. Foi assim também com o ex-governador Eduardo Campos, embora este já não tivesse, digamos assim, a mesma sensibilidade do avô. Até recursos do Programa Chapéu de Palha foram contingenciados para pagamento dos compromissos assumidos com a empreiteira que construiu a Arena da Copa, uma obra hoje bastante questionada quanto à sua viabilidade. Manoel Santos era um homem simples, afável, mas arguto e excelente negociador. Desses que conheciam o timming certo de emparedar os adversários nas mesas de negociações. Era uma liderança inconteste no sindicalismo rural pernambucano, ocupando espaços nacionais, através da CONTAG. Sua atuação como parlamentar também foi uma das mais elogiadas aqui pelas redes sociais. Manoel Santos morreu ainda jovem, aos 63 anos de idade, vítima de um câncer de esôfago. O Estado de Pernambuco perde uma grande liderança política. Mal nos refazíamos dessa notícia e, infelizmente, chega a informação da morte de um outro parlamentar ligado ao Partido dos Trabalhadores, Pedro Eugênio. Pedro acompanhávamos apenas enquanto parlamentar. Diferentemente de Manoel Santos, tinha um perfil mais urbano. Antes de entrar na política era professor da UFPE. Foram raros os contatos, apenas nos encontros regionais do PT. Como parlamentar e dirigente partidário nossa impressão era a melhor possível. Mesmo tentado pelas circunstância - dirigiu o PT num momento de profunda ebulição - jamais adotou medidas que depusesse contra as suas sólidas convicções democráticas. Isso só pode ser obra de Eduardo Galeano, desejoso de trocar algumas ideias, lá por cima, com os socialistas pernambucanos.
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