pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Paulo Freire: Ser professor e não lutar é uma contradição pedagógica.
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sábado, 18 de abril de 2015

Paulo Freire: Ser professor e não lutar é uma contradição pedagógica.





José Luiz Gomes escreve: 



O momento econômico e político do país não é dos melhores e isso pode ser sentido em todos os Estados da Federação, com raríssimas exceções. Em alguns desses Estados começaram a pipocar greves de algumas categorias profissionais importantes, como a dos professores, em Pernambuco. Cito assim de memória o Paraná, São Paulo, Maranhão e Pernambuco. Aqui, talvez se aplique a máxima do escritor Machado de Assis, "aos vencedores, as batatas". A leva de governadores eleitos em 2014 parecem que estão herdando uma "herança maldita", embora alguns deles insistam em não admitir a grave situação das finanças públicas estaduais. Esse quadro é reflexo, inclusive, por um lado, de um pacto federativo já bastante fragilizado e, por outro, de uma guerra dos entes federativos no sentido de atrair grandes investimentos - com isenções fiscais ou renúncia tributária e fundiária - que, no fim das contas, não foi muito benéfica aos interesses públicos. 

O Estado deixou de arrecadar tributos que poderiam ser aplicados no sentido de atender às demandas da sociedade; os empregos não foram necessariamente gerados dentro das expectativas esperadas. Ao contrário, como no caso de SUAPE, existe mesmo é uma onde de demissões; os investimentos em obras de infraestrutura não trouxeram retorno dentro do previsto. Ao contrário, algumas dessas obras estão "bichadas" e deixaram o Estado endividado; além dos problemas ambientais/sociais, provocados pela liberação acintosa de obras sem um julgamento correto dos impactos ao meio-ambiente. Claro que isso é apenas parte do problema. A questão, naturalmente, merecia uma análise mais aprofundada. O fato concreto é que alguns Estados estão literalmente "quebrados". No Maranhão, o senhor Flávio Dino - além das peças publicitárias do momento de "ruptura" vivido pelo Estado - ainda se utiliza da retórica da "herança maldita deixada pelos Sarney". Não sabemos quando ele vai se livrar desse discurso, até porque muitos sarneysistas integram o seu Governo.

Mas, o problema de os Estados estarem quebrados não é de responsabilidade dos professores ou de outras categorias do funcionalismo público estadual. Isso tem a ver com um problema cíclico de crise do sistema e, muito em particular, de má gestão da máquina. Como o governador Paulo Câmara vai se arranjar para colocar as contas do Estado em dia, permitindo uma margem de manobra que lhes faculte estabelecer outra estratégia de negociação com a categoria dos professores - que se encontra em greve - vai aqui um longo percurso. É emblemático que ele esteja adotando essas medidas radicais. Não há o que negociar, para além do que já foi vergonhosamente oferecido. Infelizmente. Essa greve tende a um profundo acirramento de ânimos entre a categoria e o Governo do Estado. Queremos estar enganado, mas tudo leva a crer que esse jovem terminará o seu governo melancolicamente. 

O Estado está com as finanças comprometidas e ele nada pode falar sobre a gestão anterior, pelas razões já conhecidas. Uma categoria como a dos professores - historicamente penalizada - naturalmente, não quer nem saber quem pariu mateus. Num cenário como este é muito improvável a construção de consensos. Ao externamos essa opinião, parece que estamos assumindo a defesa do Governo. Não é verdade. Apenas estamos constatando que o quadro não é dos melhores, dificultando enormemente as negociações.

Na realidade, diante dos embates da PL 4330, o que se observa, na realidade, são ações invasivas contra as conquistas históricas da classe trabalhadora. Competia ao governador, neste momento, ampliar o diálogo com a categoria e não adotar essas medidas radicais, como a possível demissão de trabalhadores da educação. Faltam ao senhor Paulo as credenciais de credibilidade e habilidade política para tanto. Onde fica a promessa de valorizar a categoria e dobrar o salário dos professores? Indicou para secretário da pasta alguém que não entende nada do assunto. Um burocrática, que antes dirigiu o complexo de SUAPE. Assim como ocorre com a constelação de neo-socialistas tupiniquins, ele também reúne aquelas "qualidades" conhecidas. 

O fato é que, como afirmamos desde o início, estamos diante de um impasse. Como professor, queremos aqui manifestar toda a nossa solidariedade á categoria dos professores. Também torcemos que, mesmo diante dessas circunstâncias, os consensos sejam construídos. Essa intransigência não conduz a um equacionamento da questão. O Governo envia seus representantes à mesa de negociação apenas para informar que o Estado está no limite de comprometimento da Lei de Responsabilidade Fiscal, ou seja, 46,6%, portanto impossibilitado de atender ao pleito da categoria. Na outra ponta, contratação de temporários, corte de ponto e demissões.

Vamos muito mal de gestão pública e gerenciamento de crises. O educador pernambucano, Paulo Freire, foi secretário de educação da Prefeitura de São Paulo, na gestão de Luíza Erundina. Certo dia, resolveu visitar algumas escolas da periferia, com o objetivo de saber como as políticas públicas da rede estavam sendo implementadas. Encontrou uma diretora que afirmou não concordar com a sua gestão, muito menos com a suas recomendações ou as políticas públicas da rede municipal. Na condição de secretário, formou-se uma expectativa de que ele poderia adotar alguma medida radical. Mas, coerente com o seu pensamento e tolerante com os que discordavam dele, afirmou que ela tinha todo o direito de pensar e agir diferente e que, em razão disso, não temesse, de sua parte, nenhuma represália. Ser professor e não lutar é uma contradição pedagógica, moçada. Vamos nos manter unidos e enfrentar de cabeça erguida esses dias sombrios.

A cada dia ficamos mais preocupados com essa equipe formada pelo ex-governador Eduardo Campos, um escrete de ouro em termos de arrogância, prepotência, práticas persecutórias e intimidadoras. Estão transformando o Estado numa espécie de capitania hereditária, com danos inimagináveis aos interesses republicanos. Depois das fotos risonhas dos nossos gestores, publicadas pela imprensa, por ocasião de mais uma edição do tradicional "cozido" organizado por um  ex-senador da República, talvez torne-se mais simples entender esses laços de "afinidades".  

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