O caboclo morre e ainda deixa de ver muito coisa pela vida. Talvez faça algum sentido essa história de reencarnação. Por via das dúvidas, já recomendei que gostaria de ser enterrado com um protocolo para entregar ao Chico Xavier, solicitando, tão depressa quanto possível, a nossa volta ao torrão. Uma das maiores decepções nossa ocorreu no circuito acadêmico. Ali se formam núcleos ditos de "esquerda"; capazes de produzir teses; realizar eventos; atrair multidões às suas palestras; orientar - ou seria doutrinar - incautos; sempre orientando-se pela defesa intransigente do combate às desigualdades, das injustiças sociais. Os padrões de relações internas desses núcleos, entretanto, diferem bastante dos discursos. São capazes de cometer injustiças, discriminam, solapam companheiros, se apropriam indevidamente de ideias.
Para eles, na realidade, "esquerda" torna-se apenas uma linha de pesquisa, o que proporciona a formação de redes, captação de recursos e intercâmbio - principalmente junto à academia francesa, cujos intelectuais são muito sensíveis aos problemas da exclusão em países latino-americanos e africanos.Isso vem a propósito da decomposição ideológica - e moral - a que foram submetidos os comunistas brasileiros, principalmente as correntes dissidentes do PPS e do PCdoB. Salva-se aqui, naturalmente, as honrosas exceções de um Gregório Bezerra, Cristiano Cordeiro, Carlos Prestes, entre outros.
Hoje esses "comunistas" agem por puro oportunismo e fisiologismo. Como afirma o filósofo Renato Janine - futuro ministro da Educação - O que temos é uma ex-esquerda que age e pensa mais à direita. A esquerda perdeu o conteúdo. Ontem os jornais do Estado trouxeram uma notícia curiosa sobre um dos representantes ilustres desse pós-comunismo. O PPS compôs a base de apoio ao candidato Paulo Câmara(PSB) nas últimas eleições. Nos parece que ainda não foi contemporizado com a sua parte do latifúndio governista, mas uma rearrumação no secretariado do governador, favoreceu o partido, abrindo uma vaga para este cidadão assumir uma cadeira de Deputado Federal.
Até então, ele havia assumido uma vaga de vereador na Casa de José Mariano. Mesmo convocado à Câmara Federal, segundo o jornal, ele continuou recebendo os proventos de vereador do Recife, numa prática absolutamente pouco condizente com a sua postura de homem público e de parlamentar. O cidadão coloca-se como um paladino da moralidade. aliás, a moralidade pública, a rigor, constitui-se no principal eixo de sua plataforma política. Nos últimos anos, esteve envolvido em praticamente todas as lutas da sociedade recifense no tocante a essa questão, cobrando satisfações do poder público, acionando os órgãos de controle e fiscalização do Estado. Penso que, numa dessas - caso da Ocupação do Cais José Estelita - ele chegou a ser expulso pelos líderes do movimento. Na realidade, se analisarmos direitinho, a figura nunca foi lá grande coisa, mas, com essa atitude o seu prestígio caiu de uma vez. Está mais baixo de poleiro de pato, como costuma dizer o padre Reginaldo, eterno pároco do Morro da Conceição.
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