Em Pernambuco, parece-nos que voltamos a viver uma época de obscurantismo político, com o cerceamento da liberdade dos indivíduos em externarem suas opiniões sobre a gestão da res pública. Isso é muito grave. Gravíssimo. O cidadão que entra na vida pública e pensa que estará imune às críticas, certamente não está preparado para exercer nenhuma função pública. Melhor seria se continuasse cuidando da sua vida privada, lendo, escrevendo seus livros, trocando ideias sobre autores e coisas do gênero. Não possui a vocação necessária para as contingências impostas pela vida pública. Abnegação, renúncia, transparência dos seus atos, estrito cumprimento das leis que regem a administração pública, além da impessoalidade. Não sei qual desses princípios é o mais transgredido no atual momento político vivido pelo Estado de Pernambuco, mas, certamente, o que parece mexer mais com o brio dessa oligarquia em formação é o princípio da impessoalidade. A coisa pública para eles é uma simples transferência dos interesses familiares. Um puxadinho, um quintal recheado de pitangas roxas.
Um desses dias, um preposto do grupo entrou no nosso perfil da rede social Facebook para nos agredir. Depois de duras respostas, optei por excluí-lo. Ele hoje ocupa uma das secretarias do Governo Estadual. São arrogantes, prepotentes e algozes dos seus críticos. Pela sua ascendência com o Dr. Arraes, mantínhamos uma certa admiração pelo ex-governador Eduardo Campos. Votamos nele na primeira eleição que ele ganhou para o Governo do Estado. O professor Michel Zaidan Filho também participou das primeiras reuniões para elaboração do programa de governo, além da definição do seu secretariado. Conta um amigo em comum, que ele havia afirmado que duas pessoas, em suas áreas de atuação específicas, poderiam dizer o que quisessem sobre o seu governo, sem medo de serem processados. Michel na área de política e Tânia Bacelar na economia. Pelo andar da carruagem - e a julgar pela ameaça de interpelação judicial contra o professor - essa promessa não foi cumprida.
Como bem lembra o Michel, por acaso é crime falar da inquestionável oligarquização dos negócios do Estado; do familismo amoral; do homem cordial; do patrimonialismo; do nepotismo. Penso que na próxima segunda-feira, os escritórios de advocacia terão muito trabalho pela frente. A lista dos futuros interpelados é grande: Robert Michels, Edward C. Banfield, Sérgio Buarque de Holanda, Max Weber a té o Papa Francisco, uma vez que essa história de nepotismo tem a ver com os sobrinhos de um deles. Ninguém tem dúvida de que o clã mantém acesa a chama e lutará pela perpetuação do espólio deixado pelo falecido. A quem isso interessa, afinal? ao povo de pernambuco, certamente não é.
Conhecemos o professor Michel Zaidan numa palestra aqui na Fundação Joaquim Nabuco. Ele se encontrava meio perdido e fizemos a gentileza de encaminhá-lo até a sala de conferências. Já tinha uma grande admiração pelo mestre, em razão de suas ideias, ou mais precisamente, da coragem e dignidade em defendê-las. Essa relação consolidou-se no Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da UFPE , onde ele foi o professor, o co-orientador e, sobretudo,o amigo de todas as horas. Não fosse pelo seu apoio, talvez não chegássemos a bom termo.
Quem o conhece de perto, costuma destacar alguns traços marcantes de sua personalidade: a intransigência com alguns princípios que norteiam a sua conduta; a integridade; a solidariedade; a coerência; a autenticidade, a franqueza. Num dos últimos andares do CFCH, montou uma espécie de trincheira em defesa do interesse público. Por isso mesmo é tão perseguido, destratado e odiado pelos governantes de turno e seus áulicos ou prepostos a soldo, mantidos sob as tetas da Viúva. Outro dia precisamos escrever um longo editorial em sua defesa, depois dele ser vítima de calúnias e difamações, num artigo escrito - melhor seria dizer assinado - por um prefeito "cevado" pela oligarquia desde pequenininho. Até o corpo ele tatuou com os seus ídolos. Sempre que ele for atacado, estaremos aqui para defendê-lo. E não faremos isso por nenhuma questão de afetividade, mas, sobretudo pela admiração por sua coragem e honradez na defesa do interesse público. Je suis Michel Zaidan Filho.
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