pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
Powered By Blogger

domingo, 4 de fevereiro de 2024

Editorial: José Dirceu já se movimenta nos bastidores, ensaiando uma volta à ribalta.


O jornal Estado de São Paulo traz, neste domingo, uma longa matéria tratando das movimentações cuidadosas do ex-Ministro da casa Civil do Governo Lula, José Dirceu. Com a erosão das medidas tomadas pela Operação Lava-Jato, a expectativa é a de que o ex-Ministro possa voltar à cena política sem embaraços nas eleições de 2026. Embora observadas com grande resistência por alguns setores do partido, as movimentações de bastidores do ex-articulador político tem sido bem vista pelo morubixaba petista. 

A esta altura do campeonato político, é dado como certo que Lula tentará a reeleição nas eleições presidenciais de 2026, onde o ex-auxiliar poderá desempenhar mais um papel estratégico. Dirceu estaria bastante preocupado com a performance eleitoral obtida pelo oposição nas últimas eleições, assim como com as expectativas de que o grupo possa reproduzir tal êxito nas próximas eleições municipais de 2026, criando musculatura para o Centrão, que não deixa Lula governar com a tranquilidade necesssária. 

Como se sabe, o ex-ministro sempre atuou como um exímio articulador político. Quebrar arestas é com ele mesmo, que atuou como um navio quebra-gelo em tempos idos, institucionalizando o PT, tornando possível o sonho de fazer de Lula presidente da República. Neste movimento atual, já teria conversado com o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad e com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira. Dirceu poderia tentar uma cadeira de Deputado Federal nas eleições de 2026, caso tudo ocorra como seus advogados preveem. 

Ciente da importância estratégica de São Paulo, Dirceu já trabalha nos bastidores com o propósito de ajudar a candidatura de Guilherme Boulos e Marta Suplicy. O que não falta são as missões espinhosas por aqui, como a resistência de algumas alas da legenda em digerir a volta de Marta Suplicy à legenda, assim como o apoio do partido ao nome de um representante do PSOL. Como ninguém se perde no caminho de volta, Marta Suplicy fez juras de amor à sua antiga agremiação política, mas alguns petistas não esquecem o que ocorreu no verão passado.  

Editorial: O "jabuti" das PPPs que inclui a privativação dos presídios brasileiros.



No dia de ontem,03\02, através de inúmeros canais, o Ministro dos Direitos Humanos, Sílvio Almeida, se manifestou veementemente contra um "jabuti" que aparece disfarçado num eventual Programa de Parceria Público\Privada do Governo Federal, onde se prevê uma espécie de privatização do sistema prisional brasileiro. Sílvio Almeida já informou que pedirá esclarecimentos sobre o assunto junto ao Ministério da Justica, pois, segundo ele, a proposta é inconstitucional e abre o caminho para a inserção ainda maior do crime organizado na gestão do sistema carcerário brasileiro. 

A gente sabe que esses grupos já operam de dentro dos presídios brasileiros, se considerarmos, inclusive, casos recentes, como uma videoconferência realizada por um desses grupos para informar às autoridades policiais que já haviam solucionado o caso dos médicos assassinados, por engano, no quiosque da Barra da Tijuca. Aqui em Pernambuco existe a figura dos "chaveiros", que são lideranças dos próprios detentos que ajudam a manter a ordem nas unidades prisionais. 

Com a sua experiência como advogado, professor, jurista, o Ministro dos Direitos Humanos deve saber exatamente o que está afirmando a esse respeito. Sílvio é uma pessoa séria e consequente. Uma reserva moral do atual Governo. Realmente, há de se estranhar que tal "jabuti" tenha aparecido, como que por acaso, num programa de Parceira Público\Privada. O país possui a terceira população carcerária do mundo. Conforme afirmamos antes, por aqui parece existir uma cultura do encarceramento. Tal questão, se depender do ex-Ministro da Justiça, Flávio Dino, começará a ser revista, conforme minuta bastante recomenda ao atual titular da pasta, o ex-Ministro do STF, Ricardo Lewandoswki. 

O sistema carcerário brasileiro é, talvez, o ambiente onde se evidencia as violações mais graves aos direitos humanos no Brasil. De tão escabrosos, pouparemos os leitores dos detalhes mais comezinhos dessas violações, admitidas, inclusive, num detalhado relatório produzido pelo Supremo Tribunal Federal, onde a palavra "masmorras" chega a ser mencionada. Que a bússula constitucional do respeito aos direitos humanos continuem orientando as ações do ministério comandado por Sílvio Almeida, que enfrenta as correntes adversas do retrocesso civilizatório no país, como reflexo da experiência nefasta produzida pelo bolsonarismo.    

Editorial: Marta de volta ao "aconchego" do PT?

Crédito da foto: Marta Suplicy, Redes Sociais. 


Em evento bastante concorrido, com a presença de grandes personalidades políticas nacionais, Marta Suplicy voltou a filiar-se ao Partido dos Trabalhadores, agremiação política que, segundo ela, nunca saiu dos seus horizontes. Marta será candidata à vice na chapa encabeçada pelo Deputado Federal Guilherme Boulos(Psol-SP), que concorre à Prefeitura de São Paulo nas próximas eleições municipais. Boulos, aliás, aproveitou o ensejo para fazer algumas projeções sobre o que seria, programaticamente, o resultado de uma união entre a sua militância política e a espertise administrativa da ex-gestora, que foi apontada como a melhor prefeita da capital por uma pesquisa realizado pelo Instituto Genial\Quaest. 

Mas não foi só isso. Tivemos sernata também, na voz da própria Marta, que cantou que estava de volta ao seu aconchego, e o Deputado Federal Eduardo Suplicy, que foi casado com Marta por 40 anos, que ensaiou um eu sei que vou te amar por toda a minha vida. Quem esteve atento aos movimentos foi o principal adversário de Boulos na corrida pelo Edifício Matarazzo, Ricardo Nunes, do MDB, que se encontra num momento de equilíbrio instável, ora se aproximando do bolsonarismo, ora fazendo questão de enfatizar que não é um bolsonarista raiz. 

Neste sentido, a sua equipe já escalou três nomes, de projeção política nacional, para rebaterem as declarações de Guilherme Boulos: O ex-presidente Michel Temer, o ex-comunista Aldo Rebelo, que assumiu a secretaria deixada por Marta na Prefeitura de São Paulo, e Paulinho da Força. É uma maneira de não se expor diretamente. Não deixa de ser curiosa essa trajetória política do ex-comunista Aldo Rebelo, assumindo agora posições políticas de direita, conservadoras, se colocando na linha de frente para rebater os antigos "companheiros". 

Nem tudo são flores na chapa montada pelo Planalto para disputar aquelas eleições. Há parlamentares locais que desejavam um outro arranjo, quem sabe com um nome do próprio PT como cabeça de chapa, e uma ala que não engole a volta de Marta Suplicy à legenda, depois de uma controversa militância em outros grêmios partidários, assumindo posições imperdoáveis, como o apoio ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. A possibilidade é que esses grupos não se engajem na campanha do psolista. 

Charge! Jean Galvão Via Folha de São Paulo

 


sábado, 3 de fevereiro de 2024

Editorial: Afinal, quem não foi monitorado ilegalmente pela ABIN paralela?


Formulando a pergunta dessa maneira, talvez seja mais simples chegarmos a alguma conclusão sobre este assunto. O presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco,  solicitou ao STF a lista de parlamentares monitorados ilegalmente por essa da ABIN paralela. Hoje foi noticiada uma lista de ministros do Governo Bolsonaro que também teriam sido vítimas dessa ABIN paralela. Agora se sabe que a promotora e o delegado que investigaram o caso do assassinato da ex-vereadora Marielle Franco também estava na lista. Eles abandonaram o caso alegando interferências indevidas. 

O delegado que mais avançou no caso, cumprindo religiosamente seu dever cívico de agente de Estado, atuando conforme o que se prevê, de forma republicana e constitucional, ganhou como "prêmio" um inusitado curso de especialização na Itália, sem ter solicitado. Esses aparelhos adquiridos ao Governo de Israel trata-se apenas de um "detahe" nesta engrenagem, mas, se consideramor que eles foram adquiridos desde 2016, vejam a quanto tempo esse grupo poderia estar atuando ilegalmente dentro da Agência Nacional de Inteligência! 

Agora, os poucos neurônios que ainda restam desse editor atenta para um detalhe nada desprezível: Os inúmeros questionamentos formulados acerca dos relatórios emitidos pela agência durante os dias que antecederam a tentativa frustrada do golpe de 08 de janeiro. Quem acompanhou os trabalhos da CPI do Golpe sabe que muitos fios ficaram literalmente soltos nessas narrativas, suscitando inúmeros questionamentos dos atores diretamente envolvidos.

Sinceramente? Não ficamos nada satisfeito quando observamos alguém afirmar que as coisas foram pacificadas por ali. O melhor seria o Governo Lula estudar com carinho o documento emitido pelos agentes de carreira da Agência Brasileira de Inteligência. Ali pode ser encontrado o encaminhamento mais correto para o enfrentamento de questões dessa natureza. Uma forma de blindar a agência contra as interferências indevidas dos governos de turno. 

Charge! Assim mesmo!

 


Editorial: Ricardo Nunes irá "monitorar' a temperatura do bolsonarismo em sua chapa.



O atual gestor da Prefeitura de São Paulo, Ricardo Nunes(MDB-SP), está montando uma ampla frente política com o propósito de assegurar a sua reeleição. Sabe que o páreo não será fácil, uma vez que o Planalto joga todas as suas fichas naquelas eleições. Jogá-lo nas cordas do bolsonarismo, conforme é previsto entre as estratégias da chapa de Guilherme Boulos, não necessariamente, pode ser algo positivo para a campanha de reeleição Ricardo Nunes. 

Em algumas situações, no contexto da frente ampla que está sendo montada por Nunes, apoiadores do atual gestor confirmaram o seu apoio ao projeto de reeleição exatamente por ele não ser um bolsonarista raiz. É bom ter o apoio dos bolsonaristas, mas sugere-se a prudência necessária, uma vez que, depois do teto de apoiadores, o bolsonarismo também representa um padrão de rejeição junto ao eleitorado. 

O coronel Rocardo Mello, por exemplo, que será indicado por Jair Bolsonaro como vice na chapa é um ex-comandante da Rota, a temido Rondas Ostensivas Tobias Aguiar. Nas décadas de 80\90 do século passado, o Clube Náutico Capibaribe, aqui do Recife, montou um grande timaço. Entre esses jogadors estava o atacante Dedeu. Quando entrevistado pelos jornalistas sobre um eventual êxito do clube numa partida de futebol, costumava usar a expressão: O Náutico irá vencer o jogo comigo ou sem migo. É exatamente a tal questão que o prefeito Ricardo Nunes tenta equacionar. Ter Bolsonaro por perto é importante, mas até um certo ponto. 

Com o apoio já definido do PSD, não estranha que seja o seu presidente nacional, Gilberto Kassab, um supersecretário da gestão do governador Tarcísio de Freitas, que, de fato, possa estar aconselhando o atual gestor a comer o mingau quente do bolsonarismo pelas beiradas para não se queimar. Segundo dizem, o mesmo conselho teria sido dado ao governador.  

O xadrez político das eleições municipais do Recife em 2024: João é João.



A revista Veja trouxe uma matéria sobre quem lidera as pesquisas de intenção de voto nas principais capitais do país, ainda há alguns meses do pleito. No Recife, como já era de se supor, o atual prefeito João Campos(PSB-PE) lidera isoladamente a corrida eleitoral, com uma reeleição praticamente assegurada. Existe uma penca de candidatos isolados que, sequer pontuam na pesquisa realizada, o que evidencia as fragilidades de opositores ao atual gestor, seja com o aval do Campo das Princesas, seja capitaneados pelo bolsonarismo. 

Aparece um dado curioso, o ex-prefeito do Recife por dois mandatos e atual Deputado Estadual João Paulo, do PT, aparece em segundo lugar, cravando 10% das intenções de voto,  mas já informou que não será candidato, sugerindo que o PT indique o vice na chapa de João Campos. Observa-se aqui algumas dessas nuances curiosas produzidas pelo fenômeno político. Por que o ex-prefeito aparece em segundo lugar nas pesquisas? Eis aqui uma boa pergunta a ser respondida pelos cientistas políticos. 

E vamos às respostas porque, por aqui, as indagações não ficam sem algum esclarecimeto. É a gestão de João, o Campos, que faz as pessoas se lembrarem de João, o Paulo.  A gestão de João Paulo tinha como lema: A grande obra é cuidar das pessoas. João Campos focu sua gestão na mesma preocupação, desenvolvendo uma série de programas sociais, de inserção produtiva da população, proteção social,  urbanizando os morros, com obras para evitar possíveis desastres ambientais e humintários. Mesmo afastado durante anos do executivo, o imaginário da população faz ressurgir, através da gestão de João Campos, aquele que foram os  bons anos que representaram a gestão dos dois mandatos exercidos por João Paulo(PT-PE). Grosso modo, pode-se falar também num recall das duas gestão, mas, sinceramente, percebemos algo mais nesta performance do ex-gestor.  

A encrenca política, neste caso, diz respeito à imposição de um nome do PT na chapa encabeçada pelo socialista João Campos. Como se sabe, a reeleição do prefeito é apenas uma das etapas para ele chegar ao Palácio do Campo das Princesas em 2026. Neste sentido, seria de bom alvitre ser acompanhado por alguém de sua mais estrita confiança. A relação entre socialistas e petistas, sobretudo nos últimos meses, tem sido marcada por alguns problemas relativos à particpação dos socialistas no Governo Lula. 

O minstro Márcio França perdeu o Ministério dos Portos e Aeroportos para assumir o Ministério do Emprendedorismo, um órgão que acreditamos não existir sequer um organograma ainda. Cappelli e Tadeu Alencar também ficaram sem-tero durante as mudanças no Ministério das Justiça. Cappelli foi acomodado num agência do Ministério da Industria e Comércio, comandado por Geraldo Alckmin, um cargo burocrático, aquém de sua efetiva contribuição ao Governo durante os anos de apagão institucional que se seguiram após a tentativa de golpe de 08 de janeiro. 

Um outro dado é que a namorada de João Campos, a Deputada Federal Tabata Amaral, disputa a preitura de São Paulo, o que, segundo dizem, estaria suscitando possíveis manobras do Planalto pra que ela desista do projeto. A manobra, em última análise, poderia passar pelos arranjos entre petistas e socialistas na montagem da chapa no Recife. A presidente nacional da legenda, Gleisi Hoffmann, já andou antecipando que o apoio do PT aos socialistas passaria, necessariamente, pela indicação do vice na chapa.    

Editorial: "Volta para o PT, Tarcísio."



Depois de alguns escorregões verbais naturais - obviamente amplificadas pela Oposição - o presidente Lula ficou mais atento às orientações de sua assessoria neste sentido. No dia de ontem, no entanto, por ocasião das comemorações dos 132 anos do Porto de Santos, onde também foi anunciada a constração de um túnel subterrâneo ligando Santos ao Guarujá, Lula confessou que ficaria difícil segurar o papel e o microfone ao mesmo tempo, optando por falar de improviso. Esteve muito bem em sua fala, orientando-a pela necessidade de construção de padrões de relações institucionais civilizadas entre os entes federados, apelando para um clima de normalidade democrática entre Governo e Oposição. 

Entusiasmado, em certo momento, Lula como que propôs uma humanização ou civilização do bolsonarismo. Ressalvado a sua boa vontade e o entusiasmo, aqui, infelizmente a utopia proposta ficaria apenas no plano das utopias impossíveis. O que alimenta o bolsonarismo é justamente o discurso de ódio, que serve como combustível para mobilizar a sua base de apoio mais renhida. Entende-se o discurso do presidente, naquele momento em particular, sobretudo em razão da conjuntura política que ele sabe que deverá enfrentar para derrotar Ricardo Nunes da gestão da capital. Tarcísio de Freitas é um principal cabo eleitoral do atual gestor e a figura mais emblemática do bolsonarismo nacional.  

Sabe-se, inclusive, que o governador Tarcísio de Freitas, de fato, opte pela continuidado do seu mandato em 2026. Por outro lado o financiamento do túnel Santos\Guarujá também foi suficiente para produzir alguns ruídos entre o governador paulista e o Governo Federal. Em princípio, a ideia seria do governo estadual, mas, de tão importante e relevante, o Governo Federal resolveu assumir o projeto, incluindo-o no PAC, com total financiamento do Governo Federal. O ruído levou Tarcísio de Freitas ao Palácio do Planalto, com a ameaça até mesmo de deixar a legenda Progressista. 

O Governo Lula aquiesceu e resolveu compartilhar o custo da obra com a participação, em partes iguais, do governo estadual. O atual Ministro de Portos e Aeroportos é o pernambucano Sílvio Costa Filho, que pertence ao Progressistas. Por outro lado, durante o discurso, o presidente Lula descartou completamente a privatização do Porto de Santos, que seria uma ideia fixa do governador. Como se sabe, a privatização de estatais se traduz numa das ações mais visíveis da gestão do governador Tarcísio de Freitas. 

O momento de bom humor durante o evento se deu em razão dos afagos do presidente ao governador Tarcísio de Freitas, que ficaria meio que constrangido ao longo do discurso do presidente Lula. Lula fez referência, inclusive, ao período em que o atual governador ocupou um cargo técnico no Governo da ex-presidente Dilma Rousseff. Neste momento, alguém da plateia sugeriu que Tarcísio voltasse ao PT. A política institucional de boa vizinhança, por outro lado, desagradou bastante a alguns bolsonaristas nas redes sociais, que manifestaram sua insatisfação com a aproximação entre ambos.  

Charge! Benett via Folha de São Paulo



sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

Editorial: Invasão de privacidade.


A privacidade dos cidadãos e cidadãs brasileios nunca esteve tão exposta quanto nos últimos anos, quando as nuvens cinzentas do protofascismo hegemonizaram a cena política e assumiram ao poder. Aliás, a invasão de privacidade com propósitos escusos foi um dos recursos mais utilizados por essas forças políticas para chegaram ao poder, transformando a mentira numa arma política poderosa para atingir seus adversários. O país desceu alguns degraus civilizatótios, transformando-se numa selva sem lei, numa época em que a verdade ou a mentira tornou-se apenas uma questão de narrativas

Narrativas apoiadas pelo aparato de tecnologia hoje disponíveis. Pelo andar da carruagem política, agora se sabe que até os órgãos de inteligência de Estado foram aparelhadas com o propósito de bisbilhotar ilegalmente a vida privada dos adversários do governo protofascista de turno. Ao levantar o danos produzidos por tal aparelhamento, descobre-se que os prejuízos são quase irreversíveis. Algumas dessas agências, como sugere seus próprios servidores de carreira, talvez precise ser reinventadas dentro de critérios republicanos. 

Quando pensávamos que já havíamos visto o suficiente, hoje a Polícia Federal fez a prisão preventiva de um cidadão que se especializara em fornecer dados de privacidade de várias autoridades da República, inclusive o presidente do STF Luiz Roberto Barroso. São milhares de pessoas que tiveram suas vidas devassadas e o esquema, pelo que foi apurado até o momento, já funcionava há vários anos, com milhares de clientes. O que mais nos chamou a atenção é que boas parte dos clientes eram formados por atores ligados ao aparato militar. 

Que momento institucional complicado, meus caros leitores. Algumas pessoas morreram, outras sofreram verdadeiros achincalhe moral, com a destruição de sua reputações, conduzidas por essas hordas de pessoas despreparadas e mal-intencionadas. Principalmente mal-intencionada. As narrativas sobre o 08 de janeiro, por exemplo, sugere que essa gente tinha a convicação de que continuariam no poder, operando impunemente, massacrando os adversários e destruindo os pilares mais sagrados das instituições democráticas do país.       

Editorial: Marta Suplicy volta às suas origens?



Comenta-se que ninguém se perde no caminho de volta, mas, convenhamos, a Marta Suplicy que volta a se refiliar ao Partido dos Trabalhadoras não é aquela militante de antes, da década de oitenta do século passado, quando o partido ainda era cheio de pudores e queria mudar o mundo. Na realidade, se é verdade que Marta não é mais a mesma, o PT, igualmente, também não é mais o mesmo. Mudaria bastante durante os anos seguintes. O convite para que a ex-prefeita voltasse ao partido foi articulado pelo próprio Lula, com o propósito de torná-la vice na chapa encabeçada por Guilherme Boulos. 

Como se sabe, Marta saiu atirando contra a agremiação petista, com duras críticas ao partido, por ocasião em que membros da agremiação foram enredados em escândalos de corrupção. Logo em seguida, seguiu uma trajetória política errática, filiando-se ao partido do ex-presidente Michel Temer. Salvo melhor juízo, endossou o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, provocando a ira dos petistas raízes. A resistência desses grupos foram expressivas, mas, como afirmamos antes, já não estamos na década de 80, quando os grupos orgânicos da legenda reuniam condições de vetar este ou aquele nome. Hoje, o morubixaba bate o martelo e estamos conversados. 

Quando Lula resolveu reconvocá-la para mais uma missão, a senhora Marta Suplicy ocupava a Secretaria de Relações Internacionais da Prefeitura de São Paulo, subordinada à gestão de Ricardo Nunes. Ricardo Nunes, aliás, se queixa que as articulações foram mantidas sem o seu conhecimento. A conclusão é que Marta pode ajudar bastante a campanha de Guilherme Boulos. Numa pesquisa recente, realizada pelo Genial\Quaest, Marta foi escolhida como a melhor prefeita da capital. Ocorreram uma série de políticas públicas perenes durante a sua gestão, com seus efeitos positivos até os dias atuais. Boulos, durante uma entrevista à Jovem Pam no dia de ontem, fez várias referências a tais políticas públicas.
 
Hoje também será batido o martelo sobre a escolha do vice na chapa de Ricardo Nunes, que deverá ser indicado por Jair Bolsonaro. Acredita-se que o nome deverá ser o do coronel Rcardo Mello, que foi comandante da Rota, a Rondas Ostensivas Tobias Aguiar. Os principais "padrinhos" políticos passaram a considerar aquela eleição como um terceiro turno das eleições presidenciais de 2022. Ricardo Nunes tem conseguido juntar em torno de sua candidatura um conjunto de forças políticas robustas, que inclui o próprio governador Tarcísio de Freitas, que não se descola do vice em eventos importantes. 

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

Editorial: Ainda as encrencas do Governo com os serviços de inteligência bichados.



"Laranja madura, na beira da estrada, tá bichada Zé ou tem maribondo no pé." Essa estrofe da música do grande Ataulfo Alves, talvez traduza bem o que estamos observando a partir das investigações da Polícia Federal sobre uma suposta organização criminosa que atuava a partir da Agência Brasileira de Informação. No caso específico, tem laranja madura e podres - algumas delas já caíram - mas sugere-se que ainda tem moribondo no pé. Ao que se sabe, seis nomes da direção da agência foram afastados do cargo e, se dependesse do morubixaba petista, o Diretor-Geral também seria afastado. 

A degola foi impedida por um nome do núcleo duro ligado a Lula. Tenho reiteradas vezes afirmado que não se pode errar por aqui. Existe uma esponja de permeabilidade "natural" de alguns setores do Governo ao bolsonarismo. Daí se entender que eles continuaram operando de forma ilegal na máquina mesmo depois da indicação de nomes da suposta confiança do Governo atual. Durante o ancien régime, existe casos de servidores de carreira que foram afastados de suas funções por cumprirem suas missões institucionais, o que é gravíssimo e demonstra os padrões de aparelhamento desses órgãos. 

O indigenista Bruno Pereira morreu em missão institucional, cumprindo seu papel de servidor público, em defesa dos povos indígenas. O delegado da Polícia Federal Saraiva foi afastado do cargo por denunciar as irregularidades com o tráfico de madeira ilegal. O bolsonarismo representou um momento de apagão republicano e democrático no país. Por muito pouco não chegamos ao fundo do poço, com ministros sendo enforcados em praça pública, conforme se depreende das investigações até agora conclúidas. 

Pelo andar da carruagem política, hoje podemos concluir que a "desbolsonarização" de alguns órgãos do governo não foi suficiente para devolver a esses órgãos a sua condição de órgãos de Estado, operando conforme se define pela Constituição. É preciso avançar em sua reestruturação completa, cortando onde for preciso, sob pena de problemas ainda maiores no futuro.  

Editorial: Cultura do encarceramento.



O Brasil possui a terceira maior população carcerária do mundo, abaixo apenas da China e dos Estados Unidos, onde o sistema é praticamente administrado pela iniciativa privada. No país parece existir uma "cultura do encarceramento", embora as condições para o cumprimento das penas previstas e aplicadas sejam um tormento para os detentos, que as cumpre em unidades prisionais em média com número de detentos três vezes maior do que a capacidade concebida; submetidos à disseminação de doenças; em alguns casos dentro de uma dinâmica gerencial dos presídios que fogem ao controle do aparelho de Estado. 

Um levamtamento do STF constatou, nas palavras do Ministro Roberto Barroso, que eli se pode enchergar violações claras dos mais elementares direitos humanos.  São verdadeiras masmorras. É neste sentido que o agora senador Flávio Dino deixou pronta uma minuta, na mesa do futuro Ministro da Justiça, que o substitui no cargo, o ex-Ministro do STF, Ricardo Lewandoswki, tratando desse grave problema, proponsdo uma seletividade daqueles delitos que talvez não justifiquem o encarceramento. Flávio Dino sugeriu que, com os ajustes que se fizerem necessários, trata-se de algo que não pode ser engavetado. É como se houvesse um compromisso entre o ministro que sai e o que entra de que tal proposta seja rigorosamente avaliada.  

A proposta é capaz de produzir urticária nos bolsonaristas, mas é preciso entender, entre outras coisas, que o nosso sistema carcerário é um sistema falido, sem solução aparente para os seus problemas. Endosso aqui uma afirmação que já fizemos antes. É uma pena que Lula tenha afastado Flávio Dino do cargo de Ministro da Justiça antes que ele cumprisse o conjunto de medidas que previa para a pasta. Os arroubos de grupos de oposição significava, em última análise, que ele estava no caminho certo. Por outro lado, entende-se que o Governo precisava reconstruir as pontes fragilizadas com o Poder Judiciário. 

Lewandoswki recebeu o Ministério da Justiça de porteira fechada, que será conduzido por uma equipe de sua estrita confiança, o que significou que alguns socialistas se tornassem sem teto, a exemplo de Ricardo Cappelli e Tadeu Alencar. Cappelli deve assumir uma agência subordinada ao Ministério da Indústria e Comércio, comandado pelo vice-presidente, Geraldo Alckmin. Não é um reconhecimento à altura de quem prestou releventes e inestimáveis serviços em defesa de nossas instituições democráticas como Cappelli, que cumpriu as missões de interventor na área de segurança pública do distrito federal, assim no GSI, onde promoveu uma verdadeira assepcia republicana. 

  

Editorial: Boulos que se cuide. Padre Kelmon é pré-candidato à Prefeitura da Cidade de São Paulo


Nem mesmo o seu partido ainda reconhece tal candidatura, mas o polêmico padre Kelmon já anuncia que é pré-candidato à Prefeitura da Cidade de São Paulo. Como se sabe, a eleição na maior capital do país está completamente nacionalizada. A entrada do padre Kelmon na disputa talvez seja a cereja do bolo para concluirmos por tal nacionalização daquelas eleições. Com que propósito ele entra na disputa? Possivelmente talvez para se constituir numa força-auxiliar do candidato bolsonarista, Ricardo Nunes. O mesmo papel que ele cumpriu nas eleições presidenciais passadas, quando se colocou nos debates como um ferrenho provocador do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 

Neste sentido, Boulos que se cuide. E, por falar em Guilherme Boulos, o candidato do Psol foi o entrevistado de hoje no programa jornalistico matinal da Jovem Pam. Como sempre, esteve muito bem, tecendo críticas à gestão ao seu principal concorrente no pleito, o atual prefeito Ricardo Nunes. Um dos melhores momentos da entrevista foi quando o Deputado Federal fez referências aos pontos positivos da gestão da ex-prefeita Marta Suplicy. É curiosa a trajetória da ex-prefeita petista - tão curiosa que setores do partido se recusaram a recebê-la de volta à legenda - mas uma pesquisa do Instituto Quaest\Genial comprovou que os paulistas a consideram a melhor gestora da cidade, com grande capacidade de agregar valores à candidatura de Guilherme Boulos. 

Pensamos que ela já estivesse se refiliada à legenda, mas o tal evento ainda irá ocorrer, com o aval e a presença do morubixaba petista. Nos bastidores da política comenta-se que o presidente Lula estaria como que obcecado com aquelas eleições. Nem a crise do setor de inteligência do Governo, assim como o rombo de R$ 230 bilhões nas contas públicas consegue superar mais as preocupações de Lula do que aquelas eleições. Não diríamos que se trata de uma obsessão, mas que Lula, depois de levantar o tapete do Planalto conseguiu perceber a sujeira deixada pelo ancien régime. Ele hoje tem a dimensão exata sobre os danos institucionais produzidos por um governo protofascista.

Voltamos a insistir em algo que já propomos por aqui antes. Que depois das eleições municipais paulistas, os institutos de pesquisa realizam algum levantamento no sentido de indentificar o "peso" da questão nacional na indução do voto do eleitorado. Geralmente, conforme afirmamos por ali, as eleições municipais possuem uma dinâmica prípria, mas as eleições de 2024 naquela cidade, como o próprio morubixaba petista admite, será um terceiro turno das últimas eleições presidenciais.  

  

Charge! Laerte via Folha de São Paulo

 


quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

Editorial: General Augusto Heleno será ouvido pela Polícia Federal.



 À época em que a comandava o GSI, a ABIN era um órgão subordinado ao general Augusto Heleno. É neste contexto que ele pretende ser ouvido pela Polícia Federal, que investiga atividades ilegais de contra-inteligência naquele órgão, numa estrutura supostamente montada pelo bolsonaristas, com o objetivo de monitorar os movimentos dos adversários do ex-presidente Jair Bolsonaro. As investigações avançam e, na medida em que tais investigações avançam, algumas cabeças estão rolando, conforme enfatizamos mais cedo. Uma assepcia necessária, com o propósito de devolver a agência a execução de suas funções precípuas  legais, republicanas, ou seja, de órgão de Estado. 

Fiel escudeiro do ex-presidente Jair Bolsonaro, comandante do GSI, sugere-se que a Polícia Federal tenha elementos para supor que o general tenha algum conhecimento sobre a tal ABIN paralela. Oitivas e investigações poderão ajudar a PF a tirar suas conclusões. Vamos aguardar antes dos julgamentos precipitados. O Governo Lula precisar cercar-se de todos os cuidados ao caminhar nesse campo minado deixado como herança nefasta do bolsonarismo. Alguns órgãos estão completamente bichados, principalmente aqueles que lidam com segurança e inteligência de Estado. 

As falas mais recentes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugere que ele começa a dimensionar corretamente o que, de fato, representou como dano instituconal tal experiência nefasta do bolsonarismo. Sua verdadeira cruzada no sentido de apear o grupo da gestão da maior capital do país, São Paulo, talvez seja um bom indicador. Ali o morubixaba petista joga todas as fichas na eleição do companheiro Guilherme Boulos. Lula considera aquela eleição um terceiro turno das últimas eleições presidenciais. 

O general Heleno foi ouvido durante os trabalhos da comissão parlamentar de inquérito criada para investigar a tentativa de golpe do 08 de janeiro. Pode-se dizer que se saiu muito bem, a despeito das indisposições com a relatora da comissão, a senadora Eliziane Gama, do PSD do Maranhão. Foi muito bem orientado pelos seus advogados, que também deve acompnahá-lo por ocasião da oitiva na Polícia Federal. 

Editorial: Agravam-se os impasses entre Governo e Oposição.



Não há dúvidas de que teremos um ano legislativo bastante tenso em 2024. A pauta da Oposição, seguramente, será orientada contra a atuação do Poder Judiciário, assim como sobre um suposto concluio deste poder com o Poder Executivo. Já antecipamos por aqui que se trata de uma narrativa da Oposição. Salvo melhor juízo, já existe uma CPI com quórum necessário, próxima a ser instalada, com o propósito de investigar supostos abusos de autoridade. Nos discursos dos atores políticos da oposição, assim como pelas redes sociais, no entanto, o clima de guerra já está definitivamente instaurado. 

Carlos Jordy, Alexandre Ramagem, Carlos Bolsonaro e, agora, o general Augusto Heleno, ex-chefe do GSI durante o Governo Bolsonaro, todos os nomes ligados à Oposição, o que contribui para ampliar essas especulações. O general Heleno está intimado a depor na Polícia Federal no curso das investigações dos serviços irregulares e ilegais de contra-espionagem instalado na ABIN. Alguém estava observando hoje que Lula parece mesmo obcecado com as eleições em São Paulo, o que ele considera o terceiro turno da última eleição presidencial. 

O morubixaba petista vai fazer de tudo para erradicar o bolsonarismo na principal capital do país. De tudo, inclui-se aqui uma eventual manobra no sentido de retirada da candidatura da Deputada Federal Tabata Amaral(PSB-SP), uma manobra política que passaria pela entrega do Ministério de Ciência e Tecnologia a socialista, pois a comunista Luciana Santos estaria deixado o cargo para voltar a disputar a Prefeitura de Olinda, além do apoio ao projeto de reeleição do prefeito do Recife, João Campos, com uma reeleição praticamente assegurada, mas que não gostaria de disponibilizar a vice a um petista, no contexto de suas ambições para o Palácio do Campo das Princesas na eleição seguinte, a de 2026. 

Três dos nomes envolvidos nesse enredo nebuloso das investigações sobre a ABIN paralela, algo que caberia bem nas páginas de um romance policial, estarão diretamente ligados às próximas eleições minicipais, como é caso de Carlos Jordy, candidato em Niterói, Alexandre Ramagem, candidato a prefeito do Rio de Janeiro, disputa que contaria com a coordenação do vereador Carlos Bolsonaro. É bronca. Além dos impasses institucionais e políticos, o Governo ainda enfrenta um rombo nas contas públicas da ordem de R$ 230 bilhões e uma lamentável epidemia provocada pelo aumento expressivo dos casos de dengue. Durma com uma bronca dessas, como diria o Cardinot.   

Editorial: Lula demite diretor-adjunto da ABIN



O Diário Oficial da União traz a portaria de exoneração, assinada por Lula, do diretor-adjunto da ABIN, Alessandro Moretti, até então diretor-adjunto da agência de inteligência. Marco Aurélio Chaves Cepik, então diretor de formação da Agência de Informação Brasileira, assume o cargo deixado por Moretti. As mudanças ocorreram no curso das investigações da Polícia Federal sobre uma organização criminosa atuando na agência, num trabalho ilegal de contra-espionagem, com o propósito de monitorar os desafetos do bolsonarismo. Os nomes acima já teriam sido indicados sob o Governo Lula, mas a PF levanta a suspeita de um conluio na agência que continuou funcionando mesmo com a mudança de governo. 

Voltamos a afirmar por aqui, todo o cuidado ainda é pouco. Lavrenti Beria, o homem forte da inteligência durante os anos sombrios do stalinismo na URSS, fundador da agência que se tornaria depois na temida KGB - ninguém melhor preparado e informado na área - caiu numa armadilha primária montada por antigos companheiros, enredado, implorando para não ser morto. Nos Estados Unidos, uma disputa pelo comando do FBI acabou derrubando o presidente Richard Nixon do cargo. E, por fala na ABIN, especula-se sobre a possibilidade de o ex-Secretário Excutivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli, vir a assumir o cargo de diretor da agência. 

É uma questão de reconhecimento o Governo Lula encontrar um espaço de atuação de Cappelli no Governo, depois dos relevantes serviços prestados pelo manranhense ao país, em defesa de nossas instituições democráticas. Há um sentimento na agência de que o cargo seja ocupado por um funcionário orgânico, de carreira. Há uma natural preocupação dos servidores com a imagem da agência. Na realidade, para ser mais preciso, toda a chamada comunidade de informação precisa passar por um pente fino do Governo Lula. Principalmente em alguns órgãos específicos, haveria, em princípio, uma esponja bastante permeável aos métodos sórdios do ancien régime.   

O Governo Lula também precisa ficar atento ao que ocorreu com as polícias estaduais durante o bolsonarismo. Há vários episódios onde esse "alinhamento automático" ficou definitivamente comprovado, em alguns casos, com comandantes militares desafiando gorvernadores estaduais. O estrago institucional foi grande. Aqui em Pernambuco ocorreu um caso emblemático, quano o porrete foi baixado contra manifestantes ligados ao PT, sem ordem expressa do então governador Paulo Câmara. O resultado foi pessoas que perderam a visão depois de atingidas por balas de borracha.  

Charge! Via Folha de São Paulo

 


terça-feira, 30 de janeiro de 2024

Editorial: Os arranjos políticos complicados entre socialistas e petistas.



Até recentemente, fomos informados de que o Planalto promete gestões políticas para a retirada da candidatura da Deputada Federal Tabata Amaral, do PSB,  à Prefeitura de São Paulo. Ficamos por aqui a imaginar o que seria oferecido em troca de uma eventual desistência da socialista, o que, em tese, poderia significar um embaraço a menos para o candidato oficial do Governo, Guilherme Boulos, do Psol.  É muito pouco provável que isso ocorra, a essa altura do campeonato, há um pouco menos de ano das eleições.  

Além de tratar-se de um projeto pessoal da deputada - alimentado durante anos - pelo andar da carruagem política, considerando as rusgas entre socialistas e petistas no plano nacional, dificilmente um acordo seria estabelecido neste sentido. Definha a participação dos socialistas no Governo Lula. O futuro Ministro do STF, Flávio Dino, tinha planos de manter Ricardo Cappelli como seu sucessor no Ministério da Justiça, o que acabou não ocorrendo. Lula está entregando aquele ministério, de porteira fechada, ao ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandoswski. Por tal critério, o Secretário Nacional de Segurança Pública, o pernambucano Tadeu Alencar, PSB, também perdeu o cargo. 

Ricardo Cappelli já se despediu do cargo, depois de uma longa folha de serviços prestados ao Governo. Há quem diga que aguarda a nomeação para ocupar um cargo em outro ministério. Até para dirigir a ABIN o seu nome vem sendo especulado, embora, se depender dos servidores do orgão, o melhor seria a indicação de um servidor de carreira, algo que talvez contribua para recuperar a imagem da instituição, depois dos desgastes produzidos por uma ABIN paralela, que estaria envolvida com um trabalho irregular de contra-inteligência de Estado.  

Curioso que Márcio França chegou a cogitar lançar o nome do ex-Secretário Executivo do Ministério da Justiça como candidato do PSB à Prefeitura do Rio de Janeiro, quando se sabe que o PT apoia o nome de Eduardo Paes. Até em praças como o Recife, onde o PSB é franco favorito, o que se especula nos escaninhos é que a presidente nacional da legenda, Gleisi Hoffmann, sugere que o apoio do Planalto só seria assegurado se o PT indicar o nome a vice. Trata-se de uma costura política complicada, daí sugerirmos, no início, ser improvável algum acordo entre as duas legendas para a retirada do nome de Tabata Amaral em São Paulo.   

Editorial: Toc! Toc! Toc!




Desde o início, o terceiro Governo Lula enfrenta algumas dificuldades na área de comunicação. Depois de grandes investimentos e infrutíferos resultados, o Governo anunciou que pretende abandonar as lives, que nunca alcançaram boa audiência. Na realidade, com a espertise acumulada durante anos, este se tornou um terreno onde o bolsonarismo opera em céu de brigadeiro. Eles conhecem bem o "azeite", aquele óleo fundamental para mover o mecanismo dos algoritmos, alcançando um grande público sempre que a família promove esses encontros. 

Por falar em lives, entranhamente, durante algumas entrevistas concedidas logo após a última delas, o ex-presidente Jair Bolsonaro se queixa de os agentes da Polícia Federal, quando da operação contra o vereador Carlos Bolsonaro, terem levado os seus rascunhos. Não deixa de ser curioso. Em propaganda em site institucional, o Governo Lula, numa campanha de saúde pública para os moradores receberam o agentes de saúde que se dedicam ao combate à pandemia da dengue, sugere que eles não se assustam com o toc! toc! toc!. A referência foi logo entendida como uma indireta às operações da Polícia Federal contra a família Bolsonaro. 

Se houve tal intenção - não se nega nem se conforma - estamos diante de mais um equívoco, algo que pode reforçar a narrativa da oposição de uma perseguição sistemática à oposição. No mínimo um deslize infeliz, o que, ao fim e ao cabo, indica, de fato, que os erros permanecem nesta área de comunicação. Por vezes, dá uma de João sem Braço pode ser uma solução que não compromete, como ocorreu com o governador Tarcísio de Freitas e o prefeito Ricardo Nunes, que afirmaram desconhecer completamente uma operação que todo país tomou conhecimento logo nas primeiras horas da manhã. Eles não iriam se comprometer logo às vésperas da escolha do nome que deve concorrer a vice na chapa de Nunes à reeleição, que será indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.

O Governo parece conhecer o problema de comunicação. Muitas medidas foram adotadas desde então para minimizar o problema. O escudo de proteção precisa ser forte, sobretudo num momento em que até órgãos da imprensa tradicional estão se transformando em panfletos com o propósito para atacarem o Governo Lula. Mesmo sistematicamente combatida, as fake news continuam fazendo seus estragos, seja para contra o Governo, seja contra a Oposição, como nesta última operação de busca e apreensão, realizada pela PF, contra o vereador Carlos Bolsonaro. Ontem, por exemplo, se divulgou que um computador da ABIN teria sido apreendido na casa de Angra dos Reis. Não é verdade. O único computador da ABIN apreendido foi na Bahia, de posse de um militar investigado no curso das operações ilegais da Agência Brasileira de Informações.  

 


Charge! Benett via Folha de São Paulo

 


segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

Editorial: Operação da Polícia Federal, no curso das investigações da ABIN paralela, atinge Carlos Bolsonaro.



No dia de hoje, 29, a Polícia Federal realiza operação de busca e apreensão em endereços do vereador Carlos Bolsonaro. A operação está inserida no contexto das investigações relacionadas às atividades da chamada ABIN paralela, onde servidores da agência, supostamente, estariam envolvidos em operações ilegais de bisbilhotagem de adversários do ex-presidente Jair Bolsonaro. Os alvos são inúmeros, desde de ministros do Supremo Tribunal Federal ao bloqueiro da esquina, identificados por suas críticas ao bolsonarismo. 

Em tese, as coisas funcionvam mais ou menos assim. Tal operação irregular da ABIN fornecia informações que eram exploradas pelas redes sociais controladas pelas hordas bolsonaristas que atuavam pelas redes sociais. Há de se supor, igualmente, pelo andar da carruagem política, que se esses agentes púlicos, que  não agiam de forma institucional ou republicana - cumprindo os preceitos constitucionais, a que se propuseram -  pudessem "plantar" fake news apenas para prejudicar os adversários, desconstruindo suas reputações. Essa estapafúrdia tentativa de associação entre ministros do STF e o crime organizado, por exemplo, é algo estapafúrdio e grotesto. 

Carlos Bolsonaro foi, durante muito tempo, o nome do bolsonarismo nas redes sociais. Quando foi eleito presidente, Jair Bolsonaro fez questão de afirmar que devia sua eleição ao filho. Principalmente Bolsonaro, que, sabidamente, possui grandes dificuldades de comunicação. O mais espantoso disso, reflexo da banalização ou "normalização" de ilegalidades durante o ancien régime é que nomes, já então indicados pelo Governo Lula, tenha prejudicado as investigações da Polícia Federal, numa clara demonstração do retrocesso civilizatório vivido pelo país nos últimos anos. 

É conhecida as dificuldades de governabilidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. As netociações neste sentido, fizeram o Governo abrir espaços para ex-bolsonaristas até mesmo na gestão de órgãos públicos. Em algumas áreas ele simlesmente não pode ceder: a área de segurança e inteligência do Estado. Já se sabe que haveria nomes indicados por Lula envolvidos nessas maracutais. Conforme sempre enfatizamos por aqui, todo cuidado ainda é pouco. Por aqui as coisas só funcionam se as ervas daninhas forem extirpadas por comleto. Ao que se sabe, um delegado da Polícia Federal foi exonerado do cargo e hoje, 29, haveria mandados atingindo outros agentes da PF, contingenciando-a cortar na pele.         

Charge! João Montanaro via Folha de São Paulo

 


domingo, 28 de janeiro de 2024

Editorial: Eleições em São Paulo definitivamente "nacionalizadas".



Eleições municipais possuem uma dinâmica própria. O eleitorado é majoritariamente orientado pelos problemas que ele enfrenta no seu cotidiano, ou seja, como chega ao trabalho todos os dias; como funcionam as creches para deixar os filhos; se o seu lixo é recolhido; se a sua rua é calçada. Neste sentido, um bom gerente da cidade reúne boas condições de ser reeleito. Recife é um bom exemplo, pois o atual gestor, João Campos, do PSB, ostenta 80% de aprovação. Vai faltar argumentos aos adversários para criticar a sua gestão. No caso de São Paulo, no entanto, o componente da centrífuga da polarização política nacional está definitivamente instaurada. 

Depois de alguns movimentos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o goverandor Tarcísio de Freitas resolveu assumir definitivamente o apoio ao projeto de reeleição do atual gestor, Ricardo Nunes, do MDB. Lula está refiliando a ex-petista Marta Suplicy à legenda, num projeto político que pretende torná-la vice na chapa de Guilherme Boulos, o candidato do Planalto naquela cidade. O retorno de Marta Suplicy à encontra forte resistência de setores mais autênticos, mas já não estamos vivendo aquelas saudosas décadas de 80, onde tal questão poderia produzir discussões intermináveis no partido. 

Nos dias de hoje, de oligarquização partidária do PT, o morubixaba bate o martelo e pronto. Em razão do inusitado fato de nacionalização de uma eleição municipal, faríamos aqui uma sugestão aos institutos de pesquisa: Que tal, depois das eleições,  fazer uma pesquisa para identificar os fatores que determinaram o voto do eleitorado paulista? Seria interessante para se entender o peso da "nacionalização" naquelas eleições. 

Tarcísio de Freitas e Ricardo Nunes passaram a se tratar como "irmãos" nos eventos, em agendas conjuntas, cada vez mais intensificadas, até mesmo comendo o tradicional sunduíche de mortadela no Mercadão, durante o aniversária da cidade. Salvo melhor juízo, com o tereceiro orçamento do país, São Paulo será uma prova de fogo para governistas e oposicionistas, principalmente à ala ligada ao bolsonarismo. Curioso que Nunes encontrava algumas resistências de alguns setores bolsonaristas, mas, pelo andar da carruagem política, por força das contingências, eles começam a formar um "consenso" em torno do projeto de reeleição do atual prefeito.   

Charge! Jean Galvão via Folha de São Paulo

 


sábado, 27 de janeiro de 2024

Charge! Benett via Folha de São Paulo

 


Editorial: A estranha narrativa sobre a delação premiada de Ronnie Lessa.



Houve um tempo em que as delações premiadas eram bastante festejadas. Uma determinada operação, que adotou procedimentos ilegais - onde se arrancava sob torturas medievais tais delações - acabou por desmoralizar tal procedimento. Até mesmo a delação premiada de um ex-auxiliar de ordens do Governo Bolsonaro acabou por cair no descrédito popular, apesar das revelações comprometedoras. A anunciada delação premiada de um dos envolvidos no assassinato da vereadora Marielle Franco e o seu motorista, Anderson Gomes, no entanto, voltou a causar aquele frisson em amplos setores da sociedade brasileira, principalmente entre os setores mais progressistas, que há muito tempo reclamava de uma elucidação completa do crime. 

A pergunta que não queria calar, quem mandou matar Marielle?, finalmente, poderia ser esclarecida. Mas, logo em seguida, começaram a surgir as ponderações em torno do assunto. A Polícia Federal não confirmou tal delação; Os advogados de Ronnie Lessa, abandoram sua defesa; E o Ministro da Justiça, Flávio Dino, que teria todo o interesse do mundo em confirmar que o caso estava, finalmente escalrecido, sugeriu que o caso ainda está em andamento. 

A banda institucional da Polícia Civil carioca - nesses tempos bicudos, se impõe fazermos tal distinção sempre que abordarmos tal assunto -  chegou ao nome do ex-militar Ronnie Lessa, como executor do crime, depois de um amplo e primoroso trabalho de investigação. Tratava-se de um crime cometido com alto índice de complexidade, envolvendo o uso de armas sofisticadas. À época se concluiu que apenas dois executores reuniriam as habilidades técnicas suficientes para executar o crime com aquela precisão: Adriano da Nóbrega e Ronnie Lessa, que, já então, expulsos da corporação policial, atuavam no submundo miliciano. Como, naquele momento, Adriano da Nóbrega atuava noutro "serviço", restou centrar esforços sobre o nome de Ronnie Lessa. A delação premiada de Élcio de Queiroz, que diria o carro, praticamente selou o destino de Ronnie Lessa como executor do crime. 

Roniee Lessa acusa Domingos Brasão de ser um dos responsáveis pela ordem de mandar matar Marielle. Existiriam outro mandantes, então? As eventuais delcarações do ex-militar Ronnie Lessa confirmam boa parte do enredo envolvendo as motivações do crime. As indisposições de grupos milicianos com o trabalho desenvolvido pela vereadora, também assessora do então Deputado Estadual, Marcelo Freixo. Haveria uma rixa pessoal entre Domingos Brasão e Marcelo Freixo, a partir de uma CPI sobre a atuação de grupos milicianos no Estado do Rio de Janeiro. Acomodado numa poltrona do Tribunal de Contas do Estado, na condição de conselheiro, Domingos Brasão conta com forum priviliado. Nos resta aguardar os desdobramentos.     

sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

Editorial: o submundo nefasto da herança do bolsonarismo.



Quanto mais a Polícia Federal avança em suas investigaçoes sobre o nebuloso caso de espionagem ilegal de adversários políticos realiazadas por setores da ABIN, sob o comando do Governo Bolsonaro, mais se tem uma ideia da dimensão do problema. A própria PF aponta eventuais indícios de que, já sob  gestão de nomes indicados pelo Governo Lula, as investigaões foram prejudicadas. Como se sabe, o bolsonarismo não poder ser classificado como uma oposição comum, daí não se entender as manifestações de alguns deles em defesa dos princípios institucionais, tratando o caso como uma violação de direitos ou perseguições políticas. Aliás, para ser bem sincero, de perseguição política parece que eles entendem muito bem.  

Sempre advetimos por aqui, muito antes, que Lula precisava se cercar de todos dos cuidados possíveis no tocante ao seu staff de segurança e inteligência. Todo o cuidado ainda é pouco ou não seria suficiente. Que interesse teria nomes indicados por Lula em prejudicar as investigações da Polícia Federal? É preciso que se tome providências duras em relação a este fato. Agora se entende, por exemplo, porque, naquele período de trevas, se tornaram recorrentes os assédios institucionlaizados em algumas repartições públicas federais. Providências republicanas não eram adotadas se o indivíduo estivesse no index ou lista negra do antibolsonarismo.

No Estado da Paraíba, no dia de ontem, um representante dessa corrente política fez algumas associações esdrúxulas entre as medidas sanitárias adotadas durante o Governo Lula para o enfrentamento da pandemia da Covid-19, sugerindo eventuais mortes provocadas pela campanha de vacinação em massa. Acabou se aborrecendo e xingando jornalistas durante o evento. O cidadão, que já foi Ministro da Saúde durante o Governo Bolsonaro, é o eventual candidato à Prefeitrua de João Pessoa. Vale aqui a advertência: O bolsonarismo não é uma oposição "comum".