pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO. : Editorial: Direita devolve Lula aos braços dos pobres.
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sexta-feira, 4 de julho de 2025

Editorial: Direita devolve Lula aos braços dos pobres.

Crédito da Foto: Instagram do Diário de Pernambuco. 

A política tem algumas coisas curiosas. Lula é criticado por alguns setores mais autênticos - ou seriam radicais? - da esquerda por fazer, segundo esses críticos,  o jogo da direita. Isso dentro e fora do PT, uma vez que alguns dos postulantes à direção nacional da legenda, que terá eleição no próximo domingo, também defendem uma inflexão à esquerda do partido. Lula carrega essa pecha desde os momentos mais cruciais de sua atuação sindical, quando o então Ministro-Chefe da Casa Civil dos Governos Militares, o general Golbery do Couto e Silva, espécie de estrategista político do regime,  argumentava que os conservadores não teriam o que temer em relação aos  posicionamentos políticos do petista. Lula não era comunista, segundo avalizava o militar. Segundo esses setores, Lula foi usado pelas hostes conservadores para impedir a eleição de Leonel Brizola, este sim, alguém que poderia abalar as estruturas do sistema. Os radicais de esquerda tratam Lula como uma "cria" de Golbery. É preciso esclarecer aqui que esses candidatos que concorrem à direção nacional da legenda defendendo uma inflexão à esquerda não chegam a dizer que Lula fez o jogo da direita, mas são críticos dessa conciliação conservadora. 

Por outro lado, eleito para um terceiro mandato nas circunstâncias em que foi eleito, exigia-se um Lula ainda mais moderado, fazendo um governo de conciliação, ampliando seus vínculos com setores conservadores da direita, excluindo-se tão somente os extremistas. Na realidade, tal condição até se impunha, uma vez que a direita venceu as últimas eleições no país. Lula até tentou, seja do ponto de vista da articulação com o Congresso, seja no tocante à gestão da máquina, onde integrantes do governo anterior continuaram exercendo cargos de confiança no Estado ou exercendo funções de conselheiros em estatais, caso da Eletrobras, com excelentes jetons, diga-se de passagem. Um deles foi indicado até para secretário-executivo de um ministério. 

Nos últimos meses esse distanciamento foi se ampliando, com derrotas sucessivas no Congresso, chegando ao limite da recusa de um convite a um membro de um partido da base aliada para assumir um ministério no Governo. Hoje, a dita base aliada- formada por partidos de centro-direita, a exemplo do União Brasil e PP - está completamente desmobilizada. Numa entrevista recente, o presidente nacional da federação União Progressista afirmou que um apoio da legenda ao projeto de reeleição de Lula é uma condição remotíssima. Até recentemente, Antonio Rueda era elogiado no Planalto por sua lealdade. O outro nome forte dessa federação, o senador Ciro Nogueira, segundo os escaninhos da política na capital federal, estaria na bolsa de apostas para integrar a chapa com o governador Tarcísio de Freitas à Presidência da República, na condição de candidato a vice.   

Acabamos de saber que o Ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, acaba de suspender as decisões do Executivo e do Legislativo no tocante ao aumento de impostos do IOF. O estrago, no entanto, já está feito. Aquilo que antes tratávamos aqui como indisposições e instabilidade institucional, hoje pode ser tratado como uma guerra declarada entre o Executivo e o Legislativo, antecipando, inclusive, a plataforma discursiva que poderá ser usada nas eleições de 2026. Já tem gente até erguendo a bandeira branca, incomodado com essa narrativa de que estão defendendo os interesses dos ricos, em detrimento dos mais humildes. O Planalto tem apostado todas as suas fichas de publicidade institucional nas redes sociais. Alguém andou sugerindo que isso poderia ser um equívoco. De fato pode, mas, no momento, o Governo surfa numa narrativa que vem obtendo aderência junto ao público, ou seja, apresentando Lula como uma espécie de Robin Hood, aquele que tirava dos ricos para dá para os pobres.  

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