A REPRODUÇÃO DA OLIGARQUIA POLÍTICA DE PE (2)
Por Michel Zaidan Filho
Há quase um consenso, entre os observadores economicos do estado, de que houve uma profunda diversificação da matriz economica de Pernambuco. Saimos de uma agro-industria ineficiente e de baixa produtividade para um parque produtivo moderno, capaz de atrair investimentos de grande porte, sejam públicos ou privados. Nacionais ou estrangeiros.
Por Michel Zaidan Filho
Há quase um consenso, entre os observadores economicos do estado, de que houve uma profunda diversificação da matriz economica de Pernambuco. Saimos de uma agro-industria ineficiente e de baixa produtividade para um parque produtivo moderno, capaz de atrair investimentos de grande porte, sejam públicos ou privados. Nacionais ou estrangeiros.
Estamos vivendo uma "lua de mel" economica, como nunca mais se viu na região. O que não ocorreu em Pernambuco foi a correspondente renovação e diversificação da matriz política, oligárquica, familista, atrasada, que mantem e aprofunda a polarização histórica que caracteriza a vida política do estado. Polarização que, hoje, já não possui nenhuma conotação ideológica ou programática.
É como se Pernambuco tivesse aderido a uma modalidade incompleta de gerenc ialismo, mas conservando uma boa dose de patrimonialismo na política e no estado.
A tão esperada terceira via nunca vingou entre nós. O Partido que poderia ter desempenhado este papel salutar na renovação da vida política regional tornou-se um mero coadjuvante de um dos lados predominantes, sem força, sem unidade, sem vontade política para romper com o "statu quo".
Esta mistura de familismo e gerencialismo parece ter sido o ponto máximo de nossa evolução política. O ex-governador Miguel Arraes de Alencar não só morreu, mas levou consigo o que restava de espírito público, de política de desenvolvimento regional integrada, de preocupação com as questões sociais, mesmo banhado nas contradições e ambiguidades do nacional-desenvolvimentismo.
A tão esperada terceira via nunca vingou entre nós. O Partido que poderia ter desempenhado este papel salutar na renovação da vida política regional tornou-se um mero coadjuvante de um dos lados predominantes, sem força, sem unidade, sem vontade política para romper com o "statu quo".
Esta mistura de familismo e gerencialismo parece ter sido o ponto máximo de nossa evolução política. O ex-governador Miguel Arraes de Alencar não só morreu, mas levou consigo o que restava de espírito público, de política de desenvolvimento regional integrada, de preocupação com as questões sociais, mesmo banhado nas contradições e ambiguidades do nacional-desenvolvimentismo.
A mudança veio com a Aliança de Jarbas Vasconcelos com os pefelistas e com a assunção de uma agenda privatizante, apoiada na guerra fiscal, no fundo público e na precarização do trabalho. Essa agenda pre parou o caminho para essa modalidade espúria de gerencialismo caboclo, alimentada por uma pirotecnia de estatísticas e publicidade, destinada a convencer a opinião pública de uma pseudo-unanimidade em torno da ação do dirigente estatal.
Certamente, que o dirigente estatal pode sempre alegar que tem 95% de apoio popular, com base nessa propaganda. Mas não tem os 100%. Nos fazemos parte desses 5% que não comparatilham com esse modelo de gestão. E não precisamos pedir licença a ninguém, para discordar dessa ou das gestões anteriores.
Quando dizemos que não compartilhamos desse "estilo" de administração é porque nao aceitamos que a prestação de serviços públicos essenciais (como saude, educação, segurança, habitação etc.), tutelados juridicamente pelo Estado - segundo a Constituição Federal - sejam transferidos, sem mais, para entidades privadas (sejam ou não filantropicas).
Quando dizemos que não compartilhamos desse "estilo" de administração é porque nao aceitamos que a prestação de serviços públicos essenciais (como saude, educação, segurança, habitação etc.), tutelados juridicamente pelo Estado - segundo a Constituição Federal - sejam transferidos, sem mais, para entidades privadas (sejam ou não filantropicas).
Que o SUS - uma conquista da sociedade brasileira - seja desmontado em prol de uma fundação privada de amigos do governador. Que a educação pública seja entregue a fundações empresariais, que cobram para prestar seus serviços educacionais. Que a política ambiental seja destruida, com a conivencia dos órgãos de fiscalização e punição dos crimes ambientais, em benefício de empresas que querem se instalar no estado.
Que o pacto federativo e a cobrança e o compartilhamento de tributos possam fazer as vezes de política industrial. E sobretudo que o governo tome como a sua maior obra o patrocinio de alguns jogos de pouca importância na futura Copa do Mundo no Brasil.
É inadmissível que diante dos inúmeros e ingentes problemas enfrentados pelo povo pernambucano, o primeiro mandatário do estado faça de sua administração um mero ativo - de alta especificidade - para utilizá-lo na sucessão presidencial. Pernambuco merece respeito, a natureza merece respeito, o contribuinte merece respeito.
É inadmissível que diante dos inúmeros e ingentes problemas enfrentados pelo povo pernambucano, o primeiro mandatário do estado faça de sua administração um mero ativo - de alta especificidade - para utilizá-lo na sucessão presidencial. Pernambuco merece respeito, a natureza merece respeito, o contribuinte merece respeito.
E acima de tudo, o direito de discordar, de não aceitar ou compartilhar dessa "política", merece respeito.
Pior do que os liberticidas que mandam processar os insatisfeitos e críticos de sua gestão, são os pseudo-democratas que pagam, estipendiam com dinheiro público esbirros, sequazes, gente desqualificada para atacar pela colunas dos jornais aqueles que tem a coragem de dizer não a esse tipo de gestão.
É de se perguntar como ficará Pernambuco, depois que o "moderno coronel do PSB" fôr se juntar a Kassab, Aecio Neves, Beto Richa e outros para barganhar espaço político na próxima sucessão presidencial?
(Publicado originalmente no Blog de Jamildo, Jornal do Commércio).
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