pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Por que Marta virou ministra? por Carlos Chargas
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quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Por que Marta virou ministra? por Carlos Chargas

POR QUE MARTA VIROU MINISTRA?

Por Carlos Chagas


Fica difícil entender porque Marta Suplicy virou ministra da Cultura. Se foi como compensação por haver entrado na campanha de Fernando Haddad, mesmo com atraso de oito meses, a pergunta imediata seria saber se vale tanto por tão pouco. Ou que outros ministros serão sacrificados, além de Ana de Holanda, para satisfazer o capricho do ex-presidente Lula em ver eleito seu ex-ministro da Educação. Porque quantos votos Marta teria conquistado para Haddad numa única carreata em companhia do candidato, no fim de semana que passou? Como ele precisa de muito mais votos, seria de presumir ampla reforma ministerial?
Não é por aí, inclusive porque, éticamente, ministros não devem fazer campanhas eleitorais. Indaga-se que relações especiais a nova ministra dispõe com a pasta que assumirá amanhã. No início de sua carreira política foi sexóloga na televisão, tendo transplantado discutível conceito de sua antiga profissão quando ocupou o ministério do Turismo no governo Lula, ao recomendar a passageiros amontoados horas a fio nos aeroportos “que relaxassem e gozassem”.
É verdade que muitos ministros do governo Dilma pouco tiveram a ver com as pastas para os quais foram nomeados, valendo lembrar que Marta é a décima-terceira de uma longa fila de substituições.
Sendo assim, importa continuar garimpando as razões dessa mudança. Ana de Holanda encontrava-se sob fogo batido do PT, que jamais conseguiu ocupar o ministério da Cultura. Os companheiros entraram em guerra com ela desde suas primeiras semanas no exercício do cargo, precisamente por conta dos singulares conceitos praticados pelos petistas. Para eles, cultura seria tudo o que lhes permitisse usufruir da arte, da literatura, da música, da poesia e até da História em proveito de sua ideologia, mais ou menos como nos tempos de Hitler e de Stalin. Tudo em favor de suas concepções, aliás, cada vez mais confundidas com a obsessão de ocupar o poder e valer-se de suas benesses. Como Ana de Holanda não cedeu à investida, virou alvo prioritário. É acusada até mesmo de haver recebido camisetas do Império Serrano para desfilar no carnaval. Estaria o PT a serviço da Portela, da Mangueira ou da Beija-Flor?
Mas por que Marta? – continua a pergunta. Por haver desafiado o Lula, custando tanto tempo para participar de só uma carreata em favor de Haddad? Se a moda pega, será a desagregação do modo petista de eleger pessoas. Ou de governar.
Vale seguir adiante. Com um misto de arrogância e desprezo pela imprensa, a nova ministra disse que conversa muito com a presidente Dilma, “e vocês não sabem de todas as conversas que temos”. Nem queremos saber, daquelas que envolvem receitas de bolo, mas temos esse direito se as duas senhoras cuidam de cultura. Qual a meta do governo, a partir de agora? Meses atrás um bispo-senador foi feito ministro da Pesca, tendo confessado jamais haver empunhado um anzol ou segurado numa minhoca. Outros exemplos se encontrarão com facilidade na atual equipe da presidente Dilma, que nada justificam mais essa falta de sintonia entre os agentes e suas obrigações.
Resta uma ilação: Marta virou ministra para incomodar menos do que vinha incomodando...
 
Nota do Editor: Muito lúcida a análise do jornalista Carlos Chagas sobre a nomeação de Marta Suplicy para o Ministério da Cultura, envolvendo o emaranhado das eleições municipais paulistas, onde o PT joga todas as suas cartas na eleição do ex-ministro Fernando Haddad. Marta passou 08 meses "amuada", revoltada pelo fato de ter sido rifada da disputa, de relações estremecidas com o Planalto, que insistia no seu engajamento na campanha. O prestígio de Ana de Hollanda nunca foi dos melhores nos corredores palacianos, cuja gestão à frente da pasta sempre sofreu duras críticas, embora, em muitas situações, ela tenha posto o dedo na ferida e cometido o pecado do sincericídio.O que continua intrigando é esse arranjo político que culminou com a nomeação de Marta para a pasta, quando estava em negociação uma possível indicação dela para a Embaixada do Brasil em Washington, algo bem mais próximo de sua conhecida vaidade, mesmo que contrariando normas estabelecidas pelo Ministério das Relações Exteriores, que determina que esses cargos devem ser preenchidos por funcionários de carreira.  

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