Confesso que sempre senti uma grande admiração pelo ex-presidente João
Goulart. Um brasileiro admirável. Um cidadão realmente preocupado com o
andar de baixo da sociedade brasileira, disposto a realizar
as reformas de base que o país reclama até hoje. Uma leitura sobre os
editoriais dos grandes jornais da mídia conservadora à época - não muito
diferentes nos dias atuais - evidenciam, com riqueza de detalhes, as
razões de sua deposição, algo que está sendo revisto, posto que
criminosamente justificado por seus algozes. Seu corpo foi exumado e
chegou hoje à Brasília. É bem provável que ele, assim como JK, tenham
sido vítimas da Operação Condor, uma operação conjunta das ditaduras do
Cone Sul para eliminar seus opositores. Jango era vigiado
constantemente e há relatos de que ele poderia ter sido envenenado,
hipótese confirmada por um agente encarregado de sua vigilância. Além de
suas posições políticas, algo admirável no ex-presidente era a sua
lealdade e convicções democráticas, qualidades que lhe custaram a vida e
o mandato. Num livro clássico sobre o assunto, o hostoriador Muniz
Bandeira sugere a possibilidade de Jango ter sido aconselhado a dar um
Golpe de Estado pela esquerda, o que ele teria recusado. Outra sugestão
seria afastar os "comunistas" do seu Governo, o que poderia acalmar os
ânimos na caserna, o que ele também não fez. Até hoje se especula sobre o
stopim do Golpe Militar de 1964. Hoje ninguém tem dúvidas de que uma
conjunção de fatores determinaram a deposição de Jango. Uma rede de
interesses tecidos, inclusive, com apoios e sabotagens americanos.
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