pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Tijolaço do Jolugue: Michel Maffesoli, um espião francês no Brasil?
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quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Tijolaço do Jolugue: Michel Maffesoli, um espião francês no Brasil?


No dia de ontem, o sociólogo francês Michel Maffesoli esteve no Museu do Homem do Nordeste, da Fundação Joaquim Nabuco, proferindo uma palestra intitulada: "Pós-modernidade e o retorno das emoções coletivas". Maffesoli elegeu o Brasil como um grande laboratório de suas pesquisas. Há quem afirme que, sem o Brasil, o sociólogo não teria atingido o status intelectual que ostenta dentro e fora da academia, daí a importância desse objeto de estudos para a sua sólida produção acadêmica. Maffesoli se insere dentre da mais conceituada estirpe de brasilianistas franceses. Na sua opinião, a cultura da sociedade brasileira sempre o colocou como um país pós-moderno, que não experimentou a transição das categorias da modernidade. Instigado a pronunciar-se sobre os movimentos de rua sacudiram o país a partir de junho, afirmou se tratava de um "Maio de 1968 pós-moderno". "Coxinhas" "Black Bloc", "Mídia Ninja" "Partido Pirata" e todas as tribos estiveram presentes em sua palestra, como sempre. Numa conferência como a do professor, vários links poderiam ser gerados, como, de fato, pelo pronunciamento da platéia, isso foi verificado. Houve um momento em que o professor, perguntado como se mantém informado sobre o Brasil, disse que mantinha seus "espiões" aqui, que sempre o abastece com informações atualizadas sobre o que estava ocorrendo com o país. Supõe-se que esses "espiões" estejam infiltrados na academia, onde os fundamentos teóricos do sociólogos são replicados através de núcleos de estudos, fundados, por vezes, por ex-orientandos seus. Como diria os cronistas esportivos, o estádio veio a baixo. Há duas razões para o riso. Um deles, naturalmente, diz respeito à onda de espionagem reinante, orquestrada sobretudo pelos EUA, envolvendo, inclusive, autoridades brasileiras, o que vem gerando alguns constrangimentos diplomáticos. Outra razão é que no dia de ontem, uma longa matéria de um jornal do Sudeste aponta a existência de um agente do serviço de espionagem francês em Alcântara, onde ocorreu aquele acidente com a plataforma de lançamento de foguetes, que matou dezenas de cientistas brasileiros que trabalhavam no projeto. Aliás, nossos mais bem-preparados cientistas no assunto. A possibilidade de sabotagem nunca foi totalmente descartada. Maffesoli certamente não lê um das nossas mais comentadas revistas nacionais, mas a polêmica em torno de duas de suas reportagens desta semana, certamente o interessariam no contexto de suas abordagens. Uma delas diz respeito ao "coxinha" que está ganhando rios de dinheiros e estuporando em baladas para a rapaziada bem-nascida, ostentando carrões e champanhes caríssimos, acompanhados de algumas beldades. É luxo só. É lixo só. Se existia algum fundo do poço, a publicação chegou lá. O sociólogo, durante a palestra, informou que teve a curiosidade de investigar a etimologia da palavra "luxo". O senso-comum, de imediato, a associaria à luxúria, ao prazer. Não é bem assim. A origem da palavra está associada à luxação, contusão, portanto, a uma situação disfuncional. Embasado nesse raciocínio ele vai observar a ampliação do fosso que separa a elite do povo, consolidando uma dicotomia que vem produzindo uma série de problemas sociais. Embora a abordagem da revista semanal à qual fizemos alusão parece anunciar às elites que elas precisam tomar cuidado com o cerco da periferia pobre e marginalizada - bem ao estilo de sua linha editorial - o fato é que as atitudes de nossas elites e os "amortecedores sociais" têm sido insuficientes para "viabilizar" esses contingentes sociais, dotando-os de uma educação de boa qualidade para os seus objetivos e padrões, assistência médica, acesso à inclusão produtiva etc. Se medidas não forem adotadas para minimizar esse "fosso", certamente eles vão invadir nossa praia. Está tudo errado. As mobilizações de rua já expuseram isso, mas nada, absolutamente nada, é conduzido ou pensado avaliando concretamente essa situação, na observação do sociólogo, "disfuncional". São projetos de mobilidades pensados para quem tem carro, intervenções habitacionais do tipo "higienistas" - como lembrou um colega de trabalho - isolando os empobrecidos em conjuntos habitacionais longe dos grandes centros urbanos, corroendo suas possibilidades de "afetos sociais" e estratégias de sobrevivência etc. Eu não vou me alongar muito porque, nesses momentos, costumo escrever com o coração. O Brasil precisa de espiões com a agudeza de análise de Maffesoli. Na década de 70/80 brasilianistas  americanos que vinham estudar o Brasil foram "taxados" de espiões da CIA. Um dos mais reputados deles, Thomas Skidmore, quando questionado sobre o assunto, costumava afirmar que não havia sido a CIA que o matriculou na disciplina. Havia decidido estudar o Brasil, por que as outras disciplinas oferecidas não dispunham de vagas.( Na foto abaixo, além de Maffesoli, o seu mestre, o antropólogo Gilbert Duran, de quem foi orientando).   

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