Em artigo publicado no dia de hoje, no Jornal do Commércio, Joaquim
Falcão, lembra os 50 anos da experiência de Angicos(RN), onde dezenas de
pessoas foram alfabetizadas com o método
do pernambucano Paulo Freire, uma experiência de ensino concebida, em
muito, pela vivência de Paulo com o Movimento de Cultura Popular, que
recebeu todo apoio do então prefeito do Recife, Dr. Miguel Arraes. Já
lembrei outros fatos aqui sobre a vida de Paulo Freire e todos conhecem a
sua coerência. Há um célebre diálogo mantido por ele com um cidadão de
Jaboatão dos Guararapes, fundamental para que ele refletisse sobre a
necessidade de comprender o mundo do alfabatizando, para poder
alfabetizá-lo. Como Pernambuco é o Estado da inveja, havia algumas
divergência entre Paulo e alguns membros do MCP. Um caso emblemático é o
"Livro para Alfabetização de Adultos", que se encontra no Memorial do
MCP, onde alguns integrandes do movimento divergiam bastante com Paulo.
Quando assumiu o Governo em São Paulo, Erundina o convidou para ser seu
Secretário de Educação.No artigo, Joaquim lembra que o encontrou
deprimido e quis saber o motivo, ao que ele afirmou: "Joaquim, até a
direita está tentando usar meu método de alfabetização. Isso é uma
desvirtuação". O que nos levou a escrever este post, no entanto, é uma
carta de Paulo aos dois amigos que o acolheram no Chile, onde esteve
exilado, a quem dedicou os originais de "Pedagogia do Oprimido", uma
verdadeira poesia sobre o Recife: "Faz este mês exatamente quatro anos
que deixava o Recife, seus rios, suas pontes, suas ruas de nomes
gostosos - Saudade, União, Sete Pecados, Rua das Creoulas, Chora Menino,
Amizada, Sol, Aurora. Deixava o mar de águas mornas, as praias largas,
os coqueiros. Deixava os pregões. Doce de banana e goiaba. Deixava o
cheiro da terra e das gentes dos trópicos. Deixava amigos, as vozes
conhecidas. Deixava o Brasil. Trazia o Brasil". No foto acima, idosos que foram alfabetizados pelo Método Paulo Freire, quando de sua experiência em Angicos.
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