Mesmo com o acirramento de ânimos, com as manifestações explícitas de uma "luta de classe", algo não se pode negar: o julgamento do Mensalão proporcionou um debate interessante sobre a sociedade brasileira, a partir das reflexões dos autores que se pronunciaram sobre o assunto. Artigos densos, equilibrados, evidenciando as contingências sociais, políticas e culturais que faz o Brasil ser o Brasil, conforme observava o antropólogo Roberto DaMatta. Não vou entrar nos detalhes para não ser cansativo ou tautológico, mas o relato de um amigo de Clistenes Nascimento, pelo Face, hoje pela manhã, informando que um colega teria presenciado uma senhora, no Aeroporto, externar sua insatisfação com a presença de uma "pobre e feia" nos saguões, traduz aquela preocupação de Darcy Ribeiro no sentido de que este país jamais se encontre "consigo mesmo". Vamos continuar com essa "rinha" histórica separando o andar de cima do andar de baixo, com todas as consequências daí decorrentes. Dizem que, com "jeitinho", a corda não arrebenta. No aspecto político, talvez a volta de um Jânio Quadros, com sua toga "moralizadora" em substituição à vassoura, como adverte o jornalista Paulo Henrique Amorim no seu site Conversa Afiada, de posse das categorias do populismo político utilizadas por Maria Victória Benevides. Um artigo muito interessante foi escrito pelo jornalista Luis Nassif, na Carta Capital desta semana. Com muito equilíbrio, o jornalista aponta as contingências da realpolitik que levaram o Partido dos Trabalhadores a esse desfecho, sem esquecer de apontar os reais avanços sociais obtidos na Era Lula/Dilma.Recomendo a leitura.
Nenhum comentário:
Postar um comentário