Quando ainda era vivo, o ex-governador Eduardo Campos costumava manter sob estrito controle o seu grupo político. Nem sempre se tratava de uma missão fácil, provocando, naturalmente, alguns descontentamento. Mas, como habilmente ele conseguiu construir uma espécie de hegemonia política no Estado, restava apenas aos preteridos afogar suas mágoas, uma vez que tornava-se então impossível formatar uma composição de forças capaz de lhes fazer frente. Era o que, à época, tratávamos como a "eduardolização da política pernambucana". Um dos últimos descontentes foi um ilustre representante da família Lyra, João Lyra, então seu vice, que pretendia receber seu apoio para continuar sua interinidade no Palácio do Campo das Princesas. Em mais de um momento, essa insatisfação de Lyra ficaria evidente, inclusive na sua relação com o então prefeito de Caruaru, José Queiroz, que reclamava que seus pleitos eram engavetados nos gabinetes do governador.
Agora, por ocasião da escolha do nome que o Palácio do Campo das Princesas apoiaria na cidade de Caruaru, o caldo entornou de uma vez. Em suas visitas ao governador Paulo Câmara, o então prefeito José Queiroz, de pasta na mão, apontava, um a um, os motivos que o levavam a não apoiar a candidata apresentada pela família Lyra, Raquel Lyra, a prefeita daquela cidade. Com o prestígio em alta, Queiroz apontou o nome do seu vice, Jorge Gomes, como candidato. Além de filiado ao PSB, Jorge Gomes, tinha um currículo na agremiação socialista que o ligava até mesmo ao ex-governador Miguel Arraes. Não foi um candidato bem-sucedido, ficando em quarto lugar na disputa. Em tese, Queiroz manteve-se equidistante da disputa do segundo turno na cidade, mas, certamente, comer a carne de charque dos Lyras, penso, seria bem mais digerível do que saborear uma chã de bode com Tony Gel no Alto do Moura. Tanto isso é verdade que, nas recentes manifestações de uma nova composição política para medir forças com o governador Paulo Câmara, em 2018, segundo consta, ele estava presente.
Ao apagar das luzes dos prazos estabelecidos pela Justiça Eleitoral, os Lyras filiaram-se ao PSDB com o objetivo de viabilizar a candidatura de Raquel Lyra a prefeita daquela cidade. Numa disputa renhida com o candidato Tony Gel(PMDB), que contou com todo o apoio do Palácio do Campo das Princesas, no segundo turno daquelas eleições, Raquel sagrou-se vitoriosa, naquilo que já pode ser considerado como a primeira derrota infligida pela Conspiração Macambirense ao governador Paulo Câmara. O nome mais forte do PSDB local, o ministro das Cidades Bruno Araújo, emprestou toda a sua solidariedade ao projeto dos Lyras. Trata-se de um ator político com aspirações majoritárias, portanto, precisa construir a capilaridade política necessária para credenciar-se. Curiosamente, quem andou visitando aquela cidade foi o candidato a prefeito de Olinda, Antonio Campos(PSB), cuja a relação com algumas lideranças socialistas já foram melhores. (...)
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