pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: O xadrez político das eleições de 2016, no Recife: Divorciado da classe média, a alternativa petista é concentrar esforços na periferia.
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terça-feira, 4 de outubro de 2016

O xadrez político das eleições de 2016, no Recife: Divorciado da classe média, a alternativa petista é concentrar esforços na periferia.


Resultado de imagem para João Paulo(PT) em campanha


José Luiz Gomes



A julgar pelo que ocorreu com as forças do campo progressista nestas eleições municipais, notadamente o PT, João Paulo ter conseguido levar as eleições do Recife para um segundo turno já pode ser contabilizado como uma grande vitória. Hoje, quando lançamos os olhares para o cenário político de Brasília, a unidade de análise se concentra quase que exclusivamente sobre o que poderá ocorrer entre "eles", posto que estamos bem próximo àquele cenário imposto pela Ditadura Militar de 1964, ou seja o de uma oposição consentida, sem chances efetivas de ocupar determinados níveis de poder. Estava ali apenas para salvar as aparências, bem ao estilo daquela atipicidade brasileira, que até os militares desejavam preservar. Neste contexto, aguardamos o lance de uma briga de foice entre o PMDB e o PSDB, travada nos estertores, sem participação popular. 

João Paulo não fez feio nessas eleições. Jogou limpo, defendeu o seu legado administrativo durante os dois mandatos que ocupou no Palácio Antonio Farias, trouxe Lula para participar da campanha e disse como poderia cuidar ainda melhor do recifense. Passou o recado das forças progressistas para milhões de eleitores, mesmo diante das adversidades; o menor espaço nas mídias e até diante de hostilidades, como aquela da qual foi vitima durante um almoço com correligionários em um shopping center da capital. Como ele mesmo afirmou, a luta foi muito desigual. Geraldo tinha a máquina, centenas de candidatos a vereador, um tempo de televisão bem superior ao seu e um eleitorado anti-petista consolidado, forjado na intensa campanha midiática com o propósito de promover o "assassinato simbólico" de uma legenda. Uma ajuda e tanto com que as forças conservadores contaram nessas eleições municipais. 

Já nas eleições de 2012, segundo soube, um ex-governador teria dado alguns murros na mesa, irritado pelo fato de que aquelas eleições estavam indo para um segundo turno, provocada pela performance do então candidato Daniel Coelho. Sobrou para o marqueteiro da campanha socialista à época, Diego Brandy. Vivo fosse, sua reação poderia ser a mesma nessas últimas eleições. Embora não tenha nenhum problema em admitir meus equívocos - e me expor também - é difícil apontar erros e acertos por aqui e de como eles poderiam ter sido decisivos no resultado dessas eleições, que ainda não estão definidos. Creio ter publicado, num dos artigos, algumas observações a esse respeito, a partir de algumas hipóteses levantadas pelo cientista político Roberto Numeriano. Incrível como os nossos analistas políticos andam ausentes desse debate, por vezes, construindo frases enigmáticas e apenas isso.

Agora, então, é que eles não vão arriscar nenhum prognóstico. Os candidatos Priscila Krause(DEM) e Daniel Coelho(PSDB) se mostraram reticentes em manifestar apoio ao nome o prefeito Geraldo Júlio(PSB) agora no segundo turno das eleições. Entende-se. Foram ferrenhos críticos da gestão de Geraldo Júlio, muito antes mesmo das eleições. As lideranças desses partidos, no entanto, já se anteciparam em anunciar que deverão apoiar o nome de Geraldo neste segundo turno, apesar das arestas com o governador Paulo Câmara, que rompeu com ambos. Mas, como diria o ex-governador Paulo Guerra, em política não existem nunca nem jamais, o que nos parece que está em jogo é a situação de alguns caciques dessas legendas na composição da chapa ao senado em 2018. 

O ministro da educação, Mendonça Filho(DEM), disputaria uma das vagas, assim como o ministro das Cidades, Bruno Araújo(PSDB), também teria interesse na outra vaga. No caso de Bruno, seria necessário, antes, combinar isso com o ex-prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Elias Gomes, mas este sai com o seu prestígio arranhado depois das refregas sofridas no Cabo e no seu reduto eleitoral, Jaboatão, com a derrota de Heraldo Selva. Como se vê, a luta continua muito desigual. Na gestão do executivo municipal e estadual, os "socialistas" teriam muito maior poder de barganha.   

A última inserção de TV que vi da campanha do candidato Geraldo Júlio, ele aparecia nos morros do Recife, subindo escadarias e muros de arrimo com os moradores, conversando com populares e, depois, reunindo-se, na Prefeitura, com os seus secretários, para a cobrança de ações com o objetivo de resolver problemas enfrentados por aquela população. Bem ao estilo, creio, daquela observação que fizemos no sentido de que ganharia essas eleições aquele candidato que demonstrasse que poderia cuidar melhor do recifense. Nos últimos dias de campanha, também observamos uma intensa movimentação do candidato João Paulo junto aos bairros de periferia. No sábado último, ele ainda convidaria os eleitores para uma caminhada no bairro do Ibura. 

Há quem diga que um dos erros de João Paulo teria sido a tentativa de reaproximação do eleitorado de classe média, que o apoiou nas duas vezes em que ele foi eleito para dirigir os destinos do Recife. De fato, por razões bem conhecidas, essa parcela do eleitorado se mostrou bastante reticente a esse reatamento. Parece-nos aqui que estamos tratando de um divórcio litigioso. O esforço concentrado, portanto, deve ser mesmo nos bairros de periferia, onde o eleitorado é mais sensível ao PT. A tese da polarização dos "golpistas e não-golpistas", a julgar como procedente a avaliação da candidata derrotada nas eleições de Olinda, Luciana Santos, de que perdeu as eleições por defender a presidente Dilma Rousseff, parece que também fica enfraquecida, sobretudo em função desse clima de aparente normalidade em que estamos vivendo, artificialmente criado e matreiramente alimentado. 

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