O livro Os Partidos Políticos, do sociólogo e cientista político Maurice Duverger, é um livro que parece não sofrer os efeitos do tempo. Escrito em 1951, continua um livro atualíssimo sobre o tema, sobretudo em razão de apresentar uma teoria sobre os partidos políticos, que mereceu poucos reparos ao longo desses anos. Quando trata da origem dos partidos políticos, por exemplo, Duverger vai nos apresentar uma distinção bem clara sobre os partidos de quadros, nascidos nos parlamentos, e os partidos de massa, que tem sua origem fora do parlamento, nas organizações sindicais e movimentos sociais. Os partidos de massa surgiram exatamente para representar uma demanda social, que jamais foi atendida pelos partidos de quadros. Assim, esses partidos, em função da origem e identidade com determinados segmentos eleitorais, vão apresentar características bem diferenciadas. Os partidos de quadros podem acabar, simplesmente, pela vontade dos seus caciques, dos seus donos, de acordo com as conveniências de ocasião. Já em relação aos partidos de massa, a situação é bem mais complexa, envolvendo inúmeros fatores, inclusive um divórcio com a sua base histórica de sustentação.
O senador Aécio Neves(PSDB), depois dos resultados das eleições municipais do último domingo, dia 02, soltou uma frase cheia de regozijo pelo desfecho da malograda campanha petista, que perdeu 60% das prefeituras conquistadas nas eleições de 2012: O PT foi dizimado. Certamente, alguma coisa precisa ser feita em relação ao Partido dos Trabalhadores, cotidianamente atacado por uma mídia ensandecida, com o propósito inequívoco, como mesmo disse o senador, de dizimar a legenda ou promover o seu "assassinato simbólico" no imaginário do cidadão comum. Como afirmamos num artigo sobre as eleições municipais do Recife, o eleitorado anti-petista, consolidado durante esse período, foi um dos principais trunfos das forças conservadoras nessas eleições municipais. E, pelo andar da carruagem política de Fernando Haddad, em São Paulo, que perdeu muitos votos na periferia, o que começou como uma onda da elite e dos coxinhas de classe média, começa a atingir os estratos sociais mais fragilizados economicamente.
O senador Aécio Neves(PSDB), depois dos resultados das eleições municipais do último domingo, dia 02, soltou uma frase cheia de regozijo pelo desfecho da malograda campanha petista, que perdeu 60% das prefeituras conquistadas nas eleições de 2012: O PT foi dizimado. Certamente, alguma coisa precisa ser feita em relação ao Partido dos Trabalhadores, cotidianamente atacado por uma mídia ensandecida, com o propósito inequívoco, como mesmo disse o senador, de dizimar a legenda ou promover o seu "assassinato simbólico" no imaginário do cidadão comum. Como afirmamos num artigo sobre as eleições municipais do Recife, o eleitorado anti-petista, consolidado durante esse período, foi um dos principais trunfos das forças conservadoras nessas eleições municipais. E, pelo andar da carruagem política de Fernando Haddad, em São Paulo, que perdeu muitos votos na periferia, o que começou como uma onda da elite e dos coxinhas de classe média, começa a atingir os estratos sociais mais fragilizados economicamente.
Se perguntamos a algum profissional de comunicação ou da área de marketing político, ele, certamente, chegará à conclusão de que, de fato, algo no Partido dos Trabalhadores está irremediavelmente dizimado. Parece-nos não haver dúvida quanto à constatação de que, do ponto de vista da comunicação, alguma coisa precisa ser feita. Suas principais lideranças no plano nacional já falam em fazer uma reformulação geral da legenda, quem sabe até mesmo mudando o seu nome.Numa campanha de comunicação muito bem-sucedida das forças conservadoras, a sigla PT, o número 13, a estrela foram "criminalizados". Claro que quando se trata de sua linha programática a conversa é bem outra.
As "velhas" teses da legenda continuam com uma atualidade impressionante, sobretudo nesses momentos de entrega da exploração do Pré-sal à empresas estrangeiras, que é um golpe de misericórdia na soberania nacional. Enquanto do ponto de vista da coalizão petista, os recursos obtidos com a exploração do Pré-sal seriam destinados à educação e à saúde, neste governo deve alimentar os tubarões das grandes corporações financeiras internacionais. Mas isso precisa ser comunicado e o problema aqui são as barreiras criadas para essa comunicação. Como bem disse o Lula, num discurso da "virada" - que acabou não ocorrendo - em prol do candidato Fernando Haddad - o partido montou uma quadrilha para tirar 36 milhões de brasileiros da extrema pobreza. Não satisfeito ainda, o governo Temer aprovou a famigerada PEC, que contingencia recursos para essas áreas pelos próximos 20 anos.
Ou seja, do ponto de vista da democracia substantiva, o partido, ao adotar uma série de políticas públicas que oportunizaram o brasileiro a ter uma vida digna, estudarem, diminuindo as desigualdades, deu sua contribuição à consolidação de nossa democracia. Por outro lado, no que concerne à engenharia da democracia procedimental, deixou de fazer reformas importantes como a reforma política e a que propunha a democratização da mídia, acabando com a hegemonia dos grandes oligopólios familiares. Isso facilitou, em muito, como se sabe o trabalho dos seus inimigos políticos. Na realidade, os problemas que o partido enfrentou na gestão da coisa pública foram utilizados - e muito bem utilizados - pelas forças conservadoras para a retomada do poder e adoção de sua agenda pública. Que, aliás, não é tão sua assim, mas resultado de um conjunto de interesses de grandes corporações financeiras e dos Estados Unidos.
As "velhas" teses da legenda continuam com uma atualidade impressionante, sobretudo nesses momentos de entrega da exploração do Pré-sal à empresas estrangeiras, que é um golpe de misericórdia na soberania nacional. Enquanto do ponto de vista da coalizão petista, os recursos obtidos com a exploração do Pré-sal seriam destinados à educação e à saúde, neste governo deve alimentar os tubarões das grandes corporações financeiras internacionais. Mas isso precisa ser comunicado e o problema aqui são as barreiras criadas para essa comunicação. Como bem disse o Lula, num discurso da "virada" - que acabou não ocorrendo - em prol do candidato Fernando Haddad - o partido montou uma quadrilha para tirar 36 milhões de brasileiros da extrema pobreza. Não satisfeito ainda, o governo Temer aprovou a famigerada PEC, que contingencia recursos para essas áreas pelos próximos 20 anos.
Ou seja, do ponto de vista da democracia substantiva, o partido, ao adotar uma série de políticas públicas que oportunizaram o brasileiro a ter uma vida digna, estudarem, diminuindo as desigualdades, deu sua contribuição à consolidação de nossa democracia. Por outro lado, no que concerne à engenharia da democracia procedimental, deixou de fazer reformas importantes como a reforma política e a que propunha a democratização da mídia, acabando com a hegemonia dos grandes oligopólios familiares. Isso facilitou, em muito, como se sabe o trabalho dos seus inimigos políticos. Na realidade, os problemas que o partido enfrentou na gestão da coisa pública foram utilizados - e muito bem utilizados - pelas forças conservadoras para a retomada do poder e adoção de sua agenda pública. Que, aliás, não é tão sua assim, mas resultado de um conjunto de interesses de grandes corporações financeiras e dos Estados Unidos.
Como bem disse o editor do Le Monde Diplomatique, Cáccia Bava, as forças do campo progressista perderam a batalha de comunicação para as forças do campo conservador.Não somos - tampouco pretendemos ser - algum analista de mídia, mas uma simples curiosidade nas redes sociais e na imprensa escrita do dia nos remetem à dimensão que a situação atingiu aqui no país. Observem a repercussão da notícia sobre o novo indiciamento, pela Polícia Federal, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, estampado nas manchetes acima, assim que a notícia foi divulgada. Quanto ao novo indiciamento pela Polícia Federal, seus advogados estão questionando bastante o fato de órgãos ligados ao PIG tomarem conhecimento dos fatos -e o alardearem - muito antes dos advogados de defesa dos réus, uma "tramitação", digamos assim, curiosíssima.
Aqui no Recife, precisamente na Av. Conde da Boa Vista, havia uma senhora, numa de suas calçadas, que costumava comercializar a estrela do Partido dos Trabalhadores. Nunca mais vi aquela senhora. Não sei como se comportaram os demais candidatos em todo o Brasil, mas aqui no Recife João Paulo conduziu sua campanha carregado da simbologia petista, de camisa vermelha, estrela no peito e com Lula em seu palanque na reta final. Agora no segundo turno, embora aberto às negociações, enfrenta sérias dificuldades diante dos demais postulantes, de feições claramente anti-petista. Nomes como Priscila Krause(DEM) e Daniel Coelho(PSDB) não iriam compor com ele em nenhuma hipótese, mesmo em sabendo tratar-se de postulantes com severas críticas à gestão do senhor Geraldo Júlio(PSB). Causa estranheza, no entanto, a suposta posição de neutralidade do senhor Edilson Silva, do PSOL. João Paulo conduziu sua campanha com muita dignidade. É um vencedor independentemente do resultado do pleito. Sobretudo neste momento delicado para as forças progressistas, ninguém entendeu muito bem foi a posição do senhor Edilson Silva.
Bons tempos aqueles em que a militância petista se reunia para defender suas teses, em encontros e congressos memoráveis da legenda. Hoje é posto o dilema da própria existência da legenda, que talvez precise de ser refundada, em razão de alguns equívocos cometidos, mas sobretudo em razão de uma campanha sem precedentes de "linchamento de imagem" promovido pela mídia golpista, com objetivos bem claro.No dia de hoje, além do indiciamento de Lula ter alcançado destaque, como disse, em tradicionais veículos do PIG, também ocupou um espaço privilegiado no Trend Trip do microblog twitter. Cumprindo a tradição, aqui na província, um dos principais jornais locais dão destaque a esta notícia, conforme capa reproduzida acima.
P.S.: Do Realpolitik: Há quem afirme que o PT acabou quando resolveu adotar uma política de conciliação de classe com as forças conservadoras da sociedade brasileira com o objetivo de viabilizar-se para chegar ao poder no plano nacional, com Luiz Inácio Lula da Silva. Logo essa política de conciliação de classe demonstraria sua fragilidade, pela absoluta incapacidade de nossa elite em permitir a construção de uma nação que incorpore o andar de baixo da pirâmide social na condição de cidadãos. Na realidade, como disse um filósofo, nós não vivemos num país, apenas ocupamos o mesmo espaço físico. Foi um momento delicado acompanhar, por exemplo, a degradação do segundo governo da ex-presidente Dilma Rousseff, se descaracterizando em concessões e concessões a essa força, segurando-se num fio de cabelo para preservar o seu mandato. Nem assim foi possível. Já que estamos falando tanto em "impossibilidades", com a debacle do PT, surge como força política de esquerda o PSOL, mas o partido, como informa o cientista político Michel Zaidan, ainda não possui a capilaridade política suficiente para formatar um conjunto de alianças políticas que o torne viável num pleito presidencial. Há de se perguntar, igualmente, se tal composição de alianças não o deixaria um partido comprometido programaticamente. Há de se perguntar, igualmente, se tal composição de alianças não o deixaria um partido comprometido programaticamente, o que é um dado bastante relevante quando se trata de partidos de massa. Na realidade, o declínio dos partidos políticos é generalizado, indo muito além do PT. Aqui no Brasil, contribui para o esfacelamento do PT elementos relacionados às estratégias montadas para afastá-lo do poder, assim como inviabilizar suas principais lideranças, notadamente Luiz Inácio Lula da Silva, quem sabe com a sua prisão, naquilo que está sendo chamado pelos cronistas políticos de segunda fase do golpe institucional ora em curso. Mas, como disse, a morte dos partidos políticos é um fenômeno que ocorre em todos os países que adotam a democracia representativa. Como observo no primeiro parágrafo, "naqueles tempos", os partidos, como os de massa, até surgiam para representar os interesses e as demandas de determinados segmentos sociais. Os próprios núcleos sociais que participaram da formação do PT é um excelente exemplo disso, como o Novo Sindicalismo, setores progressistas da Igreja Católica, grupos que combateram a Ditadura Militar e procuravam inserirem-se na lula institucional etc. O problema é que hoje, o sistema político ruiu e passou a representar os interesses de grandes corporações, sobretudo as financeiras, deixando a representação popular absolutamente órfã. Em termos de partidos políticos, desde que o livro de Duverger foi lançado, em 1951, tivemos um retrocesso descomunal.
P.S.: Do Realpolitik: Há quem afirme que o PT acabou quando resolveu adotar uma política de conciliação de classe com as forças conservadoras da sociedade brasileira com o objetivo de viabilizar-se para chegar ao poder no plano nacional, com Luiz Inácio Lula da Silva. Logo essa política de conciliação de classe demonstraria sua fragilidade, pela absoluta incapacidade de nossa elite em permitir a construção de uma nação que incorpore o andar de baixo da pirâmide social na condição de cidadãos. Na realidade, como disse um filósofo, nós não vivemos num país, apenas ocupamos o mesmo espaço físico. Foi um momento delicado acompanhar, por exemplo, a degradação do segundo governo da ex-presidente Dilma Rousseff, se descaracterizando em concessões e concessões a essa força, segurando-se num fio de cabelo para preservar o seu mandato. Nem assim foi possível. Já que estamos falando tanto em "impossibilidades", com a debacle do PT, surge como força política de esquerda o PSOL, mas o partido, como informa o cientista político Michel Zaidan, ainda não possui a capilaridade política suficiente para formatar um conjunto de alianças políticas que o torne viável num pleito presidencial. Há de se perguntar, igualmente, se tal composição de alianças não o deixaria um partido comprometido programaticamente. Há de se perguntar, igualmente, se tal composição de alianças não o deixaria um partido comprometido programaticamente, o que é um dado bastante relevante quando se trata de partidos de massa. Na realidade, o declínio dos partidos políticos é generalizado, indo muito além do PT. Aqui no Brasil, contribui para o esfacelamento do PT elementos relacionados às estratégias montadas para afastá-lo do poder, assim como inviabilizar suas principais lideranças, notadamente Luiz Inácio Lula da Silva, quem sabe com a sua prisão, naquilo que está sendo chamado pelos cronistas políticos de segunda fase do golpe institucional ora em curso. Mas, como disse, a morte dos partidos políticos é um fenômeno que ocorre em todos os países que adotam a democracia representativa. Como observo no primeiro parágrafo, "naqueles tempos", os partidos, como os de massa, até surgiam para representar os interesses e as demandas de determinados segmentos sociais. Os próprios núcleos sociais que participaram da formação do PT é um excelente exemplo disso, como o Novo Sindicalismo, setores progressistas da Igreja Católica, grupos que combateram a Ditadura Militar e procuravam inserirem-se na lula institucional etc. O problema é que hoje, o sistema político ruiu e passou a representar os interesses de grandes corporações, sobretudo as financeiras, deixando a representação popular absolutamente órfã. Em termos de partidos políticos, desde que o livro de Duverger foi lançado, em 1951, tivemos um retrocesso descomunal.
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