Nos escaninhos da política comenta-se que o Ministro dos Portos e Aeroportos, Márcio França, tomou um tremendo pito de Lula com o anúncio em torno de passagens aéreas mais baratas para a população, prioritariamente, atendendo os segmentos de aposentados, servidores públicos e estudantes. Muita coisa deixou de ser esclarecida sobre o assunto, mas é como se o governo passasse a subsidiar as companhias aéreas para o complemento do valor bilhete. Há, incluive, as preocupações em torno de eventuais mecanismos que poderiam facilitar a malversação desses recursos públicos.
Como a Casa Civil mudou completamente de perfil no Governo Lula, transformando-se numa espécie de órgão coordenador das diretrizes políticas, Lula reclamou que o superministro Rui Costa deveria ter sido informado com antecedência sobre o assunto. É por ali que se faz o filtro das políticas publicas, de onde se conclui ser seu titular um eventual candidato à sucessão de Lula, nas eleições presidenciais de 2026. Depois de algumas ponderações, o próprio Lula parece ter gostado da ideia, mas advoga que a proposta deva atingir um público mais reduzido, como o de estudantes, por exemplo. Trata-se de uma proposição ainda em estudos.
Márcio França tem um histórico de condução de sua vida pública que nos impõe um grande respeito. Já afirmamos isso aqui por mais uma vez, mas vale sempre a ressalva, diante do pântano em que estamos atolados. Com a vitória de Lula, na divisão dos nacos de poder, coube ao ex-governador, como cota dos socialistas, assumir o Ministério dos Portos e Aeroportos. É certo que o Governo Lula não tem uma diretriz privatista, mas as manobras do governo anterior em privatizar o patrimônio público atingiu duramente esta área, produzindo alguns malogros, como o Aeroporto do Recife, cujos preços aumentaram exorbitantemente, enquanto a qualidade dos serivços despencaram.
Seu sotaque estatista, por sua vez, não raro, entra em contradição com a própria realidade. Outro dia, alguém observou que ele fez referência a um porto da Bahia, já privatizado, como se público fosse. Insiste em interromper os avanços das negociações de privatização do Porto de Santos - seu reduto político - hoje em processo bastante avançado. A julgar pelo mal negócio que são essas privatizações, a exemplo daquela refinaria da Bahia, que foi vendida aos Árabes, com um valor R$ 11 bilhões a menos, além de estancar a sangria, talvez seja o caso de se pensar num programa de reestatização. Lula hoje falou que deseja interferir na indicação do presidente da Vale do Rio do Doce, um colosso da indústria nacional, vendido a troco de banana podre, em final de feira de interior.
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