Em muito breve completaremos os primeiros cem dias de Governo Lula e, certamente, teremos uma monte de avaliações de setores especializados sobre o seu desempenho. Já existem até institutos de pesquisa com seus pesquisadores nas ruas colhendo informações junto à população. Pelas primeiras sondagens, as avaliações são positivas. Vamos aguardar as médias ponderadas. No campo macroeconômico, a grande queda de braço parece ser mesmo a questão dos juros pornográficos praticados pelo Banco Central, mas a equação desse problema não é tão simples, em razão de disconrdâncias de setores do próprio governo sobre o assunto, assim como em razão da prerrogativa ou autonomia do Banco Central em ditar essas regras. Até um prêmio Nobel de Economia foi convidado a emitir sua opinião e ele não gostou do que viu, o que deixou setores petistas em estado de graça.
Ainda no campo macro, mas desta vez no político, a ala ideológica diverge sensivelmente dos espaços ocupados na máquina por integrantes do ancien régime, ou seja, de pessoas ligadas ao bolsonarismo. A ideia inicial seria uma desbolsonarização ampla, geral e irrestrita, mas, pelo andar da carruagem política, o que está ocorrendo, se brincar, é uma rebolsonarização do atual governo, a julgar pela presença efetiva de ex-bolsonaristas ocupando cargos estratégicos, seja em conselhos de estatais, seja em ministérios, como a iminente indicação de um vice-ministro para o Ministério de Minas e Energia, sob as bençãos de um Marcos Rogério.Sim, aquele mesmo! o bolsonarista roxo da CPI da Covid. A própria Gleisi Hoffmann já definiu bem o assunto, tratando-o como um caso estelionato eleitoral.
Estamos aqui dinte de um problema do nosso presidencialismo de coalizão, que torna refém do Poder Legislativo todos os chefes do Executivo no país. A moeda de troca são cargos e liberação de emendas parlamentares. Três parlamentares que haviam assinado a CPMI dos atos golpistas de 8 de janeiro voltaram atrás depois desses "convencimentos". Como se sabe, isso não conduz a bons resultados de longo prazo. No varejo da política, a repercussão negativa da fala de Lula durante uma entrevista ao Brasil 247, onde ele diz que tudo somente estará bem quando ele fxder o hoje senador Sérgio Moro, que, como juiz da lava-Jato, decretou sua prisão, onde ele permaneceu por 590 dias.
A fala de Lula só caiu bem entre os petistas raízes, mas, além do uso de um linguajar inapropriado a um Chefe de Estado, a impressão que se passa é que ele voltou ao cargo para vingar-se e, a rigor, não foi para isso que nós o elegemos. Aqui concordamos com o juiz citado, que afirmou que o linguajar não condiz com a liturgia do cargo, embora também seja incongruente aceitar que um juiz de direito pronuncie "conjo" ao invés de cônjuge. Fere o decoro verbal.
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