Ainda é cedo para se fazer uma avaliação mais responsável e consistente do terceiro Governo Lula. O Governo, neste primeiro esboço de uma avaliação, no entanto, tem acumulado mais acertos do que erros, o que já nos recomenda falar numa boa largada. No plano macro, há controvérsias sobre os rumos da política econômica, que colocam, em lados opostos, alas do próprio governo. Quem, afinal, precisa de oposição num contexto como este? Há, ainda neste plano macro, o gargalo da formação de uma base de sustentação política, o que, no nosso presidencialismo de coalizão, se constitui numa tremenda dor de cabeça para os chefes do Executivo, qualquer que seja ele.
A metástase bolsonarista da máquina é outro grandiosíssimo problema. Ministros ligados ao Centrão estão adotando o famoso "jeitinho" brasileiro para acomodar os compatriotas na burocracia, seja renomeando demitidos, seja indicando-os para ocuparem os conselhos administrativos de empresas estatais. O padrão das alianças estabelecidos pelo PT, ao centro do espectro político, excluindo tão somente a extrema-diretia, não poderia dar noutra coisa. Ainda no plano macro, a briga dos juros com o Banco Central, o que levou próceres petistas a pedirem a cabeça do seu atual presidente ou a mudança na lei que garante a autonomia daquela instituição bancária.
A presidente da legenda, Gleisi Hoffmann, já enfatizou que estamos diante de um estelionato eleitoral. Que os petistas raízes não tenham ouvido suas declarações.Mesmo numa conjuntura adversa, Lula está sempre puxando a brasa para a sardinha dos mais empobrecidos da sociedade brasileira. Corrigiu os valores infames da merenda escolar; irá distribuir absorbentes para as mulheres de baixa renda, livrando-as do drama da pobreza menstrual; colocou o bolsa família nos eixos; atualizou os valores das bolsas de pesquisa de órgãos como o CNPq e CAPES; está tentando tirar a granada do bolso dos servidores públicos civis do Executivo, que há sete anos estão sem reajustes; voltou a entregar casas populares à população. Se esquecemos algo por aqui, os diletos leitores que nos perdoem. Não seria de propósito.
Por outro lado, nunca vimos uma oposição tão animada com a ideia de criação de CPIs. Já existe proposta de assinatura de uma CPMI sobre os atos golpistas de 8 de janeiro e as articulações em torno de uma eventual CPI para apurar as recentes invasões de terra organizadas pelo MST. Em contrapartida, sobretudo por saber como essas CPIs começam, mas desconhecer como terminam, conforme advertia o grande Ulisses Guimarães, o Governo Lula joga pesado para evitá-las, utilizando-se dos recursos disponíveis: emendas e cargos na máquina. Já vimos como este filme termina.
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