O Brasil é um dos países mais perigosos para um homossexual viver, de acordo com um levantamento realizado pelo Grupo Gay da Bahia. Na região Nordeste é onde esse preconceito é ainda mais arraigado, mas, no geral, ele está presente em todos os recantos, muito em razão de nosso processo de formação. Tivemos avanços significativos no que concerne ao reconhecimento dos direitos e de, eventualmente, convivência e tolerância com essa questão nos Governos da Coalizão Petista, mas logo o obscurantismo voltou, na esteira de um movimento político de caráter conservador, autoritário e misógino, a partir do golpe institucional de 2016.
A partir de então, os problemas para esse grupo social apenas se agravaram. Praticamente todos os dias são cometidos crimes por preconceito sexual no país, ou seja, o indivíduo morre por sua opção sexual. Numa quadra como esta, a responsabilidade da fala assume uma dimensão gigantesta, seja ela proferida por uma professora ou por um professor numa escolinha de um bairro da periferia, seja ela proferida por um parlamentar, em cadeia nacional, no dia em que se comemorava o Dia Internacional das Mulheres.
Infelizmente, a roda do país ainda gira numa espiral autoritária e fascistas fomentada nos últimos anos, onde precisamos repudiar esses atos todos os dias. Ontem foi a vez do Deputado Federal Nikolas Ferreira, eleito pelo Estado de Minas Gerais, um bolsonarista raiz, assumir a Tribuna da Câmara dos Deputados para proferir um discurso profundamente infeliz, cometendo preconceito contra as mulheres transfóbicas. Este é o tipo de atitude que irá contingeciar as autoridades públicas a tomarem alguma providência em torno do assunto, em função de sua grave repercussão. Trata-se de um crime que, possivelmente, não ficará impune. O próprio presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lyra, fez um pronunciamento duro em torno do assunto, o que não seria assim tão comum quando se trata de bolsonaristas envolvidos. Como se diz aqui no Nordeste, que seje!
O deputado Nikolas Ferreira ja andou sendo acusado de eventual apoio às mobilizações à trupe de irresponsáveis que cometerem crimes contra as instituições democráticas do país, o que se levou a pensar sobre a conveniência ou não de ele assumir o cargo. Superada essa fase, não satisfeito, ontem ele cometeu mais essa sandice imperdoável, que deve lhe custar muito caro, pois a Deputadas Tabata Amaral e o Deputado Guilherme Boulos, estão formalizando as denúncias juntos órgãos competentes para examinar e tramitar os processos devidos. Boulos, depois de um discurso de repúdio contundente, vai acionar o próprio STF.
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