O clima está quente em Brsília e, pelo andar da carruagem política, a temperatura não deve baixar tão cedo. Estabeleceu-se um impasse ou uma queda de braços entre o Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e o Presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco, em torno de uma polêmica sobre a apreciação das medidas provisórias encaminhadas pelo Planalto. Durante a pandemia ocorrerem mudanças no processo de votação dessas medidas provisórias, procurando otimizar seus encaminhamentos, por razões óbvias.
Antes da pandemia tais medidas eram avaliadas por uma comissão mista do Senado Federal, avaliação que foi suprimida. Hoje, os senadores não dispõem de tempo para analisá-las com os cuidados necessária. Rodrigo Pacheco, então, diante das reclamações dos senadores, sugeriu que talvez tenha chegado o momento de voltarmos aos procedimentos ou ritos anteriores, ou seja, apreciar tais medidas provisórias como antes, simplesmente recobrando uma rotina adotada antes da pandemia, o que deixou Lira enfurecido, com ameaças de travar ou produzir um apagão no Governo Lula.
Lula terá que atuar como bombeiro nessa peleja. Segundo os escaninhos da política, até os quatro pedidos de impeachment contra o presidente poderiam ser desengavetados caso esta situação não seja contornada. Há, até, emendas bolsonaristas que descansam sob a poltrona do Presidente da Casa, que poderiam voltar a causar incômodos. O acordo que permitiria eventuais votos do Centrão favoráveis ao governo seria ao custo do Ministério da Saúde e outros cargos importantes na máquina. O Centrão sempre teve interesse nesse ministério, por razões bastante conhecidas que, certamente, não seria a de distribuir preservaivos para as mulheres que vivem o drama da pobreza mestrual. São os impasses políticos produzidos pelo nosso sistema de governabilidade geridos por um presidencialismo de coalizão, que deságua numa espécie de semipresidencialismo não assumido oficialmente. Lira só faz o que quer e consoante os seus interessese e os interesses dos seus pares. Lula não completou nem cem dias de governo e já se encontra diante dessa enrascada, que moeu a presidente Dilma Rousseff até o golpe de misericórdia.
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