pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO. : Editorial: O que, de fato, está ocorrendo no Rio Grande do Norte?
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quinta-feira, 16 de março de 2023

Editorial: O que, de fato, está ocorrendo no Rio Grande do Norte?



Ainda no dia de ontem, tomamos conhecimento de uma notícia informando que os garimpeiros estariam impedindo que os agentes de saúde realizassem seu trabalho na comunidade dos povos originários Yanomamis. A tragédia humanitária que se abateu sobre aqueles povos tem sua origem exatamente na ocupação irregular e predatória das terras a eles reconhecidas, contaminando as águas dos seus rios, dificultando seu acesso à pesca e à caça, impedindo a presença do Estado naquela região. Chegamos ao horror de crianças e adultos doentes e famintos e adolescentes aliciadas para a prostituição por um prato de camida.  

Se tal problema da presença perniciosa do crime organizado ocorre naquelas rincões, produzindo tais consequências funestas, o que não se pode imaginar sobre a sua presença em Estados como o Ceará, Pernambuco, Alagoas, Paraíba e o Rio Grande do Norte, com seus balneários repletos de turistas em determinadas épocas do ano? Nesses locais é bastante comum a atuação de facções do crime organizado, ditando suas regras, estabelecendo, na ralidade, o poder de polícia que o Estado, em tese, deveria exercer. Quando delinquentes avulsos insisitem em prejudicar os seus negócios, não raro, são essas facções que resolvem o problema.  

Quem não se recorda da verdadeira operação de guerra que foi montado pelas polícias do Estado de Pernambuco para "retomar" o controle do balneário de Porto de Galinhas mais recentemente, onde facçoes do crime espalharam o terror na região? Que existem disputas acirradas entre essas facções pelo controle de espaços de negócios - ou bocas, numa linguage mais apropriada - isso também é verdade. Que medidas restrititvas adotadas contra esses chefes criminosos que estão presos podem desencadear essa onda de violência, isso também é verdade. Basta uma transferência de domicílio prisional.O Estado do Ceará enfrentou sérios problemas dessa natureza. 

O problemea da população carcerária do país é imenso. Enumerá-los aqui estendeia este editorial para uma grande reportagem. Possuímos uma cultura carcerária, forjada no açoite do pelourinho da escravidão; há um abuso do expediente das prisãos preventivas; presos que cuprem suas penas continuam encarcerados em razão da morosidade da vara de execuções penais; unidadess priscionais com a capacidade bem acima do que poderiam comportar. São inúmeros os problemas. 

Eis aqui mais um grave gargalo que o terceiro Governo Lula terá que começar a enfrentar, através dos Ministérios dos Direitos Humanos e da Justiça. No caso do Rio Grande do Norte existe tudo isso relatada acima e algo mais. Este algo mais é que estaria, na realidade, provocando essa onda de violência que obrigou a governadora do Estado, por sinal petista, Fátima Bezerra, pedir o concurso da Força Nacional para se juntar às forças de segurança estadual, incapaz de se contrapor à onda de violência. O Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura constatou irregularidades e violações de direitos humanos em algumas penitenciárias do Estado, como torturas físicas, marmitas com comidas estragadas e contaminação proposital por tuberculose. Ela informou que desconhecia tais problemas e irá tomar as providências necessárias para saná-los. É isso que esperamos dela, antes que medidas mais civilizadas possam emanar das autoridades federais no que concerne ao enfrentamento desses problemas estruturais do nosso sistema prisional.      

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