Quando a gente pensa que já viu de tudo sobre o Governo Bolsonaro, eis que surge o caso das muambas das arábias, algo que está alcançando ampla repercussão pelas redes sociais. Nunca vi algo com tantas pontas desamarradas, a começar pelos valores pagos pelos Emirados Árabes ao arrematar o leilão da refinaria de Landulpho Alves, na Bahia, segundo analistas, por um preço bem abaixo do mercado, gerando um grande prejuízo para os cofres públicos. A refinaria, trocando em miúdos, foi vendida pela metade do preço. A diferença é pequena, algo em torno dos 11 bilhões de reais apenas. Nem culpo o Governo Bolsonaro por este problema, uma vez que, tal procedimento tem sido recorrente no que concerce ao processo de privatização do patrimônio nacional.
A Companhia Vale do Rio Doce, também foi arrematada por um valor bem abaixo do seu valor de mercado calculado, fato ocorrido no Governo de Fernando Henrique Cardoso. Só quem se beneficia com esse processo é a iniciativa privada e, naturalmente, agentes públicos que, eventualmente, agem de má-fé. O Governo Lula já teria pedido uma reavaliação do processo de privatização da Eletrobras por encontrar uma série de problemas, a começar pelos aumentos abusivos dos proventos de sua diretoria e do seu conselho de administração.
No passado, ainda se apregoava uma melhoria na qualidade dos serviços prestados o que, hoje, com os maus exemplos observados, constitui-se numa outra falácia. Citamos o exemplo do Aeroporto Internacional dos Guararapes, aqui no Recife, onde os preços praticados pelos estabelecimentos comerciais se tornaram abusivos; os banheiros já não conservam o mesmo padrão de higienização; o ar-condicionado foi reduzido. Na oportunidde, uma internauta chamou a nossa atenção para o metrô de Belo Horizinte, segundo as suas palavras, "dado" à iniciativa privada, acarretando inúmeros problemas paras os usuários.
Mas, voltemos às muambas. Por uma questão de "diplomacia", diagmos assim, os Árabes teriam presenteados os membros da comissão com relógios caríssimos - valores em torno de R$200.000,00 - e, supostamente presenteado, igualmente, a primeira dama, Michelle Bolsonaro, com joias cujo valor chegam aos 16 milhões de reais. É aqui que a porca começa a torcer o rabo, pois, ao invés de declarar as joias, pagar os impostos devidos e transformar a doação em bens pertencentes ao Governo Brasileiro, o presidente teria tentado passar na alfândega sem cumprir tais formalidades, delegando a um militar de sua comitiva a tarefa de trazê-las ao Brasil.
Funcionários da Receita Federal impediram que tal processo se concretizasse, apreendendo a mercadoria. Taria havido, por parte do Governo Bolsonaro, utilizando-se de todos os expedientes possíveis, quatro tentativas de reaver essas jóias, inclusive uma delas há poucas dias do encerramento do seu mandato. Chegamos até a fazer os elogios merecidos aos funcionários públicos efetivos, do quadro e concursados da Receita, que fizeram cumprir a lei e impediram a famosa carteirada de seus superiores e outros órgãos do governo. Existe, em tais processos, suspeitas sobre eventuais atitudes não condizentes de agentes públicos, o que será devidamente esclarecido pela Polícia Federal, que já foi acionada pelo Ministério da Justiça.
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