Confesso que passei a ficar interessado numa eventual CPMI sobre os atos golpistas do dia 08 de janeiro, principalmente depois do depoimento do oficial da PM de Brasília, no dia de ontem, com revelações estarrecedoras sobre o que ocorria no acampamento montado pelos bolsonaristas radicais junto ao Quartel General do Exército, em Brasília. O Big Brother, apesar dos excessos, ainda assim, certamente ficaria de queixo caído com as ocorrências ali registradas, ainda de acordo com o oficial, que aponta eventuais casos de estupro e prostituição e outras coisas do gênero. Um cardápio abjeto, portanto.
O militar informa que chegou a disponibilizar cerca de 553 homens da PM com a missão de desmontar o acampanhemtno, mas teria sido impedido de fazê-lo pelo Exército. Alguém que é tão preciso nos números deve estar falando a verdade, conforme ensina os bons manuais de interrogatório. Quando você associa o que ali ocorria com as recentes denúncias de eventuais envolvimentos de órgãos como a Receita Federal, da ABIN, no sentido de adoção de métodos ilegais, sem autorização judicial para espionarem os inimigos do governo, aí você tem um quadro nefasto do pardieiro dos porões milicinaos em que estávamos metidos. Aqui convém separar o joio do trigo, mas nunca é demais observar que o trigo também faz mal à saúde. Na realidade, são setores da ABIN e da Receita Federal que teriam sido aparelhados pelo bolsonarismo para esses papéis antirrepublicanos.
Como ocorre nos sistemas fechados mais tradicionais, o estrago foi grande. O retrocesso civilizatório, republicano e democrático foi grande. Quando a sujeira começa a aparecer debaixo do tapete, pelas mais diversas razões, é que começamos a nos dar conta da dimensão do problema. Hoje, já existe algumas infomrações concretas sobre o que poderia ter ocorrido no dia 8 de janeiro. Está claro, por exemplo, de que foi algo urdido, bem planejado, com a participação efetiva de setores militares, quer como simpatizantes do movimento, que como articuladores ou planejadores.
A oposição se articula e o governo move moinhos para evitar uma CPMI, algo que, possivelmente, travaria o governo. As razões apresentadas pelo governo são razoáveis embora a oposição tenha dúvidas sobre as reais causas deste temor, sugerindo que integrantes do atual governo sabiam dos acontecimentos e não fizeram nada para impedí-lo. Nas ações do atual governo para impedir a instauração desta CPMI há, pelo menos um equívoco: Esse toma lá dá cá, envolvendo cargos na máquina e liberação de emendas para a retirada de assinaturas.
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