pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

Editorial: Militares supostamente envolvidos na tentativa de golpe de Estado no modo: "Nada a declarar".



Uma conhecida revista de circulação nacional publicou uma matéria onde informa que o Exército estaria preparando eventuais alojamentos prisionais, na expectativa de uma possível prisão dos militares envolvidos na frustrada tentativa de golpe de Estado, inclusive o ex-presidente Jair Bolsonaro. A razão é simples. Caso a prisão de Jair Bolsonaro seja decretada, ele poderá ficar numa prisão militar, em razão de sua condição de capitão do Exército. O mais interessante é que praticamente todos os militares supostamente envolvidos nas tessituras golpistas, se mantiveram no modo: declarar durante as oitivas do dia de ontem, 22, sob a supervisão da Polícia Federal, que conduz as investigações. 

Salvo melhor juízo, apenas o ex-Ministro da Justiça, Anderson Torres, e o autal presidente do Partido Liberal, Valdemar da Costa Neto, responderam às perguntas formuladas. O silêncio é uma prerrogativa legal que pode ser utilizada pelos acusados. Neste caso, porém, tal atitude passa a ter várias possibilidades de interpretação. No caso da defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro, o argumento apresentado é que seus advogados não tiveram acesso aos autos na medida de suas expectativas, ou seja, os autos não foram disponibilizados em sua plenitude, dificultando, assim, a formulação de uma linha de defesa do ex-presidente. 

Mas, a rigor, este editor desconfia que já  entramos aqui naquilo que em Teoria do Jogos costumamos identificar como "Dilema do Prisioneiro". Suspeita-se, por exemplo, que Anderson Torres e Valdemar da Costa Neto possam ter entrado numa linha colaborativa com as investigações conduzidas pela Polícia Federal. O núcleo duro que gravitou em torno do ex-presdente, por outro lado, suspeita que Bolsonaro deseja ter acesso aos depoimentos dos demais envolvidos para saber como se colocará. Por isso o silêncio? Não se sabe exatamente. 

O fato é que a Polícia Federal, conforme o próprio Ministro Alexandre de Moraes, do STF, dispõe de provas robustas sobre as tessituras de mais uma tentativa de golpe de Estado no país. Neste caso, pouco importa o silêncio dos envolvidos durante essas convocações. Ao fim e ao cabo, concuídos os inquéritos com absoluto profissionalismo e provas irrefutáveis, quem tiver culpa no cartório terá que arcar com ônus de ter embarcado nessa aventura golpista, seja lá por qual motivo.   

Editorial: Um giro de 36O graus na política paraibana.



Magalhães Pinto, uma grande raposa da política mineira, costumava comparar a política às nuvens, que mudam com muita frequência. Até recentemente, um bolsonarista raiz, o radialista Nilvan Ferreira, foi literalmente "rifado" do PL, o partido ao qual ainda é filiado, em nome de uma articulação interna da legenda que tem como objetivo fazer do ex-Ministro da Saúde do Governo Bolsonaro, Marcelo Queiroga, candidato à Prefeitura de João Pessoa nas próximas eleições. 

Curioso que, diante das novas contingências, segundo o próprio radialista, ele teria procurado outras legendas, com perfil de centro-direita do espectro político, todas elas fechando as portas para o seu ingresso. Em situação assim, como se sabe, quando o indivíduo cai em desgraça, restam poucos a se solidarizarem com o infeliz. Numa atitude bastante digna, o jornalista faz questão de nomeá-los e agradecer-lhes a solidariedade. Nesses episódios, ficam sempre algumas lições. 

Passado alguns dias, o radialista recebeu a solidariedade do senador Efraim de Moraes Filho(UB-PB), que afirmou que as portas do União Brasil estariam abertas ao radialista. Neste meio termo, começaram as especulaççioes em torno de uma eventual candidatura do radialista a prefeito de Santa Rita, cidade onde ele obteve maior votação quando disputou o Governo do Estado. Em princípio relutante, o radialista transferiu seu título eleitoral para a cidade e hoje, 22, anunciou que será pré-candidato a prefeito da cidade nas próximas eleições. 

O melhor, no entanto, ainda estaria por vir. O atual governador do Estado, o socialista João Azevêdo, que já manteve acalorados debates com o radialista, afirmou que tudo ficou no passado e que está disposto a apoiar o seu pleito como candidato a prefeito de Santa Rita, a cidade dos canaviais, com o concurso até do presidente Lula. Nilvan Ferreira, por outro lado, até então um bolsonarista roxo, sinaliza que pode esquecer os embates do passado e aceitar a proposta. 

Gostaríamos muito de saber como os bolsonaristas mais radicais estão se sentido com esta guinada de 360 graus de Nilvan Ferreira. Nilvan construiu uma trajetória política no Estado com uma identificação absoluta com o bolsonarismo. Na condição de candidato ao Governo do Estado, numa eleição vencida por João Azevedo, bateu forte no atual ocupante do Palácio Redenção, enfatizando suas ligações ao ex-governador Ricardo Coutinho, enredado na Operação Calvário. Nilvan deve está um poço até aqui de mágoa com os antigos compenheiros bolsonaristas do Estado.  

Charge! Jaguar via Folha de São Paulo

 


quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

Editorial: Mais envolvidos nos acontecimentos do 08 de janeiro podem fechar acordo de delação premiada.

 


A Polícia Federal, apenas no dia de hoje, 22, deve ouvir onze pessoas implicadas na frustrada tentativa de golpe de Estado do dia 08 de janeiro. Geralmente, golpista só usam de bravatas quando estão de posse de armas, em condições favoráveis. Na hora de se entenderam com a malha da justiça essa coragem, como por encanto, desaparece. Um deles chegou a tratar os militares que se recusaram a embarcar na aventura golpista de cagões. Sinceramente? Gostaríamos muito de ouvir seu depoimento à Polícia Federal. 

Para os depoimentos de hoje, um deles já afirmou que permanecerá calado, equanto o outro vai se fazer de sonso, alegando que suas declarações golpistas de outrora não passaram de bravatas. Sem alarde, a Polícia Federal vem realizando seu trabalho, seguindo os trâmites legais, guardando o silênco devido sobre as investigações e curso. Nos bastidores, no entanto, assim como ocorreu com o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência da República, que resolveu entrar num programa de colaboração premaida e contribuiu bastante para emendar os fios soltos do novelho golpista que culminou com a baderna promovida no dia 08 de janeiro. 

Outros envolvidos estariam disposto a seguir o mesmo caminho, provocando calafrios nos demais implicados. Sugere-se que eles chegaram à conclusão que o cerco está se fechando e chegou a hora do salve-se quem puder. As Forças Armadas, por exemplo, numa ação convergente com o seu papel, está afastando dos cargos de chefias os militares envolvidos em tais episódios. Não esperou nem pelo desfecho do caso, apontando culpados e indicando as punições inerentes. 

Embora atendendo a todos os requisitos necessários e legalmente ainda passível de ser promovido, há quem assegure que a promoção do tenente-coronel Mauro Cid não sairá. Difícil entender em que circunstâncias o militar foi indicado para servir como ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, mas deve ser algo pelo qual ele estaria possivelmente arrependido.  

Editorial: Empate técnico entre Boulos e Ricardo Nunes na disputa pela Prefeitura de São Paulo



No dia de ontem, o Instituto Paraná Pesquisas divulgou mais uma pesquisa sobre a disputa pela Prefitura de São Paulo. Embora com margens sempre apertadas, o candidato do PSOL, Guilherme Boulos, apoiado por alas hegemônicas do PT, sempre aparecia na dianteira da disputa. Desta, vez, no entanto, o Instituto constatou um empate técnico entre os dois principais postulantes ao Edifício Matarazzo. Boulos pontua com 33% da preferência do eleitorado paulista, enquanto Ricardo Nunes aparece logo abaixo, apenas numericamente, registre-se, com 32%. 

A margem de erro do Instituto está acima dos dois pontos percentuais, o que significa dizer, igualmente numericamente, que Nunes já poderia ter ultrapassado o psolista. Por dever de ofício, registramos aqui a pontuação dos demais candidatos. A candidata do PSB, a Deputada Federal Tabata Amaral, pontua com 9,7% das intenções de voto na pesquisa; Kim Kataguiri, do União Brasil, cuja candidatua ainda não teria sido homologada pelo partido, surge com 5,2% das intenções de voto, enquanto a candidata do Novo, Maria Helena, crava 3,3% das intenções de voto. O polêmico Padre Kelmon, que deverá atuar como linha-auxiliar do atual gestor, Ricardo Nunes, aparace com 0,7% das intenções de voto. 

A disputa, por inúmeras razões, deverá seguir este diapasão até outubro, se não ocorrer algum tsunami político até lá. Receoso de se envolver com o bolsonarismo tóxico, mas por outro lado, temeroso de perder tal quinhão do eleitorado paulista, o prefeito Ricardo Nunes(MDB-SP) já assegurou que estará acompanhando o capitão na manifestão programada para o dia 25 na Av. Paulista. O empate técnico entre ambos os candidatos é reflexo da exarcebação da polarização política que ambos os lados fazem questão de alimentar. 

Depois das recentes declarações de Lula, que provocaram um tsunami diplomático, o candidato do PSOL, que conta com o apoio do morubixaba petista, saiu-se pela tangente quando indagado sobre o assunto. Passamos aqui a imaginar o quanto isso será explorado nas próximas eleições municipais, assim como o ônus político que o morubixaba petista terá que arcar em relação ao seu projeto de renovação do contrato de locação do Palácio do Planato por mais quatro anos, conforme se presume. 

Editorial: Apenas más notícias sobre o presídio de segurança máxima de Mossoró.


Diante do climão de polarização que este país está vivendo, é quase certo que o Ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, seja convocado à Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara dos Deputados, praticamente hegemonizada por parlamentares hostis ao Governo, ligados à Oposição bolsonarista. De estilo discreto, disciplinado e comedido, o ex-Ministro do Supremo Tribunal Federal terá uma tarefa difícil pela frente. 

Desde que ocorreu a fuga espetacular daquele presídio, a primeira do país ocorrida num presídio federal de segurança máxima, não chega uma notícia positiva sobre o que ocorreu naquela unidade prisional, no Rio Grande do Norte. Até os presos que fugiram e ainda não foram recapturados estão ameaçados de morte pela facção à qual pertence, o Comando Vermelho. Por alguma razão, a unidade da facção que atua no Estado do Acre se sente traída pelos dois fugitivos. 

Ontem comentamos por aqui que 124 das 190 câmras existentes no presídio estão com defeito. O próprio ministro admitiu haver falhas estruturais na edificação do presídio, como as paredes no entorno das luminária, onde não existia concreto, mas apenas alvenaria. Ainda não podermos confirmar tal informação, mas anda circulando a hipótese de haver um laranja no processo licitatório onde se contratou uma empresa para as reformas do presídio. 

O cidadão reside na periferia de Brasília, é muito pobre e chegou a receber o auxílio Covid-19 durante a epidemia do vírus. O contrato teria sido assinado no ano de 2022, ainda no Governo Bolsonaro, mas foi mantido já no Governo Lula. Essas zonas de intercecção na transição entre os dois governos, conforme já discutimos em inúmeras vezes por aqui, tem deixado escapar alguns penduricalhos complicados para o atual Governo. Este é o caso das investigações que correm sobre eventuais irregularidades na CODEVASF, na ABIN paralela. Para ficarmos em apenas dois exemplos.   

Charge! Laerte via Folha de São Paulo

 


quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

Editorial: Um diálogo difícil entre Lula e o Secretário de Estado Norte-Americano.



O Secretário de Estado Norte-Americano, Antony Blinken, desembacou no Brasil esta manhã, onde se reúne com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O secretário faz um giro pela Amética Latina, onde pretende visitar outros países além do Brasil. O encontro havia sido agendado muito antes de explodir a crise diplomática entre o Brasil e o Estado de Israel, depois das declarações do presidente brasileiro. Muito dificilmente, tal assunto deixará de constar do diálogo entre o representante dos Estados Unidos e o presidente Lula. 

No passado, os diálogos diplomáticos entre as nações conseguiram evitar alguns possíveis conflitos sangrentos, como em 1962, quando os Estados Unidos conseguiram fechar um acordo com a então União Soviética, que permitiu a retirada dos mísseis com ogivas atômicas instalados em Cuba. À época, quando soube do acordo, o então ainda jovem guerrilheiro Fidel Castro, teria esmurrado a mesa, bastante enfurecido com a decisão de Nikita Kruschev. Por outro lado, se as duas potências não chegassem a tal acordo, o mundo poderia ter sido destruído com uma inevitável guerra nuclear. 

Hoje, nossa conclusão é que a diplomacia, em caráter global, perdeu terreno em sua condição de solucionar conflitos entre as nações. Tudo está muito mudado. Veja-se o caso da guerra na Ucrânia, onde só as armas sugerem ser a solução, o que signifca dizer que vencerá quem conseguir esmagar o adversário. Sem a ajuda necessária, o Exército Russo vem avançando posições dentro do território ucraniano. No caso do conflito no Oriente Médio, que envolve o Estado de Istarel e o grupo terrorista Hamas, civis estão sendo sistematicamente massacrado, sem que se encontre uma saída para o conflito. 

O senador Osmar Aziz(PSD-AM), em pronunciamento na tribuna do Senado Federal, fez uma pergunta bastante pertinente: Como se chama mesmo a morte de 30 mil civis inocentes que moravam na Faixa de Gaza, onde o conflito se desenrola? Fazemos tal inferência apenas para concluir que não se construirá algum consenso sobre o assunto nesse diálogo entre a autoridade do Governo dos Estados Unidos e o presidente brasileiro, que reiterou que não irá pedir desculpas sobre as suas delcarações, ditas com absuluta consciência e convicção. Os Estados Unidos, por sua vez, acompanharão o Estado Judeu em qualquer circunstância. 

Editorial: Morte do poeta Pablo Neruda será novamente investigada por determinaçaõ da Justiça Chilena.


As ditaduras são sempre pavorosas, abomináveis. As pessoas de bem devem empreender todos os esforços possíveis para preservarem as instituições democráticas e o Estado Democrático de Direito. As práticas recorrenres de estupros ocorridas durante a ditadura de Alfredo Stroessner, no Paraguai, relatadas e registradas em inúmeros documentários, alguns deles com depoimento das vítimas, geralmente entre 10 e 15 anos de idade, foram mais comuns do que imaginávamos antes de assistirmos a tais documentários. Há registros dessas práticas inclusive no Brasil.

Aliás, essa prática abjeta do ditador tornou-se algo "institucionalizado" durante o período em que Stroessner manteve-se no poder. Existiam locais reservados exclusivamente para tal finalidade, além de aliciadores que cumpriam o papel de encontrarem essas crianças e adolescentes. A prática envolvia o oficialato que prestava continência ao ditador. Em São Domingos, o chefe de polícia de Rafael Trujillo Molina, que acumulou fortuna em detrimento da miséria da população de São Domingos, mantinha uma caderneta de anotações com as práticas de torturas existentes em todos os países. 

A cada dia o algoz escolhia, possivelmente aleatoriamente, em seu manual, as torturas de um desses países para infringir aos adversários da ditadura comandada pelo sanguinário Trujillo. Observem os leitores até que ponto chega o grau de perversão do ser humano. No Brasil existiam "médicos" que acompanhavam as torturas para informar aos torturadores se o sujeito ainda reunia condições de suportar os maus tratos. Depois, quando os indivíduos morriam, emitiam laudos falsos sobre a causa da morte. 

No Chile, um país onde as instituições democráticas, no período pós-ditadura Augusto Pinochet, conseguiram punir indivíduos envolvidos na violação dos direitos humanos, suspeita-se que o poeta Pablo Neruda,  Prêmio Nobel de Literatura, possa ter sido vítima da ditadura. O último laudo sobre a sua morte, depois do corpo exumado, aponta que ele pode ter sido envenenado. Antes de morrer, o poeta ligou para um amigo falando de uma injeção que havia tomado, fora de sua medicação usual, depois de transferido para outro hospital, sem uma explicação convincente. Há motivos mais do que suficientes para que a sua morte seja novamente investigada, conforme entendeu a justiça daquele país. 

Editorial: 122 deputados já assinaram o pedido de abertura de impeachment contra o presidente Lula.



Salvo melhor juízo, este já seria o décimo-primeiro pedido de impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Embora este seja aquele que contou com a maior adesão da Oposição, deverá ter o mesmo destino, ou seja, mofar na gaveta do Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira. O Governo Lula, no entanto, neste momento, passa por um momento difícil, daqueles de tempestade perfeita: Uma governabilidade frágil e temerária; défict primário superior aos R$ 240 bilhões de reais; propostas da área econômica com dificuldades de aprovação no Legislativo; o país mergulhado numa profunda crise institucional entre os Três Poderes e, para completar o enredo, uma crise diplomática gigantescas, depois das últimas declarações do presidente sobre o confrito entre o Estado Judeu e o grupo terrorista Hamas, na Faixa de Gaza, que já dizimou 30 mil civis inocentes. 

Pelas redes sociais, as trocas de farpas entre as Deputadas Federais Gleisi Hoffmann, Presidenre Nacional do PT, e a Carla Zambelli, autora do pedido de abertura de impeachment contra o presidente. Não tem sido nada fácil para o presidente Lula, acossado, o tempo todo, por uma Oposição renhida, radical, torcendo o tempo todo contra, que ainda não desceu do palanque, com uma derrota eleitoral não assimilada até hoje. Esse radicalismo oposicionista, principalmente o de matriz bolsonarista, está nos conduzindo a um impasse institucional, de consequências perigosas. 

Sabe-se lá o que deve ocorrer no próximo dia 25, quando está prevista uma grande manifestação, convocada pelos bolsonaristas, que devem se concentrar na Av. Paulista. Certamente virão cartazes, faixas e até falas exaltadas. Há uma "narrativa" conhecida desses grupos radicais contra as instituições democráticas, contra autoridades constituídas, contra os poderes da república, questionando a lisura do processo eleitoral e reivindicando intervenções militares. Duvidamos que tais faixas não estejam presentes em tal manifestação. Alguém imagina, em sã consciência, uma mobilização bolsonarista sem tais ingredientes? 

Pelo andar da carruagem política, Lula deverá enfrentar essa inferno astral até o final de seu Governo. Já são dez pedidos de impeachment, este último mais robusto, com mais de 120 assinaturas até o momento. Alguns parlamentares que asinaram a petição, desavergonhadamente, são de partidos que ocupam espaço na burocracia federal. Estamos diante de uma oposição de armas engalfinhadas, que deseja derrubar o Governo Lula. Infelizmente, esta é a realidade.     

Editorial: Luís Roberto Barroso mantém Alexandre de Moraes no inquérito sobre a tentativa de golpe de 08 de janeiro.



A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro entrou com um pedido junto ao STF no sentido de retirar o Ministro Alexandre de Moraes do inquérito que investiga a frustrada tentativa de golpe do 08 de janeiro. Mas a defesa do ex-presidente não estava sozinha nessa reivindicação, eivada de argumentos subjetivos, que já somavam 192 petições com o mesmo propósito. Essa "subjetividade de argumentos", desprovidas de amparo legal, foi um dos motivos pelos quais o Presidente do Supremo Tribunal Federal, Ministro Luís Roberto Barroso, negou o pedido. 

Para o desconforto daqules que estiveram envolvidos nos atentados contra o Estado Democrático de Direito e as nossas instituições democráticas, O Ministro Alexandre de Moraes será mantido no cargo, conforme previsão nossa por aqui. As provas arroladas pela Polícia Federal sobre a tentativa de golpe de 08 de janeiro são robustas, conforme já enfatizou o ministro. Agora é apurar as responsabilidades de cada um, amparada nas investigações conduzidas pela Polícia Federal. Dando um bom exemplo, as Forças Armadas já estão afastando de suas funções os militares sob investigações. 

O que nos surpreende é este ambiente ou essa permeabilidade conspiratória contra as nossas instituições republicanas, que se manteve ativa mesmo depois que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu o Governo. As digitais dos "resíduos golpistas", por exemplo, podem ser encontrados no funcionamento de uma agência paralela de inteligência, assim como numa minuta de Estado de Sítio encontrada na gaveta da sede do maior partido de oposição do país.

Outra questão devidamente pacificada diz respeito ao fato de o golpe não ter se materializado, argumento sempre muito invocado pelos bolsonaristas. Neste caso, conforme preconiza o Código Penal, pune-se a tentativa nas mesmas proporções, uma vez que, se os algozes da democracia tivessem logrado êxito, a primeira providência é interditar o funcionamento regular do Estado Democrático de Direito.   

Charge! Triscila Oliveira e Leandro Assis via Folha de São Paulo

 


terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

Editorial: A "insegurança" no Presídio Federal de Segurança Máxima de Mossoró.



Se nos permitem o trocadilho, tudo indica que o sol não nascia quadrado no Presídio Federal de Segurança Máxima de Mossoró, no Rio Grande do Norte. Vamos ser francos por aqui? Tudo está muito confuso e o assunto da fuga dos dois presos do presídio ainda deve render bons debates. Aliás, tais discussões se impõem. Existe a informação que ocorreu um erro estrutural na construção das paredes que antecedem as luminárias, por onde os presos fugiram, que foram construídas apenas com alvenaria, sem concreto. 

Há, portanto, uma falha estrutural de projeto de construção, não se sabendo se prevista na licitação ou decorrentes de irregularidades na edicação do presídio. Surpreendentemente, mais  das 192 câmaras existenres no presídio, 124 não funcionavam, o que facilitou enormemente o trabalho de fuga dos presos. Já comentamos por aqui que um jornal potiguar, alguns meses antes, havia publicado uma matéria onde o assunto era abordado, concluindo pela falta de segurança num presídio de segurança máxima. Com essas facilidades de comunicação, não seria improvável que os fujões tenham sido avisados sobre essa precariedade do sistema. 

Não se pode dizer que as providências não estejam sendo tomadas. Apenas com um detalhe crucial: depois das luminárias arrombadas. Mais 100 homens da Guarda Nacional estão sendo mobilizados na captura aos fugitivos. Com mais este reforço, já chega a 400 o contingente de policiais utilizados com tal finalidade. Talvez inspirados nessa fuga espetacular, no dia de ontem, 18 presos fugiram de carceragem no Estado do Ceará. 17 deles apenas num dos presídios, tratando-se aqui de uma fuga em massa.

A admissibilidade sobre a necessidade de construção de muralhas no entorno dessas unidades prisionais, por outro, sugere que, de fato, ocorreram algumas falhas estruturais em sua edificação. Observem que esta foi uma das primeiras observações do Ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski. Pelo pouco tempo que ele havia assumido o cargo, sugere-se que algum assessor o tenha alertado para o problema. Por enquanto, os presos ainda estão foragidos e deixando pistas sobre a sua rota de fuga. Tais descuidos só se entende no sentido de "despistar" a tropa que está em seu incalço.   

Editorial: Polícia Federal convoca Bolsonaro para depor antes das manifestações do dia 25\02


Possivelmente, tal data teria sido agendada consoante as rotinas de trabalho do pessoal da Polícia Federal, mas, como estamos na era da teoria da conspiração, logo se sugeriu que a convocação, pela Polícia Federal, do ex-presidente Jair Bolsonato, para depor na próxima quinta-feira, 22, guarda alguma relação com as manifestações que o líder oposicionista agendou com os seu apoiaores para o dia 25, na Av. Paulista. Seus advogados se queixam de ainda não terem tido acesso ao conteúdo integral dos autos que acusam o ex-presidente de ter participado de eventuais tessituras de caráter anti-democráticas, sob investigação da Polícia Federal. 

Pelo sim, pelo não, pediram que fosse adiado o depoimento para uma outra data, mas o Ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, negou o pleito dos advogados de defesa do ex-presidente. Sugere-se que o ex-presidente usará de suas prerrogativas legais de se manter em silêncio durante o interrogatório. Pelo andar da carruagem politica, tal silêncio obsequioso do ex-presidente deveria ser a regra daqui para frente, nunca uma exceção. 

Bolsonaro, assim como o presidente Lula, costumam falar de improviso, assim, se tornam suscetíveis aos deslizes verbais inerentes, sobretudo no calor das massas enfurecidas, como se sugere que possa ocorrer no próximo domingo na Paulista. Tanto de um lado, quanto do outro desse cabo de guerra imposto pela polarização política, os nervos estão à flor da pele. É aquilo que o sociólogo jamaicano Stuart Hall advertia: Em tal contexto, se continuarmos alimentando esse processo suicida, as coisas só terminam quando um dos polos esmagar o outro. 

Pelo andar da carruagem política, algo sugere que as hordas bolsonaristas radicais deverão atender à convocação do capitão. Este clima de acirramento político ajuda bastante neste sentido. O momento político vivido neste momento no país, de profunda instabilidade institucional, recomenda-se baixar a guarda, construir consensos possíveis, nunca engalfinhar as armas.  

Editorial: O "drama" da comunicação no Governo Lula.

 


Depois das declarações infelizes de Lula, capaz de produzir uma crise diplomática entre o Brasil e o Governo de Israel, o presidente brasileiro tornou-se uma persona non grata para o Governo de Israel. Como informamos no dia de ontem, as declarações de Lula ocorreram num momento em que ele falou de improviso, durante uma entrevista. O discurso preparado pelo Itamaraty, que ele leu durante a cerimônia oficial, foi considerado impecável,  dentro do status histórico ocupado pela diplomacia brasileira no contexto das relações internacionais. 

Num encontro recente, durante as comemorações dos 127 anos do Porto de Santos e o anúncio oficial sobre a construção do túnel subterrâneo Santos\Guarujá, na presença de autoridades federais e estaduais, Lula afirmou que iria ignorar o discurso escrito por se sentir desconfortável em lê-lo ao mesmo tempo em que segurava o microfone. Neste momento esteve bem, enfaizando a necessidade de se estabelecer relações republicanas entre os entes federados, assim como superar a polarização, se reestabelecendo a "normalidade".  

Logo em seguida, porém, outra polêmica que poderia ter sido evitada, durante uma cerimônia na Volkswagem, num diálogo com uma jovem afrodescendete. O presidente não disse nada passível de censura ou crítica, mas, nesses momentos bicudos de profunda má-vontade da oposição e de militância identitarista, todo cuidado ainda é pouco. Não seria a primeira vez em que o morubixaba petista comete alguns deslizes verbais em  suas falas de improviso. Tal fato, alás, tem sido perigosamente recorrente, desde a últiam campanha presidencial. 

Lula e sua assessoria de comunicação precisam ser mais cuidadosos por aqui. Escalar o Ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, para ser o único integrante do Governo a se pronunciar sobre os ruídos diplomáticos gerados com o Governo de Israel pode ser uma primeira providência correta. Convém que tal diretirz também se aplique às lideranças partidárias e do Governo, evitando, assim, alimentar a sanha oposicionista no sentido de desgatar o Governo. 

Neste caso, convém seguir os conselhos do comendador Arnaldo, ao observar que há coisas que se dizem por baixo, há coisas que se dizem por cima e há coisas que não se dizem. Mesmo nas mesas de bares, com o amigo, a clivagem precisa ser levada em consideração. Vai que o colega ao lado não seja suficientemente confiável? A oposição bolsonarista já encaminha uma petição de abertura de processo de impeachment contra o presidente, argumentando que Lula cometeu crime de responsabilidade.  

A petição é assinado, inclusive, por partidos com representação no Governo. Vejam os senhores que governabilidade temerária. Emendas são liberadas, os caras ocupam cargos na máquina e votam contra o Governo. E O Governo, por sua vez, de mãos atadas. Assim como o já fizemos em relação ao Ministro das Relações Institucionais - ao afirmar que o problema não se resolve com a troca de nomes - o mesmo o fazemos em relação ao Ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, Paulo Pimenta.   

Charge! Benett via Folha de São Paulo

 


segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

Editorial: Alguns fatos surreais sobre a fuga dos presos da penitenciária de Mossoró.



Como se já não fossem suficientes as trapalhadas ocorridas por ocasião da fuga de dois presos de uma penitenciária federal de segurança máxima, ocorrida recentemente em Mossoró, onde nem o Governo chega a um consenso sobre o assunto, agora surgem as trapalhadas cometidas pelos presos em fuga, que acabam invadindo residências e trocando ideias com os propretários reféns sobre eventuais caminhos a seguir na fuga. Na última pegaram telefones e ligaram para o Rio de Janeiro, perguntaram sobre como se chega ao Ceará, se estão próximos ao litoral e coisas assim. Quer dizer, deixam o roteiro de fuga para os policiais que estão no seu incalço. 

Mossoró é uma cidade vizinha à cidade de Aracati, onde fica a famosa praia de Canoa Quebrada, reduto dos hippies no passado, hoje um point dos turistas indieirados. O interesse pelo litoral é curioso. Eles pretendiam fugir pelo mar? Proeza alcançada pelos jangadeiros de Iracema, em meados da década de 40, que seguiram num jangada dali até o Rio de Janeiro, guiados apenas pelas estrelas e a perícia no mar, para entregaram reivindicações trabalhistas ao Governo de Getúlio Vargas? 

Juntando essas peças, hoje alguém fez um pronunciamento informando que a estratégia, de fato, talvez seria atingir o complexo de favelas da Maré, no Rio de janeiro, controlada pela facção Comando Vermelho. Lá, de fato, eles estariam em melhores condições de segurança, uma vez que, para entrar nesses redutos, a polícia precisa realizar uma operação de guerra, por vezes mobilizando efetivos de mil homens, como ocorreu na última investida naquele reduto. 

Com uma oposição ao Governo literalmente armada até os dentes, o início do ano legislativo promete debates acalorados. De estilo comedido e discreto, o atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski tem se pronunciado bastante sobre essa fuga inusitada de presos de uma penitenciária de segurança máxima no país. E deve se pronunciar ainda mais, uma vez que membros da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado já formularam requerimento para audiência do ministro àquela comissão.  

Editorial: A crise diplomática entre Israel e o Brasil.



Uma fala de Lula na Etiópia provocou uma crise diplomágica entre o Brasil e o Estado de Israel. A depender do lugar de fala, há coisas que não se dizem, há coisas que se dizem por baixo, há coisas que se dizem por cima. Pessoalmente, Lula poderia ter o seu posicionmento com relação ao que ocorre na Faixa de Gaza, onde já morreram 30 mil pessoas, na sua maioria civis inocentes, numa caçada do estado judeu aos integrantes do grupo Hamas. Se pronunciar como Chefe de Estado, no entanto, em encontros internacionais, mesmo que de improviso, tem suas implicações diplomáticas. 

Na realidade a fala do presidente Lula provocou uma crise diplomática entre os dois países. Em pronunciamento, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que o presidente brasileiro havia cruzada o linha vermelha. O embaixador do país em Tel Aviv foi convidado para uma conversa com o Governo de Israel, emblematicamente, marcada para o Museu do Holocausto. Há quem sugira que o líder petista anda um pouco descalibrado em suas falas. 

Durante essa última viagem, tomando as precauções que se impõe, por ocasião das cerimônias oficias, o presidente brasileiro leu o discurso preparado por sua assessoria. Neste caso específico, pode ser encontrada as digitais do seu assessor para assuntos internacionais, o Celso Amorim. O Governo Brasileiro, através do Ministério das Relações Internacionais, por enquanto, já informou que não se pronunciará sobre o assunto. Talvez aguardem a ademoestação do Governo de Israel ao embaixador do Brasil naquele país. 

No Brasil, o episódio caiu como uma luva para os críticos do Governo Lula. Horas de programação são dedicadas à sua malhação, ouvindo sempre atores que se contrapõem à sua fala. O país não passa por um momento de estabilidade institucional e fatos dessa natureza apenas alimentam as chamas da discórdia. Essa questão de comunicação está tão complicada que Lula acabou se pronunciando, durante uma entrevista, sobre a fuga dos prisioneiros do Presídio de Mossoró, sugerindo haver uma eventual facilitação. Seu ministro discorda. 

P.S.: do Contexto Político: Na realidade, segundo algumas versões que circulam na imprensa, o presidente Lula teria feito essa declaração polêmica sobre o Estado de Israel num momento em que falava de improviso, sem as anotações preparada por sua assessoria. Uma espécie de deslize ou escorregão verbal. As eventuais digitais de Celso Amorim, portanto, devem ser observadas durante sua fala cerimonial, quando leu o discurso preparado pelos assessores e não ao cometer o escorregão. Aliás, o discurso lido foi impecável.  

Editorial: A possível participação do crime organizado nas empresas de transporte regulares que operam na zona leste do Rio de Janeiro.



58,5% do território da capital do Rio de Janeiro está sob o controle das milícias ou do crime organizado. Batoré, um ex-policial militar expulso da corporação por desvios de armamentos para o crime organizado, foi morto num enfrentamento com forças regulares da Polícia Civil, atuando dentro da legalidade, com agentes de Estado. É preciso sempre fazer essa distinção, sobretudo nos dias atuais. Afinal, até recentemente, depois que o traficante Luiz Antônio da Silva Braga, mais conhecido como "Zinho", entregou-se à justiça, a própria Polícia Civil do Rio de Janeiro - a banda sadia, naturalmente - já havia detectado que vinte pseudos agentes de Estado estavam entre os que recebiam "mesada" do  traficante. Isso num primeiro levantamento. 

O percurso é o mesmo, assim como ocorreu com Ronnie Lessa, Adriano da Nóbrega. Antes de fundar o Escritório do Crime, Adriano da Nóbrega era um policial exemplar, primeiro lugar no curso de formação de sua turma no BOPE. Mas, voltemos ao caso de Batoré. Este editor ficou impressionado com o montante movimentado pelo chefe miliciano, apenas com a exploração de vans que atuavam nas zonas sob o controle de sua milícia. Para ter permissão para usar uma van de transporte coletivo na área era cobrado uma taxa mensal ilegal dos seus proprietários. As estimativas chegavam aos cinco milhões mensais somente com esse nicho de mercado, quando se sabe que eles exploram um número expressivo de outros nichos. 

Agora, através de uma série de reportagens do jornal O Estado de São Paulo, descobrimos algo ainda mais preocupante.Há índicios de que na Zona Leste, dentro de parâmetros licitatórios convencionais, concebidos pelo Poder Público Municipal, algumas empresa de transporte coletivo, suspotamente mantidas pelo crime organizado, estejam operando livremente. Somente no ano passado teriam sido repassados a quantia de R$ 800 milhões de reais para essas empresas, recursos públicos que seriam utilizados, entre outras coisas, com o propósito de lavagem de dinheiro do tráfico. 

Está tudo dominado. A suspeita existe há um longo tempo, os fatos nunca foram devidmente investigados, tão pouco devidamente esclarecidos até hoje. Não tivemos acesso às outras matérias publicadas pelo jornal, mas enaltecemos aqui o seu teor de utilidade pública, assim como uma matéria bastante aprofundada publicada pela revista Piauí, onde é investigada uma eventual participação das forças especiais na tentativa frustrado de golpe de Estado do dia 08 de janeiro. São os Kids Preto. Boa parte dos militares que estavam no entorno de Jair Bolsonaro tiveram formação nessas forças especiais. O próprio Jair Bolsonaro tentou, sem sucesso, por duas vezes, ingressar nesse agrupamento militar.    

Charge! Jean Galvão via Folha de São Paulo

 


domingo, 18 de fevereiro de 2024

Editorial: O curioso ( e não menos preocupante) caso da prisão do motoby Everton Henrique.



Esses temas sempre suscitam algumas controvérsias, mas, a rigor, a História indica que a origem da polícia no país está intrinsecamente relacionada aos famosos capitães do mato, aquele grupo miliciano de então, financiados pelos senhores de engenhos e fazendeiros para perseguirem e prenderem os negros fugitivos das lavouras de cana-de açúcar, em princípio, das fazendas de café posteriormente. Não seria improvável que outros historiadores possam apontar outras referências sobre a origem de tal instituição, mas, com certeza, esta versão é uma das mais próximas da realidade. 

Nos dias atuais, isso poderia explicar, por exemplo, porque um número tão significativo de negros são mortos em ações policiais ou cumprem pena nas penitenciárias brasileiras, em proporções escandalosamente bem maiores do que os de raça branca. Somete aqui em Pernambuco, num desses anos - salvo melhor juízo em 2022 - espantosamente, todos os mortos em ações policiais eram negros. Aqui em Pernambuco, igualmente, pelas razões históricas do longo processo de escravização e hegemonia política das velhas oligarquias no exercício do poder, forjou-se um aparato policial muito mais identifcado com o aparelho de Estado do que com a sociedade a quem deveriam servir.  

Pelo andar da carruagem política - e tomando como referência o ocorrido recentemente no Rio Grande do Sul, quando integrantes da Guarda Militar prenderam um motoboy negro que havia sido vítima de uma tentativa de assassinato por um homem branco - é possível que possamos generalizar essa análise no tocante ao perfil ou características do policial brasileiro. O caso alcançou enorme indignação da população, o que levou a Corregedoria da Brigada Militar a investigar as razões da prisão da vítima e não do agressor.

Segundo os últimos informes sobre o caso, o motoboy Everton Henrique já teria sido liberado. Agora compete à Corregedoria da Brigada Militar apurar as circunstâncias de uma abordagem policial, em princípio, desastrosa. Recentemente, o país passou por uma experiência política de perfil protofascista que apenas aguçaram essas idiossincrasias ou aberrações latentes à nossa formação histórica. O aparato policial, por razões óbvias, foi sensivelmente atingido pelo discurso de ódio que alimenta essas patologias políticas. O ônus a ser pago pela sociedade é muito alto.    

O xadrez político das eleições municipais de 2024 no Recife: João avisa a Gleisi que não aceitará um nome do PT como vice. Lula entrará nas articulações.



Houve um tempo em que a gestão do PT na Prefeitura da Cidade do Recife ficou como que atravessada na traquéia do ex-governador Eduardo Campos. Naqueles idos - lá se vão longos anos, por sinal - com o propósito de consolidar o "eduardismo" na política pernambucana, que funcionaria como uma espécie de plataforma ou trampolim para os seus projetos presidenciais, o controle político do Palácio Antonio Farias se inseria neste escopo. Durante aquele período, escrevemos diversos artigos aqui pelo blog tratando desta questão, alertando que a raposa política já estaria armando o bote, sendo prudente tomar as precauções necessárias. 

Possivelmente, tais observações foram negligenciadas e, depois de uma intervenção "branca" na gestão do então prefeito João da Costa, que sucedeu João Paulo, finalmente, o projeto de Eduardo Campos consolidou-se, depois das eleições municipais de 2012, quando o  então integrante do seu staff técnico, Geraldo Júlio, assumiu o comando da Prefeitura da Cidade do Recife. É curioso observar como o ex-governador Eduardo Campos não confiava plenamente no seu staff político, um núcleo duro que o acompanhava desde os bancos universitários. 

Mesmo acusando o choque, o PT, por aqueles idos, ainda reunia as condiçãos de desenvolver um projeto coletivo, de partido. Não o fez, optando pelo pragmatismo ou às aspirações de algumas lideranças de proa da legenda, com grande capilaridade política na agremiação, que optaram em ficar à sombra dos socialistas, priorizando os projetos pessoais. Quando muito, de nucleações, que ficariam conhecidos como queijos-do-reino, ou seja, vermelhos por fora e amarelos por dentro. Sempre registramos aqui a "resistência" das tendências mais orgânicas da agremiação, aquele PT ainda das bases, vinculados aos movimentos sociais, mas estes foram vencidos nas disputas internas pelo processo de oligarquização da legenda.  

Algum tempo depois, com o seu projeto presidencial já em curso, seria o próprio Eduardo Campos quem trataria de romper com a legenda, articulando-se com forças do centro e até do centro-direita do expectro político, concebendo que, naquele momento, e não totalmente equivocado,  o antipetismo seria a estratégia mais viável para se chegar ao Palácio do Planalto. Eduardo faleceu num fatídico acidente aéreo. O espólio político do pai foi assumido pelos fihos João Campos e Pedro Campos. 

Dizem até que Eduardo considerava Pedro com maiores pendores para a política do que o João. Depois de uma fase de "reticências" - o que seria natural se considerarmos a sua idade - João Campos toma gosto pela política, tornando-se o prefeito mais bem avaliado do país. João Campos assume a Prefeitua da Cidade do Recife, em 2022, com um discurso marcadamente antipetista. Chegou a insinuar que não aceitaria o partido em sua gestão. Como em política não existem nunca nem jamais, com o tempo, essa postura foi se modifcando e os arranjos do Palácio do Planato, em aliança com os socialistas, no plano nacional, moldaram um novo padrão de relacionamento entre o prefeito e o Partido dos Trabalhadores. 

Momento houve em que o socialista cedeu espaço na Prefeitura do Recife aos petistas apenas para "acomodar" os velhos companheiros socialistas pernambucanos na máquina do Governo Federal. Colocar o PT como vice na chapa onde ele concorre à reeleição, no entanto, trata-se de uma equação bem mais complexa, envolvendo alguns cálculos políticos de difícil equacionamento. A reeleição de João é uma mera transição para as eleições estaduais de 2026, quando o filho do ex-governador deve candidatar-se ao Governo do Estado de Pernambuco, cumprindo, assim, uma trajetória prevista em sua carreira política, muito semelhante ao legado deixado pelo pai. 

Isso signifca ter um controle absoluto sobre o que ocorrerá na Prefeitura da Cidade do Recife depois dos dois anos, quando precisará se desincompatibilizar do cargo. Se ele aprendeu alguma coisa com o pai - e até Lula acredita que ele aprendeu - João Campos não entregaria as chaves da prefeitura ao PT. Passando o carnaval no Recife, a Presidente Nacional do Partido, a Deputada Federal Gleisi Hoffmann, andou informando que as alianças locais que contaria com o apoio do Palácio do Planalto, necessariamente, passa pela indicação da vice pela legenda. 

Mesmo no período momesco, num desses intervalos das festividades, a presidente nacional da legenda teria mantido uma conversa reservada com o prefeito João Campos.  De acordo com fontes de um blog local, o prefeito teria feito questão de raticar que  a vaga de vice em seu projeto de reeleição não seria preenchida pelo PT. Segundo os escaninhos da política, o partido estaria sugerindo que a hoje senadora Tereza Leitão seja indicada como vice. Diante da recusa do prefeito, o morubixaba petista poderá entrar no circuito das negociações. Em política se consegue dá nó em água. Neste caso específico, no entanto, não acreditamos que Lula será bem-sucedido nas articulações. 

Ressaltamos aqui o exemplar comportamente do hoje Ministro dos Portos e Aeroportos, Sílvio Costa Filho, que, segundo dizem, também endossa a escolha de Tereza Leitão como vice na chapa de reeleição de João Campos. Independentemente de ser filiado ao Republicanos, aqui na província, o ministro vem assumindo posturas de vinculação orgânica aos interesses do Palácio do Planalto, o que é raro entre os nomes nomeados por Lula para ocupar cargos relevantes na máquina. 

Como se sabe, 2026 é agora. Hoje se tem como favas contadas, por exemplo, que o morubixaba petista será candidato à reeleição. O Palácio do Campo das Princesas, nas bastidores, manobra politicamente para criar embaraços aos projetos políticos do jovem prefeito socialista. Adversário político figadal da governadora Raquel Lira, o PDT acabou aceitando o convite para compor o governo, o que implicou, igualmente, em ajustes inusitados nas disputas políticas na Princesa do Agreste, reduto político tradicional da governadora. João Campos, por sua vez, não se descuida, celebrando acordos políticos que produzirão seus resultados em 2026, como a aliança com o grupo político da família Coelho. É curioso observar que nessas composição políticas do prefeito, onde já se vislumbra quem seriam os nomes que concorreriam ao Senado Federal, o PT também fica de fora.    

sábado, 17 de fevereiro de 2024

Editorial: Valdemar da Costa Neto proíbe que diretórios regionais utilizem recursos do fundo partidário para financiar caravanas para a manifestação de Bolsonaro.



Algumas experiências podem, realmente, produzir mudanças comportamentais inusitadas na vida de alguns cidadãos. Até recentemente, fizemos uma postagem por aqui onde falávamos sobre o silêncio obsequioso adotado pelo presidente do maior partido oposição do país, Valdemar da Costa Neto. Quando o indivíduo concede entrevistas abertas ou fala de improviso, acaba, inevitavelmente cometendo alguns equívocos, deslizes ou algumas destemperanças, movido pela temperatura do ambiente. Até recentemente, uma autoridade apontou o feriado de carnaval como uma das possíveis causas do relaxamanto da vigilância num dos presídios de segurança máxima no país, o que poderia de contribuído para facilitar a vida dos dois detentos que fugiram do local.O carnaval não tem nada a ver com isso, uma vez que à vigilância não é dado este direito de baixar a guarda durante os feriados. O presídio, inclusive, conta com quatro policiais penais para cada preso que cumpre pena ali. Uma situação privilegiado no contexto do sistema carcerário brasileiro. 

O próprio Valdemar, numa dessas entrevistas ao vivo - salvo melhor juízo concedida à Globo News, há alguns meses atrás - acabou cometendo uma dessas gafes. Em dúbio, pro silêncio. O mesmo se aplica ao presidente Jair Bolsonaro, ao convocar uma manifestação pública, num momento de grave crise e instabilidade institucional, sem ter um controle efetivo sobre para onde tal mobilização possa descampar. Conforme já comentamos por aqui, a proposta de que os que comparecerem não portem cartazes ou faixas alusivas a alguns desses temas nevrálgicos, nem Deus sabe se tal recomendação será acatada.  

Tal manifestação não vem num bom momento, com todas as autoridades públicas de olhos bem abertos, suscetíveis a qualquer ocorrência que possa ser um agravante da situaçao já complicada do capitão. Temendo futuras encrencas, o presidente nacional do PL, Valdemar da Costa Neto determinou que nenhum diretório regional da legenda financie alguma caravana para o encontro com dinheiro do fundo partidário. E, por falar em financiamento, um conhecido pastor bolsonarista tratou logo de esclarecer que irá custear do próprio bolso as caravanas organizadas por ele. 

O encontro acontece no próximo domingo, 25, na Paulista. O melhor seria que tal mobilização não ocorresse, evitando, assim, colocar mais lenha na fogueira da polarização que tomou conta do país. Este, no entanto, não é o mesmo raciocínio dos seguidores do ex-presidente Jair Bolsonaro. Neste caso, vamos torcer que a manifestação ocorra dentro de um clima pacífico, sem registro de anormalidades.    

Editorial: Enquanto a Polícia tenta recapturar os fugitivos, continuam as polêmicas em torno dos presídios de segurança máxima no país.



As discussões em torno dos presídios de segurança máxima continuam. No dia de ontem, discutimos por aqui uma informação que poderia suscitar algo que seria um grave problema do sistema carcerário brasileiro, ou seja, a proporção insuficiente de guardas ou agentes penais atuando nesses presídios, quando se toma como referência o número de apenados cumprindo pena. Causou uma certa inquietação neste editor uma das providências anunciadas pelo Ministério da Justiça no sentido de convocar novos agentes, possivelmente já aprovados em concurso, que aguardavam a nomeação. Alguns deles iriam atuar justamente em Mossoró, onde se deu a primeira fuga de presos de uma penitenciária de segurança máxima no país. 

A princípio, se poderia supor que um dos problemas do presídio seria o número insuficiente de agentes trabalhando naquela penitenciária federal. Hoje, no entanto, chega a informação de que, na realidade, haveriam 04 agentes para cada apenado que cumpre pena no presídío de Mossoró. Um número privilegiado, quando comparado ao grosso do nosso sistema carcerário. Segundo a resolução numero um de 2009, do Conselho Nacional de Políticas Criminal e Penitenciária, a proporção desejável é de um agente para cada cinco presos. 

O problema do presídio de Mossoró, portanto, não tem relação com essa proporção, por sinal muito mais do qua atendida. Existem outros fatos polêmicos. Alega-se, por exemplo, algumas falhas estruturais na construção da unidade, que não comportava um muro e as abertura para a instalação das luminárias, por onde os presos poderiam ter passado. Há de se perguntar com que objeto, dentro da cela, eles poderiam ter alcançado o teto? Como ambos teriam combinado entre si, se ambos estavam em celas separadas? Apenas a título de brincadeira para encerrarmos a postagem: Haveria alguma umidade nesta área e, aliado a isso, em algum momento, haveriam servido alguma patola de caranguejo durante as refeições? 

As buscas pelos fugitivos continuam, por enquanto no perímetro rural da cidade de Mossoró. Calcula-se que trezentos homens estejam mobilizados na recaptura dos prisioneiros. Um aparato impressionante está sendo utilizado, além dos recursos humanos. Uma verdadeira operação de guerra. Os prisioneiros já foram vistos em diversos locais, mas, por razões óbvias, não e pode confiar nessas informações. Aqui em Pernambuco, depois de uma onda de boataria, a população passou a ver até perna cabeluda.  

Editorial: Bolsonaristas raízes marcam presença na Paulista.


A princípio reticentes, os políticos mais identificados com o bolsonarismo estão confirmando presença no encontro da Paulista, no próximo dia 25. Já confirmaram presensa o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes. Por razões óbvias, todas eles tentam evitar a contaminação tóxica do bolsonarismo mais radical. Por outro lado, embora encrencado até a medula, Bolsonaro tornou-se um capitão eleitoral indispensável para alguns desses atores, todos com aspirações políticas para as próximas eleições. 

Pilotando um Estado com os melhores índices de segurança pública e com uma gestão muito bem avaliada pela população, Ronadlo Caiado não esconde de ninguém que almeja um dia sentar-se na cadeira do Palácio do Planalto. Tarcísio de Freitas já nos convenceu que realmente deseja renovar o cotrato de locação com o Palácio Bandeirante em 2026. Há aspirações presidenciais, naturalmente, mas tudo a seu tempo, ou seja, somente em 2030, quando teria que bater de frente com o nome ungido pelo morubixaba petista para sucedê-lo. 

Quem está mais próximo da linha de fogo mesmo é o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, que disputa a reeleição, inclusive com um vice polêmico indicado por Jair Bolsonaro, Mello Araújo, um militar que ja comandou a Rota, a tropa de elite da Polícia Militar de São Paulo. Existem outros nomes que estão postos para concorrer como vice na chapa encabeçada pelo prefeito, mas é quase certo que Bolsonaro consiga implacar seu afilhado. Militarista, Mello já fez algumas declarações polêmicas, que, certamente, serão exploradas durante a campanha. 

O país enfrenta uma crise institucional terrível. Em momentos assim, a bem do tecido republicano e democrático, o melhor a fazer pelos atores relevantes é atuarem como bombeiros e não como incendiários. É preciso baixar as armas e construir as pontes de uma conciliação mínima, com regras de convivência civilizadas. É neste sentido que, convocações como esta proposta pelo ex-presidente Bolsonaro, longe de diminuir a temperatura, pode nos conduzir a um ponto de ebulição que não seria o desejável.   

Editorial: À medida em que se aproxima o dia 25 de fevereiro, aumentam as preocupações sobre os desdobramentos da mobilização bolsonarista.



As autoridades públicas começam a esboçar as preocupações neturais sobre os desdobramentos do que poderia ocorrer na mobilização convocada pelo presidente Jair Bolsonaro para o dia 25 de fevereiro, na Paulista. Bolsonaro aparece bastante ponderado durante o vídeo em que convida seus apoiadores, sugerindo que seus eles não portem faixas ou cartazes contra pessoas e instituições. Alguém com o mínimo de bom-seno acredita que seus partidários obedecerão à recomendação do mito? Muito possivelmente, tal encontro será um forma de protesto dos apoiadores contra o que está ocorrendo com o ex-presidente. De mobilização, como se sabe, eles são bons. 

É exatamente o carisma ou capital político do capitão que tem o poder de mobilizar os apoiadores. Convocação sobre pautas difusas do bolsonarismo, sem a presença do líder, nos últimos meses tem se constituído num rotundo fracasso. As mobilizações com a presença do líder, por outro lado, têm, sim, mobilizado multidões de seguidores. Até mesmo a audiência da importunação da baleia, que já havia sido cancelada, provocou tumultos numa cidadezinha do interior paulista: São Sebastião. Uma entrevista sua, concedida ao Oeste Sem Filtro, alcançou a marca de 350 mil pessoas acompanhando simultaneamente, batendo os recordes da plataforma Youtube no mundo naquele momento. 

Autoridades públicas identificadas com o bolsonarismo, a exemplo dos governadores Ronaldo Caiado e Tarcísio de Freitas já confirmaram presença. O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, que monta uma frente ampla de apoios, a princípio, tentaria se esquivar, evitando, assim, ser jogado nas redes do bolsonarismo definitivamente. A estratégia não funcionou e ele já marcou presença na Paulista no dia 25. Com uma efetiva hegemonia nas redes sociais, todos os dias, desde que foi anunciado o encontro, os bolsoristas levantam a Hashtag #Dia25EuVou para o topo do trending topics Twitter Brasil. 

É sempre muito complicado conter uma multidão. Acompanhando o desenrolar dos fatos, o próprio Bolsonaro aparece em vídeo solicitando que as mobilizações não assumam um caráter de protestos por todo o país. O encontro está previsto apenas para a Av. Paulista. Andou circulando a informação, felizmente logo desmentida, de que as torcidas organizadas dos times paulistas estariam programando um encontro para o mesmo dia na Paulista. Uma dessas fake news "plantadas". Para evitar maiores complicações, voltamos a insistir na tese de que o melhor que Bolsonaro teria a fazer neste momento seria se recolher aos aposentos.  

Charge! Laerte via Folha de São Paulo

 


sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

Editorial: A banalização do mal das fake news.



Há uma série de estudos apontando as razões pelas quais as fake news atingiram tanta popularidade no país ou porque "pegam" tão facilmente junto à população. Na década de oitenta do século passado, um conhecido radialista, sem pauta para entrar no ar, atendendo a chamada do estúdio da rádio, inventou ou "plantou" a "informação falsa" de que na periferia do Recife estava aparecendo uma perna cabeluda atancando as pessoas. Foi suficiente para, no dia seguinte, aparecer contingentes expressivos de pessoas que haviam visto a tal perna cabeluda inexistente ou até apanhado de tal perna. 

Logo a fake news tomou ares de calamidade pública, contingenciando a polícia a enquadrar o tal jornalista, acusando-o de promover distúrbios públicos ou coisa parecida. O pessoal do campo jurídico que nos perdoem de algum equívoco por aqui.  O que nos estarrece nessa onda de banalização da boataria que tomou conta do país não é o fato de que um cidadão, que tem como ídolo o coronel Brilhante Ustra, tenha utilizado tal expediente como arma política para atingir seus inimigos políticos. Com o auxílio de um dos seus filhos, evidentemente.  

O surpreendente é que as fake news se tornaram práticas abjetas institucionalizadas, corroendo as instituições por dentro, assim como um câncer em estágio de mestátase. Perdemos muito terreno civilizatório neste sentido. Aqui entra a questão da "conveniência". Seja para a direita ou para a dita esquerda, trata-se de um expediente com o potencial de destruir a reputação de um adversário, de um desafeto,  de um inimigo, para sermos mais precisos. Não à toa que um determinado governador de Pernambuco, do campo da esquerda, mantinha entre seu staff político um grupo que compunha o chamado "Gabinete da Sacanagem", que se prestava ao deserviço de plantar ou espalhar notícias falsas contra os adversários.  Não se enganem os senhores. A esquerda também se locupletou de tal expediente ou se omitiu diante das injustiças cometidas por essas fake news

Ontem ficamos sabendo, através de informes, que nada menos do que um general de Exército de quatro estrelas teria, segundo apurou a Polícia Federal, em depoimento no bojo de delação premiada, incentivado a trupe de espalhadores de fake news a "malhar" um outro general, em razão de o mesmo se mostrar reticente às investidas golpistas. Aliás, a Polícia Federal, que está passando tudo isso a limpo, já sugeriu que os comandantes militares que recusaram a proposta indecente de apoiar um golpe de Estado.  Talvez tenha deixado de cumprir seus deveres cívicos de denunciar as artimanhas ou tessituras antidemocráticas que ocorriam nos corredores da capital federal. Poderia ter ocorrido aqui uma "omissão". Sinceramente? No caso do general Freire Gomes, o militar chegou a ameaçar prender o ex-presidente Jair Bolsonaro caso ele insistisse na sandice de tentar um golpe contra as instituições democráricas do país. Um sujetio com esta postura não pode ser, em nenhuma hipótese, acusado de omisso. Ao contrário, Freire Gomes teve uma atitude muito digna, legalista e republicana.     

Editorial: Caçada humana.



O Brasil possui cinco presídios de segurança máxima, onde as fugas de detentos, em tese, são impossíveis. Os presos sao mantidos em celas isoladas e seguem um protocolo de segurança que, de fato, em tese mais uma vez, inviabilizariam completamente a possibilidade de fuga. Mantido numa prisão similar, nos Estados Unidos, o ex-chefão mexicano do tráfico de drogas, Joaquín Gusmán, o El Chapo, é submetido a condições de restrições tão extremas, que está apresentando sérios distúrbios psicológicos. 

A cada nova revelação sobre o que poderia ter ocorrido no presídio de segurança máxima de Mossoró, no Rio Grande do Norte, no entanto, desvela-se alguns fios soltos neste enredo. Numa longa reportagem, publicada alguns meses antes da fuga, o jornal Tribuna do Norte, já alertava para os problemas de "segurança máxima" no presídio de Mossoró. Não vamos aqui nem entrar nos "detalhes" do eventual apagão das câmaras de monitoramento ou no achado das ferramentas que foram utilizadas pelas presos na fuga. 

Alguns dados, no entanto, são emblemáticos e reveladores. Uma das providências a serem tomadas é a convocação de novos agentes de polícia penal, que já teriam sido aprovados em concursos, e ainda não foram nomeados. Uma parte deles serão chamados exatamente para atuarem no Presídio de Mossoró. Em princípio, sugere-se uma admissibilidade de que o efetivo ora em serviço seja insuficiente, como ocorre, aliás, em todo o sistema carcerário brasileiro. 

Ontem foi divulgado que os detentos que fugiram pertencem ao grupo de "executores" do Comando Vermelho. Centenas de policiais, viaturas,  helicópteros e outros aparatos tecnológicos estão sendo utilizados nesta verdadeira caçada humana aos fugitivos. Na zona rural de Mossoró, uma chácara foi invadida, de onde foram subtraídos itens inerentes a quem está em fuga, como novas roupas, tênis e comidas. Faz todo sentido supor que se trata dos presos foragidos. Até então, eles ainda estariam com as roupas da penitenciária.

A Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara dos Deputados, hegemonizada por parlamentares da oposição bolsonarista e composta, majoritariamente, por militares e policiais, já antecipou que estará convocando o Ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski para uma audiência pública. O país já enfrenta alguns problemas nesta área nevrálgica de segurança pública, possivelmente agravados com episódios como este da fuga de presos de um presídio de segurança máxima.  

Editorial: Rui Costa na articulação política?



Segundo a coluna do jornalista Cláudio Humberto - sempre bastante inteirada sobre o que ocorre nos bastidores da política em Brasília - antes mesmo desta última viagem do presidente Lula ao continente africano, teria ficado ajustado que o atual Ministro da Casa Civil, Rui Costa, pode assumir a função de articulador politico do Palácio do Planalto junto ao Congresso. Por "ajustado" leia-se aqui a vaselina política empregada para aparar as arestas entre o Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e o atual Ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. 

Oficialmente, nada foi divulgado até este momento, sendo, portanto, prematuro fazer alguma conjuntura, por exemplo, se, mesmo na Casa Civil Rui Costa assume tais funções, assim como especular sobre o destino de Alexandre Padilha. Como se sabe, ambos são do núcleo duro do entorno do presidente Lula. Curiosamente bem assimilado pelo Presidente da Câmara,  a designação do nome de Rui Costa para assumir tal função encontraria resistência dentro das próprias hostes petistas.  

Nome que se projeta, num ciclo restrito, para assumir a condição de ungido pelo morubixaba petista para sucedê-lo a partir de 2030, seria até natural essa ciumeira interna. Na realidade, Rui Costa, pelas contingências do cargo que ocupa, de alguma forma, já vinha estabelecendo essas interlocuções com o Poder Legislativo. Voltamos a insistir que os entraves entre os Poderes Executivo e o Poder Legislativo não se resolverão apenas com a troca do nome dos interlocutores. São Problemas bem mais complexos. 

Lira trabalha incansavelmente para fazer seu sucessor na Câmara dos Deputados. Existem outros nomes na disputa e o Governo trabalha com a hipótese de apoiá-los. Muitos dos pleitos de Lira, hoje, dizem respeito exatamente em atender às demandas que possam favorecer o projeto de fazer seu sucessor, preservando seus nacos de pode na Casa. Contraditorialmente, com a faca no pescoço em nome dessa tal governabilidade, o Governo acaba cedendo nesses pleitos, fortalecendo o adversário.